thirty- two

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Passei o resto da noite trancafiada lá. Até que bateram novamente na porta, e já estressada com tanto "toc toc", eu abri.

— qual foi caralho? — disse séria e olhando firma para a pessoa em minha frente.

— viu o Mitty? — Patrick me olhou e sorriu ingênuo.

— não, eu não vi o Mitty, e também não faço idéia de onde ele esteja, mais alguma coisa?

— não.

Ele se virou e estava indo, mas aí eu me sufoquei com a curiosidade.

— mas ele tá muito tempo sumido?

— pq a preocupação?

— só curiosidade mesmo!

— depois que vc entrou aqui, ele sumiu, já assamos marshmallow, e ele ama isso e nem compareceu lá.

— deve tá no quarto ué.

— não tá, a porta tá aberta, o violão dele também sumiu.

— então está compondo, deixa ele ficar livre da gente por um mísero de tempo.

— se até às 22 hrs ele não aparecer, vamos atrás.

— diga por vcs! — bati a porta.

Escutei Patrick descer as escadas, batendo o pé. Esperei um tempão, e olhei pra fora, apenas avistei os outros meninos, Mitty ainda não tinha voltado. Eu peguei um casaco e sai de meu quarto, fui pelos fundos e fui seguindo a estradinha até a mesa onde eu estava hoje mais cedo. Mas antes me enrosquei numa arvorezinha galhada e com espinhos. 

— ahhhh vc tá aí! — cruzei meus braços de arrepios frios.

— e vc me encontrou, qual o motivo de tanta perseguição?

— todos estão atrás de vc.

— por que? — abaixou o violão.

— some assim do nada, sem avisar pra onde vai, é preocupante.

— ficou preocupada? — se levantou e pôs o violão em cima da mesa.

— não.

Ele veio até mim e ficou em minha frente, cara a cara, respiração no mesmo ritmo.

— certeza? — tirou a mecha de meu cabelo do rosto.

— tá querendo saber o que, que tá sendo tão teimoso?— tirei sua mão.

— só a verdade, muito preocupadinha, fica encarando, olhando de mais, demonstrando de mais...

— olha aqui eu posso fazer tudo e muito "mais", com quem me der vontade, tá legal?

— tá legal! — ergueu as mãos pra cima.

As abaixou e pegou seu caderno debaixo do violão, pôs no cós do shorts e apanhou seu violão, e caminhou pela estradinha.

— siga o mestre chapeuzinho, tem lobo mal querendo refeição — falou irônico e deu passos largos.

Pensei em dizer NO CASO VOCÊ. Mais aí fiquei calada, tem coisas que não se devem dizer. MAS EU QUERIA.

Voltamos pro chalé, e krass já estava revoltado com a vida. No caso comigo.  Me sentei num tronco de árvore que eles arrastaram e fizeram de cadeira, ou sofá, melhor, acento. Fogueira e reunião na moda antiga.

— onde foi com Mitty? — me olhou sério.

— a onde vc não foi!

— me responde!

— qual foi Christian? — ergui o tom de voz com ele.

— fala baixo.

— não, não vou falar baixo, cara cuida da sua vida, só pq tô morando na mesma casa que vc, vc acha que tem direito de saber onde eu vou, e com quem eu vou?

— só quero seu bem.

— não tô doente! — me levantei de perto dele, e me sentei mais longe, perto de Jess.

Jess me olhou.

— aah... — o interrompi.

— não Jess! — olhei pra ele.

— vc nem sabe o que eu ia dizer.

— sim eu sei, e não, eu não fiquei com o Mitty, eu só fui atrás, ele tava sozinho, compondo músicas.

— eu ia dizer que seu casaco tá rasgado... — estralou os dedos e esticou as mãos abertas perto do fogo, para aquecê-las.

— ohn...desculpa — falei vendo um furo enorme no meu casaco, cabia um braço no buraco.

NO BURACO DO CASACOOOOOO.

Meu Novo Vício - Chase Atlantic Onde histórias criam vida. Descubra agora