Capítulo 12

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Quando ele procurou pela localização exata de Carbonnes-les-mines no início do dia, Draco notou que era uma vila trouxa, longe de qualquer área mágica. Era apenas um pontinho no mapa, colocado no meio do nada.

Ele realmente não sabia o que esperar, mas não imaginava se encontrar em uma cidade quase deserta e quase abandonada.

Tudo ali era velho e decrépito, dando uma impressão de desolação. Cartazes antigos sugeriam que a principal atividade na área era a mineração, e Draco presumiu que a cidade havia se esvaziado à medida que o trabalho nas minas cessava gradualmente.

Ele olhou em volta, franzindo a testa, ciente de que a maioria das casas estava abandonada. Os moradores pareciam ter saído com pressa e deixaram tudo como estava, como se tivessem pressa em sair daquele cantinho totalmente perdido. Avançou com cautela, tentando não tropeçar no asfalto rachado, um pouco perdido, sem entender o que fazia ali.

Demorou muito para encontrar a rua que procurava. Na verdade, no labirinto de ruas, teve dificuldade em localizar a placa meio apagada que indicava o Impasse du Tisseur. Estava preso no cruzamento de duas ruas um pouco maiores e terminava em um beco sem saída, fazendo Draco se sentir preso.

Esta rua não era diferente das outras, igualmente triste e deserta. Igualmente abandonado. As casas estavam quase em ruínas, tábuas desarticuladas bloqueavam as janelas e portas.

Draco caminhou várias vezes pelo beco sem saída, tentando encontrar algo diferente, mas sem encontrar nada que pudesse interessá-lo. Ele não estava mais à frente e se perguntou por um momento se Potter o havia mandado lá para zombar dele.

Se não estivesse tão desesperado, Draco provavelmente já teria desistido há algum tempo, mas precisava encontrar alguma coisa. Qualquer coisa, só um pouco de esperança, algo que o fizesse acreditar que as coisas iriam melhorar. Ele precisava saber por que Potter o mandou para lá, por que o contatou.

O jovem parou no meio da rua e olhou ao redor, fazendo uma careta ao perceber a extrema pobreza do local. Ele não tinha certeza se este lugar alguma vez foi quente ou feliz, e ele podia imaginar que os trouxas ficaram felizes em fugir daqui...

Seu olhar foi atraído para uma caixa de correio enferrujada e por um momento ele pensou que sua mente estava pregando peças nele. Ele avançou para ler melhor a inscrição que havia chamado sua atenção e seu coração disparou, pois adivinhou que acabara de encontrar o lugar exato que procurava.

Afinal, qual a probabilidade de haver outra família Snape além da de seu antigo professor de poções? Ele sabia que o homem era meio-sangue, seu próprio pai o havia humilhado o suficiente sobre isso até na frente de Draco... Então fazia sentido que ele tivesse um lar no mundo trouxa, provavelmente herdado de seus pais. Sua falta de riqueza não era segredo entre os Comensais da Morte e Draco não ficou surpreso com o estado da casa diante dele.

Draco verificou mais uma vez se estava sozinho na rua e se não havia a menor presença ao seu redor que pudesse espioná-lo. Ele não queria ser surpreendido por um trouxa que passasse ou ter que explicar sua presença naquele lugar. Então ele se aproximou da porta da casa e percebeu que ela estava estranhamente mais bem conservada do que os outros prédios da rua.

As vidraças estavam todas intactas – o que parecia um pequeno milagre naquele canto remoto – e a porta estava bem fechada. Não havia nenhuma tábua de madeira pregada para bloquear a entrada, a caixa de correio estava vazia, ao contrário das casas vizinhas que transbordavam de folhetos desbotados.

Um pouco desconfortável, Draco estendeu a mão e girou a maçaneta, temendo que estivesse trancada. Porém, a porta abriu com facilidade, sem sequer ranger, como se ainda estivesse em uso regular.

O jovem entrou e correu para fechar a porta. O interior da casa estava escuro e ele hesitou por alguns momentos antes de pegar sua varinha e murmurar um hesitante “lumos”.

O leve brilho que ele recebeu não fez nada para tornar o lugar menos assustador, muito pelo contrário. A cada movimento, as sombras se moviam e o faziam acreditar que não estava sozinho, fazendo com que sua frequência cardíaca aumentasse.

O interior estava sombrio. A decoração tinha uns bons cinquenta anos – se não mais – e tudo estava empoeirado e danificado. O papel de parede, cheio demais de flores escuras, estava descascando, amarelado pelas manchas de umidade. As prateleiras na parede estavam deformadas sob o peso de bugigangas velhas, e os tapetes puídos faziam a casa cheirar a poeira velha e mofo.

Com uma careta, Draco deu alguns passos, até chegar no meio do que parecia ser uma sala de estar. Seu olhar foi atraído para uma fotografia amarelada e rachada e ele a examinou por um longo tempo antes de determinar que o adolescente taciturno era Severus Snape quando jovem.

Essa impressão foi confirmada pelos livros da frágil biblioteca, todos tratando de poções.

Draco ergueu a varinha um pouco mais alto, esperando ver mais, mas a casa parecia absorver a luz.

O jovem estremeceu e deu mais alguns passos, até notar um livro cuidadosamente colocado no meio da mesa. A madeira do armário estava livre de poeira, brilhante como se tivesse sido limpa recentemente. O livro era antigo, mas parecia estar em ótimo estado se comparado aos demais volumes empilhados na biblioteca, todos distorcidos pela umidade.

Draco se aproximou cautelosamente e abriu o livro com cuidado, arregalando os olhos para descobrir que eram notas escritas com a letra de Snape.

Fascinado, ele se abaixou para decifrar as palavras do papel, consciente do valor de sua descoberta. Afinal, Snape era um mestre em poções e ninguém jamais contestou sua genialidade nesse assunto. Seu conselho do além-túmulo seria bem-vindo, embora Draco se perguntasse como Potter sabia sobre esse lugar e por que ele estava permitindo-lhe acesso a essa informação.

Rapidamente, Draco descobriu que Voldemort havia perguntado a Snape o que ele havia exigido dele, ou seja, que ele voltasse à aparência humana. Ele esqueceu onde estava para mergulhar na leitura, esperando que o homem tivesse tido mais sucesso do que ele em sua pesquisa.

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