Família.

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Aviso de conteúdo sensível.

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— Eita, mas o que eu vou fazer com essas minhas duas doentinhas? — Carolina falou dengando as duas mulheres que estavam deitadas embaixo da coberta, abraçadas.

Não estavam bem naquela noite, o almoço havia sido perfeito, conversaram bastante e enrolaram de se despedir porque estava bom demais, comeram, dançaram e cantaram juntas, foi maravilhoso.

Valentina pediu permissão a Aurora para levar Heloísa ao cinema durante a tarde e a morena que queria ficar a sós com namorada para conversar, cedeu. Arrumou a menina, escolheram a roupa juntas e fizeram um penteado, Carol presenteou a loira com um par de brincos que eram seus e ela estava se achando maravilhosa, tanto que pediu a morena para que tirasse uma foto sua para guardar.

Assim que Helô saiu do quarto, Carol logo se sentou à mesa porque já sabia do que se tratava e decidiu explicar sua visão e vontade logo de início, queria quebrar qualquer dúvida ou suposição que Aurora tivesse criado, não era um diálogo pesado, mas era extremamente sério.

Decidiram que seus interesses e sentimentos eram os mesmos, só que adotar alguém não é fácil, não é brincadeira, não é uma decisão que você toma da noite para o dia e já realiza, é necessário colocar todos os pesos na balança e Aurora queria saber como a ruiva havia chegado nessa conclusão.

Carolina fez questão de salientar que não estava fazendo aquilo por Aurora, até porque relacionamentos podem acabar e um filho é algo que se tem até o final da vida, a menos que você fuja das suas responsabilidades como responsável, então fez questão de mostrar que sentia vontade pelo amor que já crescia pela menina.
Teve lá seus momentos a sós com ela, sem a companheira, e foram memórias que com certeza gravaria em seu coração e que lhe acrescentariam. Gostaria de compartilhar da criação da menina sim, de levá-la para passear, de prover as coisas para o seu desenvolvimento, de dividir momentos não só bons como os ruins também, queria participar dos seus gastos, das suas lições de moral para uma construção de uma Heloísa melhor, da sua educação e das coisas que pais faziam no geral.

Expressou que teve certeza dessa decisão quando precisou deixar a namorada sozinha com ela, antes duvidava, mas assim que se sentiu desesperada no trabalho, com a necessidade de checar o estado de saúde da garota, entendeu então o sentimento ali. Havia ficado agitada durante todo o dia, checava o relógio contando os minutos para o expediente acabar, pensou em jeitos de agradar a menina, mandava mensagem para Aurora perguntando como ela estava de hora em hora.

Carolina queria ser mãe, queria ser chamada de mãe e queria ouvir isso saíndo da boca de Heloísa.

Precisou de muito para convencer a namorada, pois não queria que fosse uma atitude impensada até porque quem sofreria com isso seria Helô, mas Carol teve total paciência porque entendia a preocupação e até falou a frase mais dolorosa de todas, que se caso terminassem o relacionamento, ela iria sim continuar a querer cuidar da loira.

Precisavam da ajuda e da opinião de alguém mais velho, experiente, chamaram Mônica que foi na mesma hora, a conversa ficou ainda mais real, ela deu a sua visão sincera, disse que filho era uma coisa séria, mas sabia o nível de maturidade da nora e da filha para lidar com as suas responsabilidades, se consideravam essa opção era porque realmente queriam.

A mulher aconselhou que as duas fossem sinceras com Heloísa e contassem suas reais intenções, apesar de se comportar como criança, já era de maior e tomava suas decisões de vida, mesmo que de um jeito arriscado, conseguiu sobreviver a seis anos na rua sozinha, conseguiria falar sobre seus sentimentos com o casal.

Mônica sabia que sua filha não era mais uma adolescente e que tomava suas próprias decisões, que em um momento ia seguir com sua vida, ia sair do seu teto e parar de comer da sua comida, só se assustou porque não imaginava que estivesse tão próximo assim.

Bilhetes para Aurora - Lésbico. (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora