Atingindo o auge da desobediência.

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Aurora fez exatamente o que Carolina havia aconselhado, tomou um banho quente e deitou-se, passou muito tempo dormindo, como havia chegado no fim da tarde só acordou durante a madrugada com seu estômago rocando por causa da fome, sua única refeição tinha sido aquela péssima antes de entrar no avião.

Sentou-se na cama enquanto sentia sua consciência voltar, havia sido um sono tão bom que nem aqueles em que a marca dos lençóis ficam na pele, coçou os olhos e alinhou os cabelos lisos, castanhos e grandes. Franziu o cenho olhando pela janela e vendo que já era noite, se esticou e pegou o celular certificando-se que o relógio já batia 1:45 da madrugada, sentiu-se confusa pois não sabia como funcionava o hotel e os horários de alimentação, mas tinha noção que em uma hora daquelas já estava tudo encerrado.
Pensou no que faria com a fome que sentia, não queria incomodar Mônica visto que a mulher dissera que dormia cedo, cogitou interfonar para a recepção porém lembrou-se que já estava fechada, pois o hotel recebia turistas e os turistas só chegavam de barco e naquele horário não havia nenhum de chegada.
A sua última opção era Carolina, mas a vergonha era maior que ela, olhava para a folhinha de papel que havia recebido tentando se encorajar, era anti ético mandar mensagem para alguém que acabou de conhecer aquela hora, por mais que fosse para pedir ajuda por causa de uma necessidade do seu corpo, ainda não se levava tão a sério.

Levantou e trocou de roupa, pegou a folhinha outra vez entrando no mesmo estado de repetir o número enquanto andava pelo quarto indecisa, em um pico de vontade salvou o contato de Carol e foi até o chat, não queria ligar pois o som da chamada poderia acordá-la caso estivesse dormindo, já o dá mensagem não.

"Oii Carol, aqui é a Aurora, a nova hóspede do hotel, lembra? Você está acordada?", enviou e jogou o celular na cama logo depois. Riu do seu comportamento, pois agora parecia uma adolescente que havia mandado mensagem para alguém que gostava, só precisava comer, não era nada demais, não tinha necessidade de agir assim.

Ao lado de Carolina a luz do celular acendeu e ela logo o capturou para ler a mensagem e tratou de responder rapidamente com um sorriso no rosto, Aurora tinha chamado ela, era uma vitória... Mesmo que para pedir ajuda.

Ainda chegou a digitar um, "Como eu poderia não lembrar?", porém logo apagou, pois achou a frase um tanto emocionada demais, não podia revelar que a beleza da morena havia ficado em sua mente e que ela torcia para que a moça a chamasse para fazer algo, qualquer coisa, absolutamente qualquer coisa... Carolina apenas respondeu um, "Oii, claro que lembro. Estou acordada sim".

Depois disso, Aurora pediu permissão para ligar para a mulher, onde já de início despejou mil desculpas por incomodá-la aquela hora e então foi diretamente ao ponto, pois se ela não falasse, o estômago dela falaria.
Em minutos Carol bateu na porta e antes de abrir a morena checou o seu estado, arrumou suas roupas e cabelos, respirou fundo e deu o seu melhor sorriso, ainda que tímido demais.

— Desculpa de verdade por te incomodar a essa hora. — Pediu novamente. — Mas eu não sabia pra quem ligar aqui.

— Está tudo bem, eu estava com insônia... Pensativa demais, ainda nem tirei a roupa do trabalho. — Apontou para si mesma mostrando o uniforme.

Foi então que a morena deu mais atenção a ele e percebeu que mesmo com a roupa de trabalho, Carolina conseguia ser bonita por demais, ainda que a blusa branca social amassada estivesse aberta em dois botões no busto, a calça preta colada no corpo, o cabelo ruivo amarrado em um coque bagunçado, mas tão bonito. Observou ainda mais detalhes, tipo o piercing na sobrancelha que ela tinha, as tatuagens no braço meio amostra agora mais perceptíveis... Se ficava bonita de uniforme, conseguia ficar bonita em qualquer roupa.

Bilhetes para Aurora - Lésbico. (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora