Em seu devido lugar.

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— Como que o amor das nossas vidas está se sentindo hoje? — Valentina apareceu na porta e observou a cena.

Heloísa havia recebido alta faziam-se alguns dias, o processo de extubação havia sido demorado demais, bem mais que o normal, mas a menina obedeceu a mãe, apenas um passo de cada vez nada mais do que aquilo que ela sabia que aguentava, então, ela dava apenas o necessário todos os dias, pois era somente aquilo que conseguia oferecer.
Ela estava progredindo aos poucos, mas progredia.
Em pouco tempo a sonda foi retirada também, incluindo os pontos na sua cabeça para que a cicatriz conseguisse fechar sozinha, logo após isso a menina recebeu sua alta e foi levada para "casa".

Todos os dias tinha a visita de um psicólogo, afinal todos esses eventos haviam sido traumatizantes, ainda acumulando com as coisas passadas antes mesmo da descoberta da doença, o psicológico da menina precisava ser observado e cuidado assim como a sua saúde física. Também fazia fisioterapia, muito tempo deitada na cama fazia com que as articulações começassem a enrijecer causando também a falta de costume para fazer os movimentos sozinha, além da fraqueza, já que perdia peso mais rápido. Heloísa estava aprendendo novamente a comer sozinha, a andar sozinha e até mesmo a falar outra vez, visto que estar com a boca aberta durante um mês inteiro fez com que seu maxilar travasse, afinal o tubo atravessava a sua garganta impedindo-a de fechar a boca... Precisou também de um tempo para recuperação, ainda estava nesse processo, depois de fechada era necessário fazer exercícios para que as articulações do seu rosto voltassem a ter o cosume de abrir e fechar a boca toda hora, utilizamos ela bem mais do que imaginamos.

— Tá de dengo, tá adorando ser mimada assim. — Aurora que dava iogurte na boca da menina fez todo mundo rir, incluindo ela, pois assentiu levemente com a cabeça. Nada de movimentos bruscos, mas não perdia suas manias.

— Ótimo, ótimo. Melhor de dengo do que de mal humor. — Entrou para o quarto e fechou a porta, se aproximando da menina. — E como passou a noite, sentiu dor? Conseguiu dormir?

— Reclamou de dor nas costas, mas conseguiu dormir. — Carolina respondeu limpando a boca da menina.

— Normal, é por causa da posição, já que não pode deitar. — Heloísa precisvaa manter a cabeça erguida, então quase dormia sentada. — Mas pelo visto, isso não vai durar muito tempo. — Falou em um bom humor olhando a cicatriz da menina. — A cicatriz ta fechando, já temos alguém aqui com os cabelinhos espetand minha mão em, bom sinal. — Encarou a menina que não continha a felicidade, dava para ver a alegria em seus olhos brilhantes. — Ótima recuperação, princesa, está indo muito bem. — Deixou um beijo na testa dela.

— Ainda bem, chega dói em mim ver ela com a dor... Pra levantar e ir ao banheiro é uma luta. — Carolina comentou.

— Imagino, mas é o mesmo processo, ficar deitada em uma mesma posição o corpo acostuma. Mas do jeito que a cicatriz já está sequinha, vai dar pra ela deitar de verdade em poucos dias, e em um tempo depois vai poder sair um pouquinho pra passear. — Deu uma piscadela e com dificuldade Heloísa bateu palmas fracas em comemoração.

— Você já vai começar aqui? — Aurora perguntou.

— Não, consigo esperar. — Informou para a melhor amiga que assentiu, fazia as visitas matinais para auxiliar a fisioterapeuta nas sessões com a menina.

— Eu ia pedir um tempo mesmo. — Riu rapidamente. — Ela acordou morrendo de fome hoje e começou a comer agora.

— Fui em três supermercados e nenhum tinha o iogurte que ela queria, vou ter que fazer um estoque da próxima vez. — Carolina negou com a cabeça.

— Eu agradeceria. — Heloísa se pronunciou fazendo as três mulheres rirem, a voz saiu arrastada e dificultosa, pois seus dentes estavam cerrados, fazendo força os superiores contra os inferiores, porque o maxilar ainda estava rígido.

Bilhetes para Aurora - Lésbico. (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora