Meu Novo Vício - Chase Atlantic

twenty- three

Acordei com muita dor no pescoço, Mitty já estava em pé, olhando pra mim, na hora levei um susto, parecia um predador focando seus olhos em sua presa, me assustei real.

— Mitty? — falei como se não nós odiasse-mos.

Não foi por conta de uma noite conversando, e contando traumas, que iríamos nos tornar amigos. Ou iríamos?

— bom dia — disse e coçou os olhos.

— tá bem?

— tô bem, e vc?

— é, acho que sim.

Um minuto de silêncio.

— conversamos de verdade ontem? Ou foi um delírio conjunto?

— foi de verdade, agora se vc falou a verdade, eu já não sei — me levantei, me alonguei, tudo estralou.

Aí Deus eu tô crocante.

— eu fui sincero, pela primeira vez na vida, não fugi de uma pergunta íntima.

— que vc mesmo fez a mim, sabendo que seria a mesma pergunta pra vc!

— é eu sabia, as vezes desabafar algo do passado que te incomoda, te faz bem.

— então pq não vai a um psicólogo?

— desabafar a um estranho? — sorriu.

— um estranho que tá lá pra te ajudar, foi isso que me ajudou, e me ajudou em muita coisa, deveria ir um dia.

— talvez um dia...

Escutamos a porta abrir e vir alguém, chegaram em nossa cela.

— estão soltos, podem ir — abriu.

Eu e Mitty rimos em silêncio, e saímos, antes de nós virar, Krass estava de braços cruzados.

— não venha dar lição de moral, se vc não tem moral! — passei por ele com as botas na mão.

— nem pra mim — Mitty veio logo atrás.

Kras suspirou. Saímos e fomos pro carro, eu tinha até me esquecido como era aqui fora kkkk. Brincadeira. 

— ficaram na mesma cela? — já disse num tom de "pecaram a noite toda?".

— sim, não viu? Ou estava ceguinho? — falei ironicamente.

— não tinham que ter posto vc na mesma cela que um homem — dirigiu.

— um homem que vc conhece, e que é seu amigo, agora cala a boca e deixa de reclamar, já tive que olhar pra cara do Mitty a noite toda!

Pus um óculos preto e abri a janela do carro.

Suspirou de novo. Mitty ria lá no fundo. E eu percebi, que eu me interessava muito nele, na verdade, comecei após ver ele sorrindo mais...

Pronto. Em casa. Subimos, corri ao ver a porta do nosso apartamento, estava aberta, Clinton, Patrick e Jess estavam lá. Passei por eles dizendo "oi meninos!!" E sumi pro meu quarto.

— banheiraaaaa eu te amoooooo! — disse entrando no banheiro, com o vestido caindo pra baixo do banheiro.

As botas deixei no tapete do quarto, jogadas, enchi a banheira, entrei, espuma subindo, água morna saindo da torneira, e um ar de alívio, entrando pelo meu nariz. Em paz.

Pietra off.
Mitty on.

Entrei no apartamento de Krass, com ele reclamando no pé do meu ouvido. Um soco doeria menos.

— cara, já entendi okay? Não foi vc que passou a noite toda na cadeia, sendo acusado de vândalo, então para! Já deu! — me virei e pus meu dedo indicador no seu peito.

— só não entendo pq puseram a Pietra com vc.

Clinton chegou e nos abraçou.

— e o seguinte crianças do quarto ano, eles não colocam mulheres junto com homens quando vão ficar mais de um dia, entenderam? São amigos, foram pegos juntos em fragrante, é isso, agora parem de brigar, tá me dando enjôo — falou e deu um tapinha em nossas costas.

Krass esfregou o dedo no queixo, ao mesmo tempo que passava a língua nos lábios.

— estávamos sendo monitorados por policiais, acha que aconteceu oq? — sai andando mole, de tanta dor na coluna.

Ele não me respondeu, melhor assim. Já levei um tapa, ou soco, tanto faz, ficou roxo, tudo por causa de um beijo, que nem aconteceu. Imagina nós dois presos, ela estressada, com sono, fome e dor, e eu tento algo, eu ia de cela pra necrotério irmão.

Deixei Krass estressado, na sala, com os outros meninos, e fui tomar um banho, apanhei uma roupa, e me infiltrei no banheiro. Me banhei, lavei meu cabelo, e fiz as tranças, passei um perfume, um creme nessa minha cara lisa e macia. Escovei os dentes, e sai do quarto, que agora era meu e de Krass. Ele querendo ou não.

Pietra já estava na sala quando sai, estava linda, cada dia que passa, se torna mais linda ainda, estavam sentados na mesa do café da manhã, me sentei ao lado de Jess, que macetava um pão francês com presunto e mussarela e tudo que havia na mesa.

Não posso negar que Pietra chama muito a minha atenção, o jeito dela, o cabelo, a personalidade, sua forma de me tratar (como um idiota).