Bilhetes para Aurora - Lésbico. (CONCLUÍDO)

Fique bem logo.

Aviso de conteúdo sensível.

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— Helô entrou agora na sala de cirurgia, eles já irão começar. — Valentina avisou. — Só vão poder ficar aqui Carol e Aurora, daremos prioridade a elas. — Seu olhar se direcionou a Juliana e a Eduarda que assentiram com a cabeça. — Eu não vou retornar com o medicamento em ti, Cariño... Mas como vou permanecer para ajudar em um paciente que tem aqui, eu irei me encarregar de vir trazer a refeição de vocês com a especial de Aurora, que vai ter que mudar a dieta. — Beijou a testa das duas mães que seguiam com os olhares tão perdidos. — Sentem-se ai, temos algumas horas pela frente. — Sugeriu se afastando. — Força, ela vai sair dessa.

— Valentina. — Carolina chamou atraindo os olhos da médica. — Obrigada viu. — Agradeceu até mesmo pela noiva que estava em um estado alheio demais.

Eles dizem que meu sistema está sobrecarregado

Eu estou muito pensativa, você notou?

Meu corpo está aqui na Terra, mas eu estou flutuando

Desconectada, então, às vezes, eu me sinto congelada e sozinha...

O tempo passou, a cirurgia havia começado antes mesmo do sol cair, agora já era madrugada e a ansiedade corroía as duas mulheres mais velhas, as mensagens que recebiam no celular esperando por notícias faziam com que elas se ativassem ainda mais, nada nem ninguém aparecia, Valentina havia sumido porque estava trabalhando, aceitou acompanhar um caso de última hora e disse que aproveitaria disso para descobrir notícias sobre Heloísa, o desespero era grande, mas não conseguiam fazer nada para cessá-lo.

A amiga médica apareceu um tempo depois com as comidas na mão e percebeu que iria preciar fazer um esforço a mais, Valentina não sentiu vergonha nenhuma em ajudar o casal que estava totalmente desolado, sentou-se no chão gelado daquela sala de espera e fez o seu papel, abriu as duas marmitas e passou a dar comida na boca das duas mães enquanto tentava distrai-las, conversando sobre diversos assuntos e até sobre coisas de Heloísa... Ela sabia de informações, mas não cabia a si falar, ela não era mais médica da menina por enquanto, precisou agir com seriedade.

O que havia descoberto era que o tumor da menina tinha começado a sangrar causando uma demora bem maior na cirurgia e talvez um risco maior em relação a ela ficar com sequelas, trazer aquela notícia naquele momento só ia fazer o casal chorar ainda mais aumentando a ansiedade das duas, preferiu não o fazer e agir corretamente... Se fossem boas notícias, certamente daria.

Valentina insistiu o tanto que dava para que elas comessem e conseguiu fazer que as duas consumissem ao menos metade daquelas marmitas, se despediu e passou a voltar toda vez durante os intervalos que tinha para descanso, sempre com um café, um cobertor ou água, as mulheres seguiam acordadas e claramente cansadas.
Levantavam, sentavam, andavam pela sala que parecia diminuir a cada hora que passava, mas nada de notícias, observavam as pessoas que estavam ali chegando e indo embora, sentiam inveja.

Seguiram unidas, as mãos sempre dadas e davam um aperto a mais quando a ansiedade apertava, trocavam palavras, olhares e pedidos para calmaria, tentavam se apoiar e se ajudar, estavam sendo a rocha necessária uma para a outra.

Não deixavam de acreditar, nunca.

Até que surgiram na porta, Luis, Patrícia, Úrsula e Valentina, com seus macacões típicos de sala de cirurgia e rostos totalmente inexpressivos que fizeram o casal levantar para recebê-los.

— Boa noite, vinhemos dar notícias sobre o estado de Heloísa. — A doutora Úrsula se pronunciou.

— Muito prazer, sou o neurocirurgião, me chamo Luis... — Se apresentou brevemente oferecendo sua mão.