Acordo com uma luz batendo na minha cara, pego a minha arma e corro até a janela. Estamos no porão de uma casa abandonada, então a janela é pequena e fica quase no teto. Eu olho com cuidado, mas era apenas um carro que estava fazendo o retorno, por isso o farol iluminou aqui.
Eu relaxo e olho no sofá que ele está deitado, ele está virado para parede, então não consigo ver o seu rosto. Eu vou até ele e sento ao seu lado, ele está com olheiras e muito mais pálido do que o normal, fecho os meus olhos e me conecto a ele, faz tempo que não faço isso, mas ajuda ele estar dormindo.
Ele está com medo e sede, sede é predominante, ele se recusa a se alimentar de animais e não temos como conseguir outras fontes para ele agora.
- O que você está fazendo?
Eu me assusto e desconecto, levanto e me afasto.
- Eu não queria te acordar, me desculpe!
- O que você estava fazendo, Pat?
Eu passo a mão pelo cabelo e olho para baixo.
- Eu estava preocupado... Me desculpe...
- Você fez, não fez? Usou a conexão.
- Me desculpe...
Ele levanta irritado, mas mesmo irritado todos os seus movimentos são fluidos e delicados, característicos da sua espécie, mesmo nesse estado a sua voz sai calma e suave.
- Eu já pedi pra você não fazer mais isso.
- Porque, Pran?
- Eu não quero! Se está preocupado pergunte, mas não fique tentando ver o que eu estou sentindo.
- Eu sou o seu Familiar, Pran, a conexão serve para isso, para eu saber se você está bem, para poder cuidar de você.
- Eu já falei que não, Pat!
Eu suspiro e concordo, é a mesma briga que estamos tendo nos últimos três meses, não sei o que mudou, ele nunca se importou com isso.
Ele volta para o sofá que estava deitado, senta, se encosta e fecha os olhos.
O Pran é um vampiro, quer dizer, ele é tecnicamente um vampiro, mas não exatamente algo sobrenatural, nós conhecemos a nossa origem.
A história humana acredita que o DNA foi descoberto em 1869, mas um cientista muito peculiar já fazia experimentos genéricos muito antes disso.
No ano de 1820 o primeiro híbrido foi criado no seu laboratório, humano com DNA de morcego, a intenção dele era criar crianças mais resistentes, para acabar com a mortalidade infantil. Com o sucesso do primeiro híbrido, ele criou alguns anos depois um segundo com DNA de lagarto, tentando novos métodos de cura, mas esse morreu logo após o nascimento, ele acreditava que a falha se deu por não ser um mamífero, então tentou novamente criando a terceira espécie de híbridos, a minha espécie, lobos.
Quando o primeiro híbrido completou 15 anos ele sofreu uma mutação, surgiram presas na sua boca e uma sede insaciável. Ele matou muitas pessoas até conseguirem conter ele, o cientista criou um soro que suprimiu o DNA de morcego, tornando o híbrido um humano comum. A mutação do segundo híbrido começou com uma força sobre humana, não era algo sem controle, mas mesmo assim o cientista usou a cura nele.
Acontece que os descendentes dos híbridos nasceram com as mesmas mutações, quando completaram 15 anos se transformaram. Com o passar dos anos eles aprenderam a controlar as transformações, mas até isso acontecer a fome dos morcegos e a raiva dos lobos fizeram muitas vítimas, algumas sobreviveram e desenvolveram mutações similares a dos híbridos descendentes.
Essa é a história das nossas espécies, o Pran um vampiro gerado ou puro sangue, como a família dele gosta de se chamar. Eu sou um lobisomem, também gerado, ou seja, eu nasci da linhagem original como o Pran. Existem outros por aí, vampiros e lobisomens criados através da mordida.
As famílias da linhagem original eram consideradas realezas das espécies, mas o poder sempre corrompe até os mais puros, houve uma guerra e a minha espécie perdeu e foi subjugada, hoje nós servimos os vampiros, os lobisomens gerados como familiares e os criados como guarda costas.
Eu fui designado para o Pran quando eu nasci. Aos quinze anos quando se transformou e a primeira vez que se alimentou foi em um ritual onde ele bebeu o meu sangue e através desse ritual nós criamos o vínculo, a nossa conexão, desde então não saímos mais de perto um do outro, a minha função é cuidar e proteger ele sempre.
Hoje estamos com 23 anos, estamos fugindo há seis meses. O Pran é o segundo na linha de sucessão, quando o seu irmão mais velho ficou doente o terceiro na linha de sucessão colocou a cabeça do Pran a prêmio, então hoje estamos fugindo para salvar a sua vida.
Eu olho para ele mais uma vez, me aproximo e sento ao seu lado.
- Pran, você tem que caçar.
- Não, não tenho.
- Você está com fome, Pran, quanto tempo mais você acha que consegue aguentar?
- Eu aguento até acharmos um banco de sangue.
- Nós podemos achar um humano...
- Não! Eu nunca fiz isso e nunca vou fazer!
Eu não sei mais o que fazer, ele é muito teimoso, tem nojo de animais e se recusa a se alimentar de humanos, a sua dieta sempre foi com bolsas de sangue, mas elas são difíceis de conseguir, por isso ele está como está.
- Pran, olha para mim.
Ele apenas abre os olhos e inclina a cabeça, até nesse simples movimento da para perceber que ele está fraco.
- Se alimenta de mim.
- O que? Não! Você sabe que é proibido!
- O que pode acontecer? Eu me curo rápido.
- Não, Pat! Eu aguento até conseguir uma bolsa de sangue.
- Porque, Pran?
- Deve ter um motivo para ser proibido, Pat.
Eu suspiro e me aproximo mais.
- Pran, o meu sangue foi o primeiro que você bebeu, sabemos que ele não te faz mal, deve ser só mais uma regra idiota deles.
Ele olha para mim e sei que está considerando porque está morrendo de fome, então eu chego mais perto, do jeito que ele inclinou a cabeça para olhar pra mim ficou fácil encostar o meu pescoço na boca dele.
Sinto ele beijando o meu pescoço e isso me surpreende, então a sua mão direita envolve o meu pescoço do lado oposto, ele me beija mais uma vez, então sinto uma pressão na pele.
Sei o exato momento que ele começou a beber o meu sangue porque senti que algo estava errado, eu estava ficando estranho. Comecei a ficar com calor e com a respiração acelerada, comecei a ficar excitado, quanto mais ele bebe, mais excitado eu vou ficando. Quando é demais pra mim eu seguro o meu pênis por cima da calça e aperto, um gemido alto sai da minha boca e o Pran se afasta, eu consigo sentir, ele está excitado, não sei como, mas nós estamos conectados.
Ele se aproxima lentamente e me beija, sei que alguma coisa está errada, mas eu não quero parar ele.
Ele me deita no sofá e deita encima de mim, volta a morder o meu pescoço e tira a minha calça, eu puxo a dele para baixo, ele move as pernas e tira ela. Sinto o meu coração acelerado com a expectativa, ele para de me morder e me beija, sinto o gosto de sangue misturado com o seu sabor, sinto a nossa conexão cada vez mais forte e já não sei mais se o que estou sentindo sou eu mesmo, ele ou nós, eu só sei que preciso disso.
Seguro a sua cabeça no lugar e levanto a minha para dar fácil acesso ao meu pescoço, quando ele me morde novamente, levanta as minhas pernas e entra devagar. Eu sinto dor, sinto tesão, estou confuso e feliz, estou muito excitado e sinto algo mais forte, muito mais forte. Amor, eu sinto amor.
Ele entra e sai em um ritmo cada vez mais frenético que acompanha o turbilhão de emoções, ele para de me morder e geme no meu ouvido, eu gemido suave, mas mesmo assim muito excitante. Ficamos assim por não sei quando tempo, enquanto me fodia ele intercalava entre me beijar, morder e gemer no meu ouvido. Quando finalmente gozamos eu sinto que estou flutuando e durmo com ele deitado sobre mim, mas não antes de ouvir ele dizer.
- Isso não devia ter acontecido...___________________
Notas:
Estava bloqueando as outras histórias, tive que escrever para poder seguir com as outras...
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Puro Sangue
Hayran KurguEm meio a uma fuga para salvar suas vidas, Pat, um lobisomem e Pran, um vampiro puro sangue, são forçados a confrontar suas próprias naturezas e limites quando uma conexão proibida é estabelecida entre eles. Envolvidos em uma relação intensa e peri...