Eu amo mais vocês.

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Depois dessa ventania o temporal

Fez da nossa vida Um mundo desigual

Qual é a tua?

O teu segredo?

Me diz como eu vou decifrar...

Heloísa estava deitada tomando seu leite com achocolatado de todas as manhãs, ganhou um tipo de copo que tinha quase a mesma dinâmica da mamadeira e haviam permitido ela a usá-lo porque nunca teve a oportunidade, sempre demonstrou uma extrema vontade e entendia que a decisão de parar vinha dela, sabia de suas escolhas.

A mão estava pousada na barriga grande da mãe, Aurora tentava se acalmar conversando com a filha e sentindo o carinho, volta e meia a loira se erguia e dava um beijo no abdômen moreno, passava o dedo, fingia que eles eram perninhas, mas sempre tornava a fazer carinho.

— Tem alguém querendo chegar. — Ela brincava sussurrando.

— Pois mande ela sair logo, Helô. — Aurora riu. — Porque tá difícil aqui pra mim. — Sentia dor, as contrações só estavam aumentando cada vez mais e ela apertava as pálpebras com força, ainda não estava na hora de ir. — Eu quero muito ir no banheiro, você ajuda a mamãe? — Questionou e a menina assentiu largando seu copinho com o líquido em cima do pequeno armário e apoiando a mãe, primeiro colocando-a sentada.

Heloísa se mostrou extremamente prestativa durante toda a gestação, na ausência de Carolina era ela quem assumia as rédeas da situação, sem nenhum medo, sempre em atenção, sempre com cuidado, ajudava Aurora em absolutamente tudo o que podia, até mexer com as panelas já havia mexido. Os macarrões instantáneos que a morena sentia vontade de comer durante a madrugada eram todinhos feitos pela menina.

Foi só se sentar que tudo piorou, Aurora passou a respirar fundo e rápido, levou a mão a barriga para sustentar e deixou-se ser puxada por Heloísa que a colocou de pé com um pouquinho de dificuldade, afinal todo mês piorava. Ao tentar andar, a morena notava que a dor aumentava e que estava no meio de uma contração forte, seguia na respiração treinada e ensinada pela médica.

— Mamãe! — A menina disse assustada apontando para as pernas morenas e somente então que Aurora percebeu, passou a sentir o líquido escorrendo em sua pele, a dor estava tão forte que nem sequer havia notado.

— Amor! — Chamou a esposa em uma agunia. — Corre aqui! — Paralisada as duas estavam e ficaram, a menina loira não sabia o que fazer.

— O que foi? — Carolina gritou enquanto suas passadas dentro da casa eram ouvidas bastante brutas, ela estava correndo e chegou acabando com tudo no quarto, abrindo a porta abruptamente em preocupação.

— Chegou a hora. — Aurora avisou. — A minha bolsa estourou. — Seguiu ali imóvel.

E a verdade é absurda no plural

Mas pra mim, honestamente, isso é normal

Na minha onda, teu oceano

Me ensina como navegar...

— Meu Deus, a bolsa estourou. — A ruiva colocou as mãos na cabeça em desespero, até a mulher que estava em seu momento de dor, riu. — A bolsa estourou. — Repetiu perdida. — Calma! Calma. — Parecia que dizia para esposa, mas estava era falando para si. — Eu me preparei pra isso, a gente se preparou pra isso. — Disse repassando as informações.

— Meu amor, vamos. — A morena deu um caminho para a mulher pálida.

— É isso, vamos. — Informou procurando a bolsa com as coisas que Aurora já tinha preparado. — O carro! A gente tá sem carro. — Pareceu lembrar colocando a bolsa no ombro. — Luna, mulher, tu não estava programada pra hoje, o que é que tu quer adiantada desse jeito? Logo numa noite de sábado? — Questionou como se a filha fosse capaz de escutar.

Bilhetes para Aurora - Lésbico. (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora