Capítulo 34

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Draco esperava suportar as censuras de Potter sobre a condição de sua amiga. Ele imaginou que pegaria Granger e desapareceria da vida dele, acreditando que um Comensal da Morte não deveria ter a chance de se arrepender.

Uma parte dele, no entanto, lembrou-lhe que Potter sempre foi rápido em perdoar, disposto a oferecer oportunidades a todos ao seu redor. Ele às vezes o achou muito gentil ao longo dos anos, porque esse idiota tentava sempre ver o lado bom, mesmo nas piores situações.

Mas não para ele. Eles entraram em conflito desde o início, e Potter sempre escolheu Weasley em vez de dar uma chance a Draco. Pelo que ele sabia, Potter poderia ter decidido que havia esgotado todas as chances que lhe foram dadas.

O choque de Potter ao ver Granger o deixou enjoado, pois ele podia ver a culpa no rosto do Grifinório. Esse idiota provavelmente estava se culpando por abandonar a amiga, por não protegê-la ou por algum outro motivo estúpido.

Ele o apoiou, sem dizer uma palavra, deixando-o digerir a situação no seu próprio ritmo. Ele sabia que Potter não estava no fim de suas surpresas e certamente não iria apressá-lo.

Draco congelou em choque quando Potter se jogou em seus braços, antes de se recompor e abraçá-lo com um suspiro. Ele podia sentir as lágrimas quentes do jovem escorrendo pelo seu pescoço e certamente não iria privá-lo de algum conforto.

Ele permaneceu em silêncio, contente em segurá-lo nos braços, dando-lhe tempo para se recompor.

Depois do que pareceu uma eternidade, Potter lentamente se afastou de seu abraço, os olhos vermelhos, mas mais calmos. Ele esfregou o rosto nervosamente e olhou brevemente para Hermione.

— Como ela está ?

Draco suspirou.

— Ela foi torturada. Ela também tem hematomas e dedos quebrados. Minha mãe deu a ela uma poção para que ela pudesse descansar apesar de sua condição, então vamos tratá-la da melhor maneira possível enquanto ela dorme. Então... veremos qual é o estado de espírito dela.

Potter sussurrou, sua voz embargada.

— Você quer dizer que veremos se eles conseguiram quebrá-la?

Draco revirou os olhos, tentando parecer mais confiante do que realmente estava.

— Não seja estúpido, Potter. Você sabe o quão forte ela é. Ela não está nas mãos deles há muito tempo, então ficará bem.

Eles trocaram um longo olhar e Potter relaxou um pouco, com um leve sorriso hesitante.

— Ela é forte, sim.

Draco suspirou e suprimiu uma careta, então sussurrou.

— Isso não é tudo, receio...

Imediatamente, Potter ficou tenso e piscou, frenético.

— Ela não era a única prisioneira? Ron ainda está lá?

Draco rosnou e agarrou os ombros do jovem para parar seu pânico.

— Nada disso. As masmorras estão vazias. Bem, eles estavam quando saí da reunião. Suponho que eles acabarão por se encher de Comensais da Morte que ele julgará incompetentes e responsáveis ​​pela perda de sua… “presa”.

Potter sussurrou, preocupado.

— Você não deve voltar para lá, Malfoy. Você está correndo muitos riscos...

Embora tocado pela preocupação de Potter, Draco encolheu os ombros com uma calma que estava longe de sentir.

— Acalme-se, Potter. Não estou arriscando nada no momento. Não se esqueça que tenho uma posição privilegiada para me aproximar dele e isso pode nos ser útil para encerrar o seu reinado.

O rosto de Potter se contorceu e ele suspirou.

— Eu nunca deveria ter fugido de Hogwarts naquele dia. Eu deveria tê-lo enfrentado apesar dos riscos.

Irritado, Draco deu-lhe um leve empurrão.

— Não seja estúpido, Potter. Pode ter demorado um pouco mais para eliminá-lo, mas não é motivo para começar a imaginar que você cometeu erros.

Vendo que Potter parecia precisar de um choque elétrico para recuperar os sentidos, Draco se aproximou de Granger e abaixou suavemente o lençol, expondo sua barriga rechonchuda de grávida.

Ele ouviu um grito atrás dele e escondeu um sorriso zombeteiro antes de se virar.

Potter estava branco como um fantasma, com os olhos arregalados. Ele enfrentou a morte com coragem, sem vacilar, mas parecia prestes a desmaiar ou fugir gritando na frente de sua melhor amiga grávida.

Ele finalmente recuperou o controle o suficiente para sussurrar, completamente derrotado.

— Mas... Mas como?

Draco riu nervosamente e ergueu uma sobrancelha para Potter. Este último pareceu perceber sua pergunta e corou violentamente, antes de murmurar, desconfortável.

— Eu não queria... bem, é que é um tanto... inesperado.

Draco revirou os olhos e empurrou-o levemente com o ombro, depois apontou para o saco de poções de cura que ele havia deixado há muito tempo na entrada da sala.

— Vamos. Vá buscar a bolsa para mim, vamos começar a tratá-la. Eu precisava da sua presença para garantir que ela não entrasse em pânico quando acordasse e pensei que você gostaria de... saber.

Potter olhou para ele por tanto tempo que Draco sentiu suas bochechas esquentarem e esperou que seu desconforto não aparecesse. Finalmente, o jovem assentiu e foi pegar a bolsa de Draco enquanto este murmurava um aguamenti sobre uma bacia para limpar cuidadosamente os ferimentos da mulher ferida.

Eles trabalharam em silêncio por muito tempo, formando uma equipe eficiente, cuidando de Hermione. A respiração tranquila dela tranquilizou Draco e ele não pôde deixar de olhar para sua barriga de vez em quando, assim como Potter.

Draco fez questão de cuidar da marca deixada em seu braço por Bellatrix com cuidado especial, garantindo que nada mais do que a velha cicatriz permanecesse. Ele notou o olhar agradecido de Potter, mas não fez comentários, passando para os dedos quebrados da jovem.

Depois que os ferimentos mais aparentes de Hermione Granger foram tratados, Draco assentiu um pouco nervoso e se concentrou — com a varinha na mão — em lançar um feitiço de diagnóstico. Sua mãe lhe ensinou isso, pensando que ele poderia precisar dele por causa da guerra, mas ele não teve a oportunidade de usá-lo com frequência, para seu alívio.

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