Harry esperou até que Draco saísse do cômodo para encarar Snape, com o rosto fechado.
— Por que você é tão mau com Draco?
Snape ergueu uma sobrancelha surpreso e encolheu os ombros.
— Desde quando você é tão protetor com o menino, Sr. Potter? Eu tive que separar vocês inúmeras vezes e ainda assim você me culpa por ser... um pouco duro?
Harry suspirou.
— Ele merece uma chance. Uma verdadeira chance.
Snape olhou para Harry surpreso e encolheu os ombros brevemente.
— Eu sou apenas um retrato, Sr. Potter. Minha opinião não tem importância real.
Harry esfregou o rosto e sussurrou, mostrando sua preocupação e provavelmente sua vulnerabilidade.
— Terei que agir mais cedo do que o esperado. Suponho que você me aconselhará a esperar mais um pouco e me dirá que não estou pronto, mas não tenho escolha. Ele está ficando cada vez mais violento... Não tenho certeza se Draco aguenta muito mais punições dele.
Snape fez uma careta.
— O futuro do mundo mágico está em jogo, isso não é brincadeira. O Sr. Malfoy é jovem e saudável. Afinal, sobrevivi a anos escondendo minha verdadeira lealdade.
Harry rosnou, irritado, antes de responder bruscamente.
— Como disse, senhor, o senhor é apenas um retrato. Não vou deixar Draco se machucar mais. Afinal, eu terei um trunfo com a poção de que acabamos de falar.
Snape ficou inquieto, irritado.
— Mais uma vez, você só pensa em você! Não quero me ver morrer neste quadro porque você terá falhado na tarefa que lhe foi confiada!
Harry não pôde evitar soltar uma risada zombeteira.
— Não se preocupe, senhor. Alguém estará ao seu lado se alguma coisa acontecer comigo.
Eles se encararam por alguns segundos, então Snape balançou a cabeça.
— Pelos deuses! Você é tão tacanho quanto sua mãe. O que você planejou?
Harry escondeu um sorriso diante da fala irritada do homem, então encolheu os ombros.
— só me recuso a deixar Draco ir sozinho da próxima vez. Ele aparatará comigo na minha forma animaga e...
Snape interrompeu bruscamente, seu olhar sombrio.
— E assim que ele receber um feitiço, você correrá em seu auxílio e será morto. A propósito, ele também.
Harry franziu a testa, ficando cada vez mais nervoso.
— Mas se eu não intervir, ele ficará...
Snape interrompeu, num tom mais suave.
— Ele vai se machucar, sim. Mas ele não o matará enquanto precisar dele.
Harry protestou.
— Ele precisava de você! Ele precisava de você e ele... ele tentou te matar.
Snape suspirou.
— Ele pensou que eu era o mestre da varinha de Dumbledore por matá-lo, em vez do Sr. Malfoy. Contanto que ele não tenha nada que possa cobiçar, o garoto estará seguro.
Harry duvidou por um momento. Então ele balançou a cabeça com um suspiro resignado.
— Não posso, senhor. Ontem à noite, Draco recebeu uma punição destinada a seu pai e foi... muito ruim.
Snape fez uma careta em desaprovação. Braços cruzados, ele balançou a cabeça.
— Qual é o sentido de correr para o perigo, Sr. Potter? Se você estiver realmente certo e intervir, o Sr. Malfoy não será a única vítima. Vocês dois serão mortos.
Harry persistiu com determinação, as lembranças dos ferimentos de Draco ainda estavam frescas em sua mente.
— Mas eu teria tentado.
Finalmente, Snape pareceu ceder e Harry escondeu um suspiro de alívio.
— Muito bem, Sr. Potter. Então teremos que tentar mantê-lo vivo enquanto você se joga direto no poço das cobras.
Harry ergueu uma sobrancelha zombeteira.
— Claro. Também não pretendo ser imprudente. Eu vou com Draco, fico de lado e observo. Se houver uma oportunidade de me aproximar e acabar com toda essa bagunça com segurança, eu aproveito, caso contrário fico escondido e volto com ele.
Snape ergueu uma sobrancelha zombeteira.
— Tudo parece tão perfeito em teoria e ainda assim é uma receita certa para o desastre.
Harry torceu o nariz.
— Ninguém vai prestar atenção a um corvo!
Snape riu maldosamente, enquanto olhava para o jovem.
— Você não é o primeiro animago que ele conhecerá, Sr. Potter. Você, entre todas as pessoas, deveria saber disso...
O retrato ficou em silêncio quando Draco voltou, carregando um caderno grosso com capa de couro. Quando estava perto de Harry, Snape falou novamente, agressivamente.
— Você concorda com o plano suicida do seu... namorado, Sr. Malfoy?
Harry sentiu como se suas bochechas estivessem pegando fogo e amaldiçoou Snape por sua língua afiada e seu hábito de sempre colocar o nariz onde não deve. Ele olhou para o retrato com raiva, recusando-se a olhar para a expressão de Draco.
Este último não parecia insistir no termo “namorado”, respondendo como se tudo estivesse normal.
— Ele me contou sobre um plano, mas não foi nada suicida, senhor. Alguma coisa mudou?
Com as bochechas queimando, Harry murmurou desconfortavelmente.
— Nada mudou. Eu sigo você e observo.
Snape bufou.
— Exceto que ele não será capaz de resistir a enfeitiçar você com um ou dois feitiços, já que ele gosta de punir seus Comensais da Morte mais do que qualquer coisa no mundo. E o querido Potter, defensor das viúvas e dos órfãos, correrá para bancar o cavaleiro de armadura brilhante e assinar sua sentença de morte. Assim como o seu.
Draco permaneceu em silêncio por um longo tempo, tanto tempo que Harry teve certeza de que ele estava lhe olhando e quase podia sentir sua pele formigando sob o olhar do jovem. Ele cerrou os punhos e mordeu a língua para ficar em silêncio e imóvel, lutando contra a tentação de olhar para Draco e odiando Snape e seu olhar presunçoso.
Finalmente, Draco sussurrou gentilmente.
— Bem, se Harry tiver que atacar, farei o meu melhor para protegê-lo e garantir que possamos... partir em segurança. Independentemente disso, confio nele para tomar a decisão certa. Lembro-me que Harry é a pessoa que mais se sacrificou pelo mundo mágico e que ninguém fez mais para acabar com esse reinado de terror. Nem mesmo você, senhor.
A garganta de Harry apertou e ele ficou paralisado, incrédulo. As palavras de Draco o tocaram bem no coração e quando este pegou sua mão, Harry agarrou-se a ela e se deixou arrastar, sem sequer cumprimentar Snape.
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Faux semblants
FanfictionA Segunda Guerra Bruxa terminou, mas infelizmente Harry Potter falhou. O jovem foi morto para grande consternação de Draco Malfoy... Este último esperava secretamente que Potter pudesse libertar o mundo mágico da loucura de Voldemort. O mundo mágico...