Capítulo 48

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Draco ficou furioso. Não era a falta de confiança do retrato de Snape nele, ele mais ou menos esperava isso e não podia culpar o homem por duvidar de seus motivos depois que ele voltou para Hogwarts, com a marca negra tatuada em seu braço esquerdo.

Ele não se importava com os sentimentos de Snape em relação a ele, especialmente porque também não tinha a menor confiança nele.

Ele tinha ouvido muitas vezes seu pai falar de Snape como um dos favoritos de Voldemort, rastejando-se diante do bruxo das trevas e realizando todos os seus desejos. Ele suspeitava que parte do que tinha ouvido foi distorcido pelo ciúme de seu pai — ele não gostava de ficar em segundo lugar, afinal — mas ele tinha visto o comportamento de seu professor de poções ao longo dos anos.

O homem nunca escondeu seu desprezo por Potter. Ele o humilhou metodicamente, sempre o colocou em desvantagem.

Se Potter estava certo e Snape era realmente seu protetor, não havia mais razão para seu retrato esconder sua verdadeira lealdade. Afinal, não havia mais testemunhas que pudessem relatar o comportamento de Snape a Voldemort... Porém, Draco o odiava por ser tão injusto com Potter apesar de tudo.

Potter parecia ligado a ele por um relacionamento complexo e Draco suspeitava que foi através da falecida mãe deste último que eles conseguiram chegar a um acordo. No entanto, enquanto Potter parecia superar suas antigas queixas sem muita dificuldade, Snape estava tão desagradável e cáustico como sempre.

Draco teve que se forçar a não intervir e dizer o que estava pensando sobre o retrato de Snape. Somente a calma de Potter permitiu que ele superasse isso...

Draco permaneceu em silêncio e se retirou, deixando Potter sair da sala onde estava o corpo inerte de Snape, e então o seguiu escada abaixo.

Potter sorriu para ele e lançou o feitiço que escondia as escadas atrás de uma ilusão, protegendo o homem lá em cima.

Finalmente, eles se encararam e Potter pareceu hesitar.

— Tem certeza que quer que eu vá até sua casa?

Draco não precisava pensar. Ele assentiu com firmeza, determinado a não deixar Potter escapar.

— Certo. Uma vez trancada a chaminé, meu apartamento fica o mais protegido possível. Sem falar que você terá muito tempo para assumir sua forma animaga na pior das hipóteses... Já determinamos que vamos trabalhar juntos e será menos arriscado do que enviar mensagens um ao outro.

Potter sorriu divertidamente.

— Você não precisava tentar me convencer, lembro que eu já havia aceitado. Eu só queria ter certeza de que isso ainda era o que você queria.

Draco corou ligeiramente, mas encolheu os ombros. Olhando para as escadas agora escondidas, ele murmurou, perplexo.

— Por que você deixa ele te tratar assim?

Potter suspirou e não conseguiu esconder sua tristeza. Então ele encolheu os ombros e bufou.

— Por hábito, suponho. Agora que conheço seus segredos, as coisas não têm o mesmo significado... Afinal, sei que ele não quer me fazer mal.

Draco bufou.

— Obviamente, ele não quer te machucar... mas ele te machuca. Como você consegue se preocupar com ele quando ele é tão... desagradável?

Potter mordeu o lábio por um momento, depois encolheu os ombros antes de responder calmamente, como se essa fosse a única explicação possível.

— Ele era amigo da minha mãe... Seja qual for o seu comportamento, ele é o último elo vivo com a minha mãe. Minha última chance de conhecê-la um pouco melhor.

Draco olhou para ele, surpreso, mas Potter não pareceu notar. Ele estava perdido em pensamentos e uma sombra de tristeza escureceu seu rosto.

Naquele momento, Draco se arrependeu de todas as vezes em que zombou de Potter, onde relembrou a morte de seus pais. Na época, ele não tinha consciência de sua crueldade... Agora, ele gostaria de poder retirar suas palavras estúpidas, mesmo que fosse tarde demais para perceber seus erros.

Potter balançou a cabeça e se levantou, banindo as sombras de seus olhos com um sorriso e Draco estendeu a mão, pronto para aparatá-las. Potter olhou-o diretamente nos olhos, pegando sua mão sem a menor hesitação, como se quisesse mostrar que realmente confiava nele.

Draco não fez o menor comentário e os levou de volta para seu apartamento. Uma vez lá, ele sussurrou, passando a mão pelos cabelos nervosamente.

— Você sabe onde fica o quarto. Vou deixar a cama para você, vou... transformar algo para mim.

Potter ergueu uma sobrancelha perplexo e fez uma careta.

— Não seja estúpido, Malfoy, não vou levar sua cama.

No entanto, Draco estava determinado a dar ao jovem uma noite de sono decente e não estava disposto a ceder a isso. Ele revirou os olhos, como se o assunto não importasse.

— É apenas uma cama, Potter. Você mal estará acomodado quando eu tiver o meu também, então não seja criança. A menos que você tenha um talento oculto de transfiguração?

A careta de Potter divertiu Draco, mas ele não demonstrou. Potter era um bruxo poderoso, capaz de fazer milagres, mas teve dificuldades com o aprendizado acadêmico em Hogwarts... Se ele tivesse crescido no mundo mágico, as coisas provavelmente seriam mais fáceis para ele, já que a magia seria natural aos seus olhos e não é algo extraordinário.

Ele olhou para o jovem com uma sobrancelha levantada e uma expressão presunçosa, até que Potter rosnou e cedeu.

Draco sorriu e deixou Potter caminhando em direção ao seu quarto, claramente descontente, mas resignado.

Ele certamente não iria admitir que não era tão bom em Transfiguração quanto afirmava ser e que a cama que ele iria conseguir provavelmente seria um pouco instável, na melhor das hipóteses... sem mencionar que seria um pequeno milagre se sua transfiguração durasse a noite toda.

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