Já era quase noite quando Draco saiu de seu laboratório, exausto, mas satisfeito. Ele preparou uma poção usada em magia medicinal para curar queimaduras, alterando o ingrediente ativo para cabelo de unicórnio. O pó de asas de fada permitiu-lhe estabilizar a mistura, dando-lhe um primeiro resultado para apresentar.
Obviamente, Voldemort não sofreu queimaduras, mas sua pele estava danificada, quase escamosa, e a presença de pêlos de unicórnio poderia melhorar significativamente sua condição. Ao menos era o que o jovem esperava. De qualquer forma, Draco não podia fazer nada sobre a falta do nariz ou da língua bifurcada…
Nesse ínterim, ele ganhou um tempinho e até se deu a oportunidade de investigar a presença de Potter no mundo trouxa.
Draco rapidamente tomou um banho para tirar o cheiro nauseante dos vapores da poção de sua pele, então se vestiu de preto da cabeça aos pés, antes de esconder seu cabelo muito claro sob um boné preto.
Antes de sair de seu apartamento, ele guardou cuidadosamente a poção preparada para Voldemort e trancou seu laboratório — um pouco de paranóia não fazia mal — então aparatou.
Ele chegou em um beco escuro do mundo trouxa, não muito longe do bar que costumava frequentar. Ele olhou ao redor para se certificar de que ninguém havia surpreendido sua chegada e relaxou, satisfeito. Como sempre, o lugar estava completamente deserto.
Permanecendo nas sombras, caminhou até o final do beco deserto e sorriu, satisfeito, notando que tinha uma visão perfeita da frente do bar.
Acomodou-se o mais confortável possível, com as costas apoiadas na parede, e começou a observar as idas e vindas. Ele tinha certeza de que ninguém prestaria atenção nele. Os trouxas que passavam e viam sua silhueta pensavam em um morador de rua e desviavam o olhar, como sempre faziam quando se deparavam com a pobreza.
A noite foi longa e chata. Draco não viu nenhum bruxo se aproximando do bar e não havia nada de estranho. Tudo era desesperadamente comum, foi isso que o atraiu para este lugar em primeiro lugar…
O garçom que Draco notou fez algumas viagens para jogar lixo em um recipiente fora do bar e nunca usou magia, mesmo quando algumas das sacolas pareciam extremamente pesadas e ele estava completamente sozinho.
O jovem nem parecia nervoso, como deveria estar um fugitivo ameaçado de morte e obrigado a se esconder.
Draco franziu os lábios, perplexo. A semelhança que ele imaginava com Potter já não era tão óbvia, pois ele observava atentamente o jovem e não tinha a menor ideia de que ele era um bruxo escondido do mundo mágico.Com um suspiro, Draco se levantou e limpou a poeira das calças, não sem antes lançar um olhar saudoso na direção do bar. Ele tinha acabado de passar a noite espionando as idas e vindas de trouxas desconhecidos e tudo parecia seguro. Ainda assim, ele não tinha certeza se era sensato continuar frequentando o estabelecimento, especialmente agora que havia sido notado.
Draco balançou a cabeça e se virou, pronto para entrar no beco escuro para aparatar em casa, quando um grito o fez congelar.
Ele se virou surpreso e viu o garçom olhando para ele. Ele o saudou mais uma vez, acenando para que ele viesse com um largo sorriso.
Draco rosnou, irritado. Ele dificilmente poderia fingir que não ouviu, e se entrasse em um beco sem saída e desaparecesse ali, arriscaria enfraquecer o segredo mágico. Ele teria dificuldade em explicar como poderia ter desaparecido no ar quando entrou em um impasse sombrio…
Com um suspiro irritado, ele caminhou lentamente em direção ao bar, tentando se convencer de que uma bebida não o mataria e que ele sempre poderia tentar descobrir quem poderia ter colocado a mensagem de Potter em seu bloco de notas.
O garçom esperou pacientemente e ergueu uma sobrancelha zombeteira quando Draco chegou ao alcance da voz.
— Por um momento, pensei que você fosse fugir…
Draco encolheu os ombros, mas não respondeu, apenas olhando para o jovem. Este último não pareceu se importar e acenou com a mão em direção à porta do bar.
—Você não vem?
Draco torceu o nariz, com um suspiro.
— Eu realmente não pretendia beber esta noite.
Eles se encararam por um longo momento, então o jovem soltou uma risada divertida. Ele estendeu a mão enquanto anunciava, sorrindo.
— Meu nome é Evan. E você ?
A sensação de déjà vu quase fez Draco cambalear. Anos atrás, foi ele quem estendeu a mão para Potter... Ele sacudiu a sensação de desconforto que o dominava e apertou a mão oferecida sem sorrir, murmurando seu nome de má vontade.
— Draco.
O homem chamado Evan não pareceu surpreso com seu nome incomum, apenas inclinou a cabeça com curiosidade.
— Você ainda não quer entrar um pouco? Está muito tranquilo esta noite se você não gosta de companhia…
Draco desistiu de listar todos os motivos pelos quais continuar vindo a este lugar era perigoso para ele, e grunhiu antes de entrar, ignorando o sorriso vitorioso de Evan, assim como ignorou a mudança para a informalidade. Ele acenou com a cabeça para Pete, o barman, que sorriu gentilmente para ele, antes de retornar à sua mesa habitual e se acomodar com um suspiro resignado. Estranhamente, ele ainda se sentia seguro neste bar, embora dois trouxas estivessem um pouco interessados em sua presença.
Ele não precisou esperar, pois Evan chegou quase imediatamente com um sorriso feliz e colocou uma caneca de cerveja na frente dele. Ele então afundou na cadeira ao lado de Draco e riu ao ver a expressão de surpresa do jovem.
— É minha folga. Achei que poderíamos conversar, certo?
Draco tomou um gole, sem pressa, então largou a caneca e encolheu os ombros casualmente.
— Não gosto de discutir.
Evan olhou para ele, então ergueu uma sobrancelha zombeteira, traçando padrões complicados com a ponta do dedo sobre a mesa na condensação causada pela cerveja de Draco.
— Realmente ? Porém, ao ver você, tive certeza de que você era o tipo de cara popular da escola. Veja bem, o estilo de ter uma corte de admiradores e amar ser o centro das atenções.
As palavras atingiram Draco com força e ele sentiu sua boca secar enquanto olhava para o garçom à sua frente. Ele se forçou a engolir, com as mãos apertando a caneca, para se acalmar, embora seu coração estivesse batendo descontroladamente.
Ele estreitou os olhos, olhando para ele com fome, tentando encontrar algo na aparência de Evan que pudesse lhe dar certeza.
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Faux semblants
FanfictionA Segunda Guerra Bruxa terminou, mas infelizmente Harry Potter falhou. O jovem foi morto para grande consternação de Draco Malfoy... Este último esperava secretamente que Potter pudesse libertar o mundo mágico da loucura de Voldemort. O mundo mágico...