Dengo fixo.

292 20 0
                                    

— Carolina! Se sua mãe pega a gente... — Comentou gargalhando ao sentir as mordiscadas da ruiva em seus ombros.

— Pega nada, amor. Mãe deve tá no 13° sono. — Apertou mais a cintura da moça e seguiu mordendo-a.

— Você tá me desconcentrando! Eu não tô conseguindo nem descascar um alho. — Resmungou em puro drama, estava adorando ser tratada daquela forma.

Desde que haviam acordado, foi embora todo o clima de que se conheciam a pouco tempo, dando espaço para uma intimidade absurda e uma abertura maior para carinhos. Aurora já havia sido acordada por beijos e elas seguiram deitadas juntas, despidas, sem nenhuma vergonha. Ainda era madrugada e a ruiva reclamava de fome, então tiveram a ideia de invadirem a cozinha escondidas, outra vez.

— Deixa eu te ajudar. — Ela tomou a faca de Aurora e começou a picar o ingrediente, prendendo a mulher entre o balcão e ela, apoiou sua cabeça por cima do ombro da morena.

— Um jeito novo de cozinhar. — Comentou e ruiva riu, mas não deixou Aurora sair dali, em uma quase encoxada.

— Assim eu aprenderia qualquer receita. — Carolina admitiu, aproveitando a posição para desfrutar de Aurora, suas mãos ainda se moviam cortando o alho, porém sua boca já desbravava o pescoço da moça.

— Você vai acabar é se cortando, isso sim. — Ela respondeu rindo e se arrepiando por causa dos beijos. — Pare antes que você comece a me atiçar ou que você se corte.

— Eu não vou desobedecer as ordens de uma chef de cozinha. Manda quem pode, obedece quem tem juízo. — Ela soltou a faca voltando a beijar mais languidamente o pescoço moreno, fazendo Aurora gargalhar pois achava que ela iria largar os beijos e não a faca.

— Eu disse na intenção de você largar o meu pescoço. — Respondeu tentando não demonstrar tanto derretimento aos carinhos.

— Não querendo desmerecer a cozinha, mas prioridades né. — Pronunciou já se desculpando, se impressionando com a risada tão bonita que Aurora liberava.

Sua voz era doce, ela tinha o sorriso bonito, quando gargalhava normalmente pendia a cabeça para trás e segundos depois tapava a própria boca na tentativa de se censurar. Carolina conseguia fazer graça só na intenção de ser agraciada novamente por aquele som.

— Você é boba. — Ela respondeu negando com a cabeça.

— Por você? Totalmente. — Sussurrou em declaração.

Toda vez que Carolina falava aquele tipo de coisa, Aurora sentia seu íntimo se remexer e as borboletas enlouquecerem em seu estômago, agitadas... Como pôde achar alguém que combinava tanto consigo?

— Tá, agora eu vou te ajudar verdadeiramente. — Parou de fazer graça, voltando a pegar a faca. — Como foram os seus últimos relacionamentos, Aurora?

— Hum... — Respondeu pensativa sentindo a ruiva parando de encoxá-la e dando a liberdade para que ela saísse ali do meio. E ela assim o fez, se posicionando do outro lado, perto do fogão. — Eu só tive dois relacionamentos sérios, o primeiro teve amor e não teve tranquilidade, o segundo teve tranquilidade e não teve amor.

— Como assim? — Ela parou para olhar a morena.

— Amor, eu tomei tanta gaia no meu primeiro relacionamento que até hoje eu tenho que baixar toda vez que passo embaixo de uma porta pra não correr risco de bater as pontas ou empacar e não entrar no local onde pretendo. — Comentou simples passando a mão na cabeça, Carolina gargalhou tão alto que se engasgou.

A situação era triste, a morena havia confiado em alguém e tinha sido enganada, não havia graça alguma naquele tipo de atitude, porém, o modo em que ela levou em um bom humor e expressou como se já tivesse superado, isso sim havia trazido comédia para a situação.

Bilhetes para Aurora - Lésbico. (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora