Anjo bom.

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— Quer conversar? — Carolina perguntou com as bochechas coradas.

— Sobre o quê? — Questionou um pouco alheia.

— Você tá me olhando assim, tô com vergonha. — Fez a namorada rir, mas seguiu com os olhos na estrada.

— É que você fica bonita demais dirigindo, vou elogiar assim porque agora não quero usar nenhum elogio pejorativo. — Agora Carolina quem riu. — Linda demais, eu viajaria o mundo inteiro assim do teu lado, só te olhando dirigir. — Declarou encantada e deu um beijo no ombro da mulher, voltando a se sentar como estava.

Seus olhos brilhavam, era uma bela visão, a luz amarelada do pôr do sol pintava a pele polvilhada da ruiva, dava ainda mais brilho aos seus cabelos vermelhos deixando tudo tão mais harmônico, a boca ficava até mais pigmentada em um rosa quase vermelho. Estava dispojada, parecia bem menos tensa.

— Obrigada meu amor. — Sorriu em resposta. — Você está bem? Está tudo bem? Sem dores de cabeça ou enjôos? — Questionou.

— Hum... — Pensou. — Tudo certo, só estou lutando contra os pensamentos intrusivos, o dia de hoje teve uma carga emocional muito grande. Um pouco zonza, nada demais. — Aurora disse em um tom calmo, baixo.

— Por esse motivo perguntei, talvez isso te deixe um pouco tensa ou cansada emocionalmente. — Explicou. — Está com soninho? — Seu olhar foi rapidamente nela que fechava os olhos vez ou outra.

— Um pouquinho só, mas não vou dormir. — Confessou pegando uma garrafa de água para beber.

— Se eu ligar a rádio vai te incomodar? — Carol questionou em atenção.

— Não, amor. Pode ligar. — Aurora concordou e ela assentiu sorrindo como uma criança que havia ganhado um doce.

E então ela fez o que pediu, apertou no botão e mudou até achar uma estação de rádio legal, deixou uma de reggae nacional tocando e o mais impressionante era que conhecia todas as músicas.
A estrada foi deixando de ficar atrativa para Aurora que agora só conseguia dar atenção a namorada, parecia estar em outro estado de espírito, o sorriso não saía do rosto e ela cantava de um jeito tão bonito, curtindo realmente a melodia da música e se balançando.

— Você é realmente muito eclética. — A morena comentou fazendo ela rir.

— Bastante. — Concordou com a cabeça.

— É bonito ver o quanto a música é realmente significativa pra você, é bonito te ver sendo tão tocada. — Comentou cruzando as pernas. — Você realmente é toda arte, mesmo sem querer, meu amor. — Lembrou da frase que Carolina tinha tatuada no trapézio.

— Eu assisti um filme esses dias com a Helô, se chama Soul... — Coçou a bochecha e voltou a segurar no volante. — Tem uma parte nele onde é meio que um lugar onde as almas ficam, ai aparece as almas de músicos flutuando quando entram em contato com a música, como se eles fossem transportados para um lugar inexplicável enquanto tocam ou cantam algo. — Ela sorriu. — É muito bonitinho ver que eles sentem as canções, com os olhos fechados, é tocante. Eu me senti extremamente bem representada na hora. Gostei dessa visão, gosto de acreditar que vou pra esse tal lugar quando estou assim do jeito em que observou, realmente me sinto flutuando, o coração até bate mais em calma, a mente relaxa.

— Afinal isso é sentir a música verdadeiramente, não? — Perguntou concordando com aquela visão.

— Sim. — A ruiva assentiu. — Inclusive essa daqui vai pra você! — Disse eufórica aumentando o volume do som, nada muito considerável, passou a cantar.

Tão longe de você

Mas eu vou voltar, ó meu amor

Não se esqueça de mim...

Bilhetes para Aurora - Lésbico. (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora