Draco bebeu sua cerveja rapidamente, evitando pensar nas palavras de Pete, pois estava terrivelmente tentado a aceitar sua mão estendida. Bastava dizer-lhe que estava em perigo e que precisava desaparecer, talvez...
Então, o jovem de repente pensou nas consequências se os Comensais da Morte fossem procurá-lo e chegassem a este lugar. Voldemort provavelmente ficaria feliz em ter trouxas para torturar e matar...
O bar tinha sido um lugar seguro para relaxar até agora, mas Draco estava inquieto, sentindo que teria que ficar longe de agora em diante. Ele gostou do fato de ninguém prestar atenção nele e de ele estar quieto. Ele também gostou da sensação de ser anônimo para essas pessoas. Ele não era um Malfoy nem um Comensal da Morte. Apenas um jovem como tantos outros que veio tomar um drink sozinho e passar um tempinho entre estranhos...
Quando terminou sua caneca, Draco hesitou, então se levantou e foi até o balcão pagar sua bebida. Pete ergueu uma sobrancelha surpreso e olhou para o grande relógio na parede, mas não disse nada. Draco corou, dolorosamente consciente de que seus hábitos haviam sido notados.
Ao pegá-lo, Pete sorriu.
— Se você tem medo de que eu o pressione a aceitar uma ajuda que você recusa, ou que eu tente saber mais sobre você, pode ficar tranquilo. Eu te contei o que tinha para te contar, fiz uma proposta. Agora a bola está do seu lado. Você é sempre bem-vindo e ninguém tentará forçá-lo a mudar de ideia.
Draco assentiu lentamente, sem perceber a súbita informalidade, e se forçou a encolher os ombros.
— Não preciso de ajuda, mas... obrigado. Agradeço a intenção.
Vendo que o homem parecia pronto para continuar a conversa, Draco acenou com a cabeça mais uma vez em saudação e virou-se, saindo do bar.
Com a mente acelerada, ele vagou pelas ruas sem rumo, apenas tentando se acalmar e esquecer a tentação de pedir ajuda. Quando estava exausto de tanto caminhar, ele entrou em um beco escuro e encostou-se na parede por um momento, com os olhos fechados para recuperar o fôlego. Depois de se certificar de que estava sozinho, ele aparatou em casa.
Embora não tivesse feito absolutamente nenhum progresso no que precisava fazer, Draco precisava de um pouco de descanso para pensar com clareza. Ele também não estava pronto para contemplar mais uma vez as evidências da crueldade dos Carrows.
Ele nem passou pela cozinha, pois não tinha o menor apetite, mas foi direto para o quarto e se despiu antes de se enfiar entre os lençóis.
Ele ficou olhando para o teto por um longo tempo, imaginando que teria dificuldade para adormecer, porém, antes que percebesse, estava dormindo profundamente.
Draco sabia que estava sonhando. Ele estava obviamente sonhando, já que seu braço estava desprovido de qualquer marca, ainda não estava manchado pela magia negra de Voldemort.
Ele caminhou pelos corredores desertos de Hogwarts, sem pressa, sem sequer ficar nervoso. Como se ele tivesse voltado para casa depois de uma longa ausência.
Ele não parecia ter um destino específico e não reconhecia realmente o local exato onde estava. Parecia familiar e ele sabia que estava em Hogwarts.
Parte de sua mente o lembrava que deveria ser cauteloso, que a escola havia caído nas mãos de Voldemort e que o bruxo das trevas a havia confiado aos Carrows, mas ele não se sentia ameaçado, como se não estivesse correndo o menor risco.
Quando chegou a uma encruzilhada, não ficou realmente surpreso ao ver que não estava mais sozinho. Havia outro jovem nas sombras, um pouco mais baixo que ele, olhando para uma pintura na parede.
Draco permaneceu imóvel por alguns momentos, sem tirar os olhos do outro garoto, sem que este decidisse se mover. Ele não conseguia ver seu rosto, mas o reconheceu. Ele o conhecia perfeitamente, sua figura, a maneira como ele se comportava... e seu cabelo impossível. Potter estava bem ali, a poucos metros de distância.
Draco se moveu silenciosamente, lentamente, até ficar ao lado de Potter, para poder olhar para a pintura que tanto o fascinava e conteve uma exclamação alta ao descobrir Severus Snape em todo o seu esplendor.
O homem estava parado em frente a uma mesa, vestido inteiramente de preto como sempre, com uma carranca no rosto e os braços cruzados, pronto para insultar alguém ou tirar pontos.
Quase sem querer, Draco falou primeiro e sussurrou para seu rival de longa data.
— Por que seu retrato está silencioso? Ele não deveria... falar?
Potter olhou para ele brevemente e ele encolheu os ombros com um suspiro.
— Estou esperando ele decidir falar. Ele ainda não está pronto...
Esta observação foi estranha vinda de Potter. Ele sabia o quão injusto o Professor Snape tinha sido com ele e não perdeu a dor no tom do Grifinório.
Ele franziu a testa, ciente de que estava faltando alguma coisa para entender o que estava acontecendo, e voltou sua atenção para o quadro. Ele foi distraído pelo comentário repentino de Potter, que murmurou baixinho.
— Ele poderia ajudar você.
Atordoado demais para responder imediatamente, Draco piscou incrédulo. Então ele se virou para Porter, pronto para perguntar como ele sabia.
Exceto que Potter estava se afastando dele, silenciosamente, com sua indiferença habitual. Draco o chamou, recusando-se a deixá-lo ir tão facilmente, não sem antes fazer mais perguntas.
O Grifinório não atendeu seu chamado, mas virou metade da cabeça, com um sorriso zombeteiro. Draco piscou em choque ao perceber que as sombras no corredor estavam mudando o rosto de Potter, fazendo-o parecer o garçom do bar.
Draco queria correr atrás dele, mas sentia-se preso ao chão, incapaz de se mover ou pronunciar uma única palavra. A figura andando pelo corredor não era mais de Potter, mas Draco tinha certeza de que se houvesse alguma luz ele teria visto o jovem do bar. Aquele que Pete ajudou, aquele que estava na rua algumas semanas antes…
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Faux semblants
FanfictionA Segunda Guerra Bruxa terminou, mas infelizmente Harry Potter falhou. O jovem foi morto para grande consternação de Draco Malfoy... Este último esperava secretamente que Potter pudesse libertar o mundo mágico da loucura de Voldemort. O mundo mágico...