Capítulo 42

372 57 0
                                    

Draco não ficou surpreso com a declaração dramática de Potter. O que quer que ele tivesse a confessar, não poderia ser tão ruim, sem mencionar que Potter tinha motivos para não confiar nele completamente.

Afinal, Draco era um Comensal da Morte, próximo de Voldemort, e ele nunca se destacou por sua confiabilidade ou bondade de coração no passado.

Draco sabia que Harry Potter não tinha o menor motivo para confiar nele. Ele concordar em ajudá-lo e ficar perto dele já era enorme e Draco não pretendia pedir mais nada.

Ele apenas aceitaria o que Potter lhe oferecesse e ficaria grato.

Potter hesitou, com as bochechas vermelhas e a expressão de um menino arrependido estampada em seu rosto, desconfortável. Draco revirou os olhos e soltou um suspiro zombeteiro.

— Não consigo pensar em nenhuma situação que possa ser tão dramática, Potter. Qualquer que seja a confissão que você se sinta obrigado a fazer, não vou gritar com você nem fugir.

Draco reprimiu um sorriso vitorioso quando Potter olhou para ele, um lampejo de raiva em seus olhos verdes. No entanto, ele suspirou e depois murmurou amargamente.

— Você diz isso agora, mas não tenho certeza se ficará tão relaxado quando... ver o que escondi.

Draco teve que admitir que estava intrigado. A óbvia culpa de Potter e o fato de ele não ousar falar, circulando em torno de sua confissão sem conseguir, o fizeram arder de curiosidade e ele teve que se conter para não agarrar os ombros de Potter para sacudi-lo e arrancar suas confidências.

Potter pareceu lutar consigo mesmo por alguns momentos antes de decidir.

— Acho que é melhor mostrar a você e você pode… fazer suas perguntas. Você está bem se eu nos aparatar?

Potter lançou-lhe um olhar cauteloso e Draco encolheu os ombros com indiferença, como se seu pedido não importasse.

— Claro. Vou deixar você nos guiar.

Draco estava bem ciente de que esta era uma importante demonstração de confiança, especialmente considerando o passado deles. Ele estava agindo com conhecimento de causa, em resposta à confiança que Potter já depositara nele. Ele esperava que o jovem entendesse que não tinha intenção de traí-lo e que faria tudo o que pudesse para ajudá-lo.

Depois de alguns momentos olhando para ele — como se estivesse tentando ler seus pensamentos — Potter assentiu lentamente e se aproximou dele. Então ele estendeu a mão e Draco a pegou sem a menor hesitação.

A palma de Potter estava quente e úmida, e ele apertou levemente a mão dele, como se quisesse ajudá-lo a se acalmar um pouco. O que quer que ele tenha escondido até agora, Draco tinha certeza de que não o culparia.

Antes de aparatar, Potter se aproximou dele e colocou a outra mão em seu ombro, depois fechou os olhos, com a testa franzida em concentração.

Normalmente, Draco odiava aparições de escolta. Ele odiava não estar no controle de seu destino, provavelmente por causa de sua vida cheia de perigos. Seu coração acelerou quando ele se rendeu a Potter, mas só de olhar para ele o acalmou.

Por mais surpreendente que parecesse depois de sua escolaridade caótica, ele sabia que Potter era digno de sua confiança. Que ele nunca o machucaria intencionalmente e faria o possível para mantê-lo seguro.

Aos olhos de Draco isso era mais que suficiente. Era muito mais do que seu próprio pai lhe havia dado...

Draco deixou-se levar, sem lutar contra a sensação desagradável de aparatar, e pousou suavemente no destino. Em vez disso, Potter tropeçou e enroscou os pés, arriscando fazer os dois caírem. Sem pensar, Draco passou o braço livre em volta da cintura dele para mantê-lo perto.

Eles se abraçaram e Potter olhou para ele por um momento, com os olhos arregalados. Draco o segurou por mais alguns segundos, antes de soltá-lo sem dizer uma palavra. Potter hesitou, então soltou sua mão, antes de gaguejar um hesitante obrigado.

Draco balançou os ombros com um sorriso ligeiramente tenso.

— Eu não ia deixar você cair no chão na linha de chegada. Você provavelmente estava muito... tenso, você apenas tem que seguir em frente.

Potter franziu a testa, como se estivesse considerando suas palavras, então assentiu com cautela. Draco aproveitou a oportunidade para olhar em volta e reconheceu o lugar quase imediatamente. Eles estavam na casinha em Weaver 's End, onde Snape morava.

Ele ergueu uma sobrancelha perplexo, mas Potter evitou cuidadosamente seu olhar antes de murmurar desconfortável.

— Me siga.

Draco obedeceu sem questionar. Ele agora estava particularmente curioso para descobrir o segredinho de Potter, e não conseguia determinar o que poderia deixar o jovem tão hesitante.

Eles entraram silenciosamente na casa escura e sinistra. Draco apurou os ouvidos para tentar perceber outra presença humana, mas o lugar estava silencioso como uma tumba.

Potter parou na frente de uma parte da parede e mordeu o lábio, dando-lhe um olhar nervoso. Então ele sacou sua varinha e sussurrou um "Finite Incantatem”.

Draco não ficou realmente surpreso ao ver a parede que antes parecia sólida tremer e depois desaparecer como uma cortina de fumaça, revelando uma escada.

Ele se inclinou ligeiramente para tentar ver alguma coisa, mas o andar de cima estava mergulhado na escuridão. Mesmo confiando completamente em Potter para não levá-lo a algum lugar perigoso, ele não pôde deixar de ficar nervoso e um pouco assustado. A casa era assustadora e de repente ele temeu o que iria encontrar.

Na esperança de ganhar algum tempo, ele perguntou de repente, tremendo enquanto sua voz ecoava pela casa deserta.

— Como você descobriu esse lugar?

Potter hesitou, com os ombros tensos, então se virou para ele e sussurrou pensativo.

— Talvez eu deva começar a explicar algumas coisas para você antes de subirmos lá. Você já sabe que essa casa é do Professor Snape, certo?

Draco ergueu uma sobrancelha perplexo e assentiu cautelosamente. Potter suspirou e passou a mão pelo rosto, de repente parecendo muito jovem.

— Eu estava lá quando... ele jogou a maldita cobra em Snape.

Faux semblants  Onde histórias criam vida. Descubra agora