Faux semblants

Capítulo 35

Harry observou Malfoy cuidar de Hermione com o canto do olho enquanto o ajudava da melhor maneira que podia, sentindo-se inútil, e não pôde deixar de se sentir grato.

Naquele momento, ele se arrependeu de todas as discussões, bem como de todas as palavras desagradáveis ​​que havia dito a ele.

Claro, Harry sabia que eles iriam discutir novamente e ele esqueceria esse exato momento, mas nada mudaria o fato de que se Harry tivesse lhe dado uma chance, talvez o jovem nunca tivesse recebido a marca negra.

Ele nem piscou quando Malfoy pegou sua varinha e lançou um feitiço em Hermione, confiando nele completamente, mais uma vez. Como se estivesse lendo seus pensamentos, Malfoy olhou para ele com uma expressão aliviada e deu um breve sorriso.

— Ela está bem e o bebê também. Bem, o melhor possível, dadas as circunstâncias. Eu realmente não sei como monitorar uma gravidez, então não posso te contar mais, mas posso fazer algumas pesquisas.

Harry sorriu de volta, aliviado.

— Obrigado, Malfoy. Sou capaz de tratar alguns pequenos ferimentos, mas minhas habilidades terminam aí.

Houve um momento estranho em que eles se encararam em silêncio, então Harry passou a mão pelos cabelos, nervoso. Ele abriu e fechou a boca, mas Malfoy chegou antes dele perguntando, em um tom neutro.

— Você tem um lugar para escondê-la? embora eu duvide que ela esteja disposta a ficar segura.

Harry suspirou.

— Acho que terei que entrar em contato novamente com... os Weasleys. Eu não queria envolvê-los nisso novamente e fiquei bastante aliviado ao saber que a família tinha ido ficar com Charlie.

Malfoy ergueu uma sobrancelha zombeteira, bufando.

— Parece que eles estão envolvidos até o pescoço na guerra com ou sem você, Potter.

Envergonhado, Harry desviou o olhar.

— Sim. Eles provavelmente ficarão bravos comigo por desaparecer sem... mantê-los informados.

Malfoy olhou para ele por um longo tempo, então encolheu os ombros e anunciou em tom neutro.

— Ou há outra possibilidade. Minha mãe aparentemente está em contato com sua irmã Andrômeda e suponho que ela poderia cuidar de Granger.

Harry não pôde deixar de sorrir.

— Sim, ela estaria segura com Andrômeda. E lá está Teddy. Acredito até que Andrômeda poderia cuidar da gravidez de Hermione, me parece que ela era uma espécie de medibruxa.

Malfoy não comentou sobre a solução perfeita que Harry escolheu para evitar seus amigos. Ele nem iria se mostrar na frente de Hermione se pudesse evitar.

Parte dele pensava que ela estaria muito mais segura se nem soubesse que ele estava vivo e planejando uma resposta ao reinado de terror de Voldemort. Porém, se ele tivesse que ser honesto consigo mesmo, o principal motivo de seu desejo de permanecer escondido era o medo de como seus amigos reagiriam.

Ele os havia abandonado, sem olhar para trás. Ele poderia inventar todas as desculpas do mundo para justificar sua reação, mas no final, ele tinha sido apenas um covarde. Ele não queria explicar ou ver seus olhares desapontados ou preocupados.

Ele permaneceu escondido, nunca dando sinal de vida e, embora tivesse vergonha disso, ele não estava arrependendo. Este período foi solitário, mas também benéfico. Durante esses poucos meses, ele descansou sem sentir o peso das expectativas do mundo mágico.

Desde que descobriu que era um bruxo, sua “missão” pesava muito sobre seus ombros. A maioria dos bruxos só via uma arma para derrotar o mago das trevas que os assustava, mas felizmente seus amigos o apoiaram.

Ele ficou grato pelo apoio deles, pela forma como o trataram, como se ele fosse um adolescente normal. Porém, desde a morte de Dumbledore, seus amigos se voltavam cada vez mais para ele, como se esperassem que ele tomasse as rédeas.

Harry nunca se sentiu um líder e não queria assumir o papel de líder da resistência. Se ele tivesse ficado com eles, seus amigos e os membros restantes da Ordem da Fênix teriam se reunido ao seu redor e seguido suas instruções.

Ele provavelmente era egoísta, mas não queria voltar ao seu antigo papel. Este Harry Potter estava morto, bem e verdadeiramente morto.

Ele estava determinado a lutar, a desafiar Voldemort se necessário, mas não queria ser um símbolo no qual os bruxos confiariam.

Harry piscou ao perceber que estava perdido em pensamentos por um momento e corou levemente ao ver que Malfoy ainda estava olhando para ele.

Harry engoliu em seco e se forçou a se concentrar, olhando mais uma vez para Hermione, que parecia tão frágil e magra naquela cama. Pelo menos ela não tinha mais hematomas como quando chegou.

Então, ele sussurrou, hesitando um pouco.

— Talvez eu devesse aproveitar o descanso dela para ir... bem... pensei em trazer algumas sugestões novas de poção para... o rosto dele. Além disso, você não me disse se funcionou.

Os olhos de Malfoy brilharam e ele soltou uma risada nervosa.

— Melhor do que esperávamos. Ele agora tem um nariz humano. Na verdade... não tenho certeza se podemos fazer melhor. Já é milagroso termos conseguido modificar algumas de suas características.

Harry soltou uma leve risada.

— Você fez a maior parte do trabalho, Malfoy. Acho que ele ainda será monstruoso, mas não se contentará com o que conseguiu, não é?

Malfoy fez uma careta.

— Não sei o que ele está esperando e não tenho certeza se quero saber. Talvez eu devesse correr o risco e perguntar diretamente a ele? Posso dizer a ele que é para orientar minha pesquisa?

Harry rosnou, cerrando os punhos enquanto pensava no que Voldemort poderia fazer com Malfoy.

— Você não deveria... correr tantos riscos, Malfoy. Talvez eu devesse acelerar e encontrar uma maneira de confrontá-lo para acabar com isso.

Malfoy bufou.

— Você não está pronto, Potter. E você precisa de um plano sólido se quiser superar isso. Eu posso sobreviver a algumas Maldições Cruciatus, você sabe... E ele não vai me matar tão facilmente, ele se preocupa muito com minhas habilidades no momento.

Harry hesitou, depois balançou a cabeça.

— Mas ele vai te machucar de novo e de novo. Você não deveria ter que voltar e é hora de eu fazer alguma coisa…