Capítulo 71

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Draco achou difícil de acreditar, mas afinal deveria ter se acostumado com isso.

Ele sabia que Harry Potter era um curinga, o único bruxo capaz de mudar o jogo em uma fração de segundo. Ele tinha confiança em si mesmo, sabia que era capaz de acabar com a guerra, mas temia que Harry se machucasse.

Agora... agora ele se sentia muito mais confiante. Ele só precisava pressionar Harry para acreditar um pouco mais em si mesmo e eles ficariam bem.

Ele encontrou o olhar preocupado de Harry e puxou-o para seus braços, tomando cuidado para não tocar na pedra da ressurreição. Ele não sabia quais poderes essa coisa tinha, mas certamente não queria descobrir de repente, no meio de um apartamento miserável no mundo trouxa.

Ele sussurrou, contra o ouvido do jovem.

— Você é… extraordinário, sabia disso?

Harry sendo Harry, as palavras dele o fizeram corar e Draco riu, cheio de um otimismo que não sentia há muito tempo. Ele ergueu uma sobrancelha zombeteira.

— Precisa de mais alguma coisa aqui? Podemos voltar?

Harry olhou em volta e encolheu os ombros.

— O resto das minhas coisas estão na sua casa. Eu simplesmente esqueci completamente... entre a chegada de Hermione e o que aconteceu depois eu...

Draco o silenciou com um beijo e ele riu.

— Só você esqueceria a varinha mais poderosa do mundo mágico num lugar tão miserável...

Harry encolheu os ombros, tentando esconder suas bochechas vermelhas, mas falhando miseravelmente. Draco olhou para ele zombeteiramente e aparatou-os, abraçando Harry quando ele chegou para impedi-lo de tropeçar.

Ele os levou até o sofá e se sentou nele, puxando Harry para seguir seu exemplo.

— Qual é o plano ? Como você vai usar essas coisas?

Harry encolheu os ombros, fazendo beicinho.

— Exatamente. Não sei. Acho que... vou descobrir quando chegar a hora, certo?

Draco torceu o nariz, descontente.

— A improvisação abre a porta para o desastre, sabia? Temos a poção, isso enfraquecera seus poderes. Você tem essa varinha. Você será mais poderoso. Quando ele me ligar, você planeja me seguir, mas terá que ficar escondido até que os outros Comensais da Morte tenham ido embora. Aconteça o que acontecer…

Harry sentou-se.

— O que ? Não! Espere um minuto. Só esperarei se for seguro para você! Eu não estou indo…

Draco revirou os olhos.

— Escute, idiota! Snape estava certo sobre uma coisa: se você entrar como um cachorro em uma partida de boliche, nós dois seremos mortos.

— Mas…

Ele olhou para Harry para silenciá-lo e sorriu quase com ternura ao ver sua expressão amuada.

— Quando eu chegar, ele provavelmente vai querer te lembrar do castigo que recebi e vai lançar a Maldição Cruciatus sobre mim. É a sua maneira de fazer as coisas, lembrar a todos o que arriscamos se não obedecermos a todas as suas ordens. Um Cruciatus, Harry. Nada mais. Ele não vai querer me machucar muito, porque vai precisar de mim para sua maldita poção. Eu deveria ser capaz de responder às suas perguntas...

Harry rosnou.

— Eu não gosto disso.

Draco encolheu os ombros.

— Não gosto de ser submetido à Maldição Cruciatus, mas teria tomado uma poção analgésica. Você estará lá, ao meu lado, Harry. E então, com sorte, você terá a chance de enfrentá-lo.

Harry engoliu em seco.

— Farei o meu melhor.

Draco olhou para ele com cuidado, então beijou Harry suavemente e sussurrou.

— Por mim está tudo bem. Apenas... não entre sem pensar, ok? Se realmente houver algum problema, eu te aviso, se você quiser. Mas jure para mim que você não fará nada estúpido.

Harry lançou-lhe um olhar que pretendia ser inocente, mas Draco o encarou por um longo tempo, até que ele desviou o olhar, um pouco envergonhado.

Eles ficaram sentados em silêncio por alguns minutos, cada um perdido em seus pensamentos. Olhando de lado na direção de Harry, Draco percebeu que ele estava com a testa franzida e mordendo o lábio, um sinal de que estava imerso em pensamentos. Com um suspiro, ele sussurrou.

— O que você tanto pensa?

Harry hesitou, então finalmente o soltou, um pouco nervoso.

— Você deveria levar as relíquias. A capa, a pedra e a varinha. Talvez…

Draco ergueu uma sobrancelha perplexo.

— Você quer que eu seja o único a matá-lo?

Harry pareceu horrorizado e balançou a cabeça bruscamente.

— Não! Claro que não! Nunca vou te perguntar isso, eu sei que é... Cabe a mim fazer isso. Eu só estava pensando, não preciso necessariamente de mais energia, sabe? Mas se você tiver que ficar atento, pode ser… mais útil?

Draco rosnou.

— Atormentar. Você fica com essas coisas e derruba ele com elas. Quero ter certeza de que você tem todas as cartas em mãos para derrotá-lo.

Harry suspirou.

— Você provavelmente está certo.

Draco riu, levemente zombeteiro, tentando aliviar o clima.

— Obviamente! Diga-me, Snape sabe? Sobre as relíquias?

Harry franziu a testa, perplexo. Então, ele balançou a cabeça.

— Eu não penso assim. Ele sabe que eu tenho a capa da invisibilidade, ele já falou bastante sobre isso. Suponho que ele também saiba que eu peguei a varinha de Dumbledore, mas não tenho certeza se ele percebeu que eu ainda a tinha. Quanto à pedra... Dumbledore me deixou um pomo encantado que a continha para que ninguém saiba que eu a tenho, além de Ron e Hermione.

Draco suspirou.

— Tudo bem. Só falta esperar, certo?

Harry assentiu, seus olhos perdidos no espaço. Draco se inclinou em direção a ele, até que chamou sua atenção, e eles trocaram um sorriso conhecedor.

Após uma breve hesitação, durante a qual Draco se perguntou como ele poderia ter tanta sorte, ele se inclinou para beijar Harry e pensou que nunca se cansaria disso.

Quando conheceu Harry Potter há tantos anos atrás e este recusou sua amizade, ele nunca imaginou que um dia chegaria a esse ponto. Ele não se atreveu a perguntar a Harry qual era exatamente o relacionamento deles, por medo de que tudo terminasse abruptamente.

Até que eles tivessem a chance de conversar sobre o futuro, ele iria aproveitar ao máximo possível…

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