Um novo começo.

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— Você tá melhor, meu bem? — A ruiva perguntou encarando a namorada, logo após ela acordar totalmente agitada e suando frio, a primeira coisa que Aurora fez foi correr para o banheiro onde vomitou. Demorou a passar todo o seu enjôo e fraqueza, mas ela ainda seguia alegando uma dor de cabeça forte.

— Bem melhor, mas ainda dói. — Se jogou na cama enquanto mexia no celular, o remédio estava fazendo o seu devido efeito.

— E do enjôo? Isso tá com cara de ser ansiedade. — Suspeitou semicerrando os olhos.

— Mas eu tô de boa, não tô nervosa... — Negou com a cabeça, ela sabia o que era, seu sonho havia tido uma carga emocional enorme e por isso estava tão fraca ainda. — Acho chato que tenha me dado dor de cabeça logo no dia que a Helô chega. Eu quero muito vê-las, mas não tô surtando, é aquele friozinho bom na barriga, sabe?

— Ah que bom. — Sorriu. — Porque eu estou, eu estou surtando. — Confessou nervosa ofereceu as mãos para que a namorada pegasse e visse o quanto estavam geladas.

— Oxente e por que isso? — Franziu o cenho, ela tremia, então fez carinho na mão delicada.

— Porque elas são importantes pra você, eu ainda não surtei de vez porque a Juliana não vai vir agora, só na semana que vem... Mas é a Helô e faz tempo que não vejo a Valen. — Foi sincera dando um selinho na morena e voltando ao que fazia.

— A Helô vai gostar de você facinho, ela já gosta. É até capaz de eu ser trocada. — Acalmou a ruiva e ela assentiu.

— Eu espero que goste mais ainda. — Confessou insegura.

— E vai, tenha calma. É tudo uma questão de adaptação. — Disse em um tom paciente, sabia que se o laço delas não acontecesse de imediato, ela quem seria a mediadora daquela situação. — Em pouco tempo vocês já vão estar dançando, surfando e fazendo trilha juntas. — Fez a namorada rir, mas ainda sim o riso era um pouco cabisbaixo.

— Amor, posso te fazer um pedido? — Carol perguntou desanimada sentando na cama enquanto passava o creme nos cabelos úmidos.

— Claro, o que é? — Aurora se aproximou ainda mais.

— Eu queria ouvir um elogio. — Encarou a namorada com os lábios trêmulos, a morena ergueu as sobrancelhas achando inusitado.

— Eu estou deixando faltar? — Questionou estranhando, porque todos os dias fazia questão de namorar alguma característica de Carolina e citar ela sem nenhuma vergonha.

— Não. — Negou com a cabeça frenéticamente, estava pegando os trejeitos de Heloísa. — Não é isso. — Negou. — É que hoje eu não tô bem, eu não tô bem comigo. — Admitiu se rendendo ao abraço da namorada e se aconchegando no corpo dela.

— E o que aconteceu, meu bem? — Ela perguntou preocupada beijando o rosto da ruiva.

— Eu tô me sentindo feia. — Fez beicinho. — Eu não ligo para os corpos e as pessoas que são parecidas comigo, que tem as mesmas características, na verdade eu acho elas lindas, mas não sei em mim. Talvez seja um preconceito comigo. — Admitiu em sinceridade. — Nada tá bom, em meu corpo... Meus seios não são grandes, meu queixo é fino, eu sou cheia de sardas. Eu não pareço uma mulher adulta, eu gostaria de transparecer mais maturidade.

— Nada tá bom, meu amor? — Perguntou comovida e viu ela concordar. — Meu bem, tu é a mulher mais linda desse mundo todinho, não que eu tenha visto pessoa por pessoa, mas eu nem preciso pra poder afirmar. — Sorriu. — Teu corpo é tão harmônico, se tu soubesse que cada pequena característica sua combina e é interligada com a outra... Que parece que foi tudo planejado, de você ser assim porque se vinhesse de outro jeito não harmonizaria tão bem. — Beijou a testa dela. — E você transparece sim ser uma mulher adulta, mas só você não enxerga isso, Carol.

Bilhetes para Aurora - Lésbico. (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora