Capítulo 43

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Harry olhou para o suspiro chocado de Malfoy e franziu a testa.

— Você não sabia ?

Malfoy balançou a cabeça.

— Você já me contou sobre a morte de Snape, mas eu não sabia que você testemunhou tudo. O seu... seu assassinato.

Harry olhou para o andar de cima escuro, então agarrou a mão de Malfoy e puxou-o para a sala. Eles se acomodaram no sofá, viraram-se ligeiramente um para o outro e Harry lambeu os lábios nervosamente.

— Devo começar esta história ainda mais cedo, eu acho. O dia em que Dumbledore morreu.

Malfoy ficou tenso e Harry pegou sua mão novamente, apertando-a suavemente, na esperança de fazê-lo entender que não teve escolha. Ele olhou para o jovem e tentou ignorar a culpa que viu nos olhos cinzentos, para lhe contar o que havia descoberto ao longo do tempo.

— Os Comensais da Morte entraram em Hogwarts e você teve que enfrentar Dumbledore. No entanto, você não é como eles e não poderia matá-lo.

Malfoy fez uma careta e cuspiu, evitando olhar para Harry.

— O que você sabe sobre isso? Quem te disse que eu não ia fazer isso?

Harry deixou passar alguns segundos antes de responder baixinho.

— Eu estava lá desde o início. Dumbledore me surpreendeu sob minha capa de invisibilidade e só consegui me libertar do feitiço quando ele morreu... Eu testemunhei todo o seu confronto.

A pele de Malfoy ficou pálida e Harry apertou sua mão com um pouco mais de força, recusando-se a soltá-la quando ele lutava fracamente. Finalmente, Malfoy desistiu.

— Por que me contar isso?

Harry encolheu os ombros.

— Está tudo conectado, Malfoy. Naquele dia, você não poderia matá-lo e foi Snape quem fez isso por você.

Amargo, Malfoy assentiu.

— Nós dois fomos punidos de acordo por... desobedecer.

Harry sorriu tristemente e continuou.

— Durante a Batalha de Hogwarts, Vo… ele foi diretamente ao túmulo de Dumbledore e abriu-o para pegar a varinha do diretor.

Malfoy franziu a testa e depois encolheu os ombros.

— Achei que fosse algum tipo de provocação gratuita. Atacar Hogwarts com a varinha do seu maior defensor, algo assim...

Harry soltou uma risada nervosa e balançou a cabeça, o rosto fechado.

— É muito mais que isso. Dumbledore tinha uma varinha especial e muito poderosa. Uma relíquia inestimável, que alimentou sua luxúria. A varinha de sabugueiro. Uma das Relíquias da Morte.

Malfoy parecia perplexo.

— Não é uma lenda?

Harry sorriu.

— Minha capa de invisibilidade é outra das relíquias. Eles são realmente reais. Depois... não sei se eles são apenas muito poderosos ou se há mais. Dumbledore ficou... fascinado por essas relíquias, mas nunca conseguiu reuni-las totalmente.

Malfoy permaneceu em silêncio, digerindo a informação. Então ele murmurou, com as sobrancelhas franzidas.

— O que isso tem a ver com Snape?

Harry se levantou, ciente do que iria dizer ao jovem, então continuou.

— Ele tinha a varinha de Dumbledore, mas não era seu mestre. Para controlá-lo, ele teve que… matar a pessoa que o possuía. A pessoa que matou Dumbledore.

Malfoy ficou pálido e se encolheu, mas Harry não soltou sua mão, entrelaçando os dedos com um sorriso triste.

— Ele matou Snape para se tornar mestre da Varinha das Varinhas. No entanto, ele não sabia de um detalhe. Antes de Snape chegar, quando você estava enfrentando Dumbledore, você o desarmou.

Malfoy sussurrou incrédulo.

— Ele deixou acontecer. Dumbledore.

Harry encolheu os ombros.

— Talvez. Ele também estava mais fraco, sua mão foi afetada por um feitiço de magia negra, lembra? Quer tenha sido intencional ou não, naquela noite você se tornou o mestre da varinha das varinhas, mesmo sem saber.

Malfoy lambeu os lábios nervosamente.

— É por isso que ele queria que eu matasse Dumbledore. Ele queria... me matar em seguida. A intervenção de Snape arruinou seus planos e ele o matou...

Harry sorriu.

— Exato. Então, quando você me deixou desarmá-lo tão facilmente no dia em que os invasores nos capturaram... eu me tornei o mestre desta varinha também.

Os olhos de Malfoy se arregalaram, antes de soltar uma risada nervosa.

— Sendo o mestre da varinha dele, ele não poderia te matar, poderia?

Harry assentiu, sem insistir no assunto. Ele não pretendia debater as razões de sua sobrevivência ao Avada jogado contra ele. Ele continuou sua história, ainda segurando a mão de Malfoy. Este último relaxou e não tentou se afastar, até parecia se consolar com o contato deles.

— No dia da Batalha de Hogwarts, quando vi Snape sendo chamado, eu o segui. Eu ainda duvidava de sua lealdade, mais do que nunca, na verdade. Achei que ele iria revelar sua verdadeira face e eu poderia... não sei... talvez me vingar dos anos de bullying sendo eu quem o impediria. Exceto que as coisas realmente não aconteceram do jeito que eu pensei que aconteceriam. Ele imediatamente atacou Snape, jogando sua cobra amaldiçoada nele. Eu gostaria de poder ter feito alguma coisa, mas estava impotente. Quando ele saiu, corremos até o professor para tentar ajudá-lo e ele parecia... tão fraco. Ele me deu lembranças e ficamos com ele o maior tempo possível.

Harry piscou, lembrando-se do olhar de Snape e de como ele se sentiu quando o corpo do homem de repente relaxou ao seu lado. Ele lamentou sinceramente por ele, embora o odiasse tanto durante seus estudos. Ele engoliu em seco e balançou a cabeça.

— As memórias de Snape... foram um verdadeiro choque. Ele conhecia minha mãe desde a infância e acho que a amava. Ele me odiava por ser tão parecido com meu pai, especialmente porque meu pai era um idiota em Hogwarts. No entanto, Snape era espião de Dumbledore desde a morte de minha mãe e jurou me proteger. Foi isso que ele fez, em última análise, todos esses anos. Mesmo que seu método fosse bastante questionável, ele me manteve o mais seguro possível.

Malfoy objetou bruscamente, com as sobrancelhas franzidas.

— Mas ele foi horrível com você!

Harry não pôde deixar de rir.

— Ele me deixou louco de raiva, você quer dizer! Preconceituoso, injusto, desdenhoso, zombeteiro... ele foi provavelmente o pior professor de toda a história de Hogwarts, de fato. Mas ele não hesitou em se colocar entre mim e um lobisomem para me proteger.

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