twenty-one

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Olhei Mitty, se todos estavam na Zuera, pq apenas eu e ele fomos pegos. Quer dizer, presos. Ele se deitou na cama e olhava pro teto, espero que não surte sem suas drogas.

— vamos conversar? — se virou pra mim.

— não — sorri olhando as unhas saírem o esmalte.

— como foi sua infância?

— não acha que já começou a pegar pesado? — me deitei.

— só uma pergunta.

— tenho certeza que sua infância não foi pior que a minha.

— quer apostar? — sorriu.

Aquilo me intrigou.

— 4 pizzas, a escolha do ganhador.

— feito — esticou a mão.

— não vou pegar na sua mão — encarei — não sei onde vc pôs ela.

— pus onde vc vai cair de boca um dia — começou a rir.

— seu idiota fedelho! — fiquei emburrada.

— tá vamos começar, se não o tempo não passa — ele respirou fundo, e pôs os braços atrás da nuca.

— eu sempre fui a garotinha da mamãe, mas nunca do papai, até pq eles são separados, a gente sempre brigava quando eu ia pra casa dele, ele culpava minha mãe pelo Krass começar nas drogas, mas não era vdd, a culpa nunca foi dela, e sim dele, real, ele é um pé no saco.

Mitty tossiu e focou em mim, prestando atenção.

— pq a culpa é dele?

— pq quando eles se separaram eu era bem pequena, tiveram guarda compartilhada, e ele morava meio perto de casa, e o Krass passava mais tempo com ele, mas o meu pai começou a mudar, e o Krass começou a ter crise de ansiedade, e voltou a ficar mais com a minha mãe. E quando ele fez treze anos ele começou a usar drogas, e quando meus pais descobriram, meu pai bateu nele, Krass ficou roxo por vários dias, e sem falar com ninguém. Meu pai culpou minha mãe e disse que eu teria o mesmo caminho, e ela entrou com uma medida protetiva, pra ele ficar longe da gente, já que nos exames feitos no laboratório, constou que Krass teria sido espancado — comecei a me emocionar, que história meus amigos.

— pesado, bem pesado — disse — pode continuar, temos a noite toda.

— aí o krass se afundou mais e mais nas drogas, começou a compor músicas, e a controlar o vício. E aí as coisas pesaram pro meu lado, meu pai queria que eu usasse vestidos, sandálias, nunca passar maquiagem, entrar em cursos de desenhos e pinturas, e me formar em medicina ou veterinária, eu gostava da idéia, mas ele queria me controlar e eu fui contra, então ele ergueu a mão pra mim, quando eu fiz dezessete anos e iria entrar na faculdade, eu disse que não ia cursar nenhuma das sugestões dele, ele mesmo poderia fazer, e que eu ia me formar em fotografia.

— ele te bateu?

— não, ele não relou a mão em mim, e depois desse dia, eu o vi raramente, me formei, ele não foi, e eu vim embora e ele não sabe.

— infância conturbada — ele se levantou, e veio até mim, me sentei, e ele se sentou ao meu lado.

— agora vc, como foi sua infância — ele fez massagem em meus pés.

Que droga Mitty!

Meu Novo Vício - Chase Atlantic Onde histórias criam vida. Descubra agora