Forty-one

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Ele me fez sentar na cama, e se sentou com a bandeja em seu colo.

— tem pão com requeijão e salame, frutas, uma gororoba que a Casilda fez, dizendo ser uma receita que viu no desenho Marsha e o urso.

— parece aquele mingau de aveia que o urso faz pra ela — vi a textura não me desse na garganta.

— parece cola branca de escola vencida a anos— começou a rir mexendo a colher na pequena travessa.

Eu comi um pão e tomei um pouco do chá que ele me trouxe. Não seria esse CHÁ que eu adoraria provar, se é que me entendem. Mas enquanto não ganho, me contento com esse de ervas kkkkkk.

Ele deixou tudo sobre a cômoda novamente e ligou a tv.

— o que acha que vai fazer?

— eu? Por um filme pra gente ver.

— a gente? No caso, eu e vc?

— é, eu e vc, ou quer chamar teu best friend pra assistir? — me olhou e pôs na Netflix.

— não seria uma má idéia, né?

— "cê" tá brincando né?

— é claro que eu tô, essa cama mal cabe eu, quem dirá dois machos nela.

Me ajeitei na cama e enrolei meu pezinho na coberta, e me encobri até o pescoço, um pouco mais e só ia aparecer meus olhos.

— qual filme vc quer? — sorriu de canto.

— tudo menos 364 dias.

— 365!

— um dia a menos e daí? — ri e te olhei de baixo em cima.

Ele pôs a mão na cintura, e foi procurando lançamentos.

— tem esse — clicou na capa.

— Nick e Noah? — reconheci, recebi tanto spoiler (isso não se faz).

— não sei, nunca assisti.

— ela é meia irmã dele, não de sangue, é que a mãe dela, casa com o pai dele e aí vivem um romance proibido e tals.

— já assistiu? — ele riu irônico e se sentou em meu lado.

— não, eu vi numa plataforma de vídeos, é, que as pessoas amam estragar a expectativa de ver pela primeira vez.

— aí vc parava pra ver os vídeos e aí descobriu o filme todo.

— realmente... — abri a boca de sono.

— não brinca.

— aham?

— está com sono?

— teu chá me deu sono — disse sem pensar OH DEUS!!

— meu chá não te deixaria com sono, eu aposto kkkk — pôs o filme e se enrolou na coberta.

— só experimentando pra saber.

— quer? — fez uma expressão safada e atiçante.

Fiquei em silêncio, ele foi se deitando e se deitando aos poucos, quando vi ja estávamos de conchinha, vendo o filme, fui adormecendo, e puf...

— Pietra? — sussurros ao pé do meu ouvido.

— hmmm... — resmunguei baixo.

— acorda já é hora do jantar — a voz de Mitty parecia uma canção de ninar.

— o que? — ergui a cabeça com tudo e acertei na boca dele.

Ele gemeu com quase um berro, e pôs a mão nos lábios, vi escorrer um sanguinho raso, e ele fechar os olhos, devia estar doendo muito.

— PUTA QUE PARIU!!! — ele se levantou da minha cama rápido e foi ao banheiro.

Eu fui logo atrás meio preocupada, será que quebrei um dente? Ou ficou sem um pedaço da língua?

— Mitchel, tá bem? — falei na porta.

Ele abriu e tirou a mão da boca, ela estava inchada, mas tão rápido, poxa. E estava com os corinhos do corte a vista em seus lábios.

— olha bem pra isso e me diga se eu estou bem? — ele falou sério.

— tirando o corte, o inchaço, e a dor. Sim? — fiz uma cara de sem graça.

Pq eu realmente fiquei sem graça.

Ele apenas balançou a cabeça e coçou a nuca, entrando pro banheiro e pegando muito papel higiênico e pondo na boca.

— vamo pra sala, eles vão jantar.

— sério, eu jurava que vc tava brincando.

— não, não tô, vc dormiu igual uma pedra, ficamos com dó de te acordar mais cedo, só que vc entrou em coma induzido, aí tivemos que acordar de verdade, ou ia ficar sem janta.

— acho que vc deveria ter me acordado um pouco mais longe, tipo com a cara, mais longe da minha cabeça.

— e como caralhos eu ia adivinhar que vc ia me descer a cabeçada na boca?

Ergui meus ombros e puxei meu roupão flanelado e o vesti.

Meu Novo Vício - Chase Atlantic Onde histórias criam vida. Descubra agora