Capítulo 40

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Às vezes — muitas vezes, embora tivesse que ser honesto — Draco achava sua mãe exasperante. Mesmo que ela demonstrasse perfeita docilidade na frente de seu pai, Draco sabia que era apenas uma fachada e que ela estava acostumada a fazer o que queria.

Independentemente do que Lucius dissesse, era sua esposa quem controlava a casa. Foi a vingança de Narcisa por ter sido lançada em um casamento que ela não queria, com um homem que era, na melhor das hipóteses, indiferente.

Embora ele já fosse adulto, sua mãe continuou a tratá-lo como uma criança e nunca se importou com suas objeções.

Ele quase esperava um comentário sobre a presença do corvo que ela já havia encontrado em sua casa, mas ela não disse uma palavra sobre o assunto.

Com um suspiro, ele direcionou a mãe para o quarto e, sem surpresa, o corvo os seguiu voando, pousando no guarda-roupa em frente à cama. Quando a porta se abriu, Granger estava meio endireitada e os observou entrar com os olhos arregalados, com uma pitada de pânico em seus olhos. A jovem não prestou atenção ao corvo que a observava de perto, como se ele não tivesse a menor importância.

Narcisa sorriu suavemente.

— Olá, senhorita. Como você está se sentindo?

Claro, Granger permaneceu em silêncio, seu olhar oscilando entre Draco e sua mãe. Draco sentiu pena dela brevemente, ele suspeitava que ela estava tendo problemas para entender tudo o que estava acontecendo. Ela tinha motivos para suspeitar, especialmente depois de ser torturada…

Narcissa não se ofendeu com a falta de resposta. Ela sorriu gentilmente para a jovem.

— Parece-me que você já conheceu minha irmã mais velha? Andrômeda?

Se Granger ficou tensa com a palavra “irmã”, o nome Andrômeda a acalmou e ela assentiu, ainda cautelosa. Narcisa continuou, calmamente, como se estivesse acostumada com esse tipo de situação.

— Vim permitir que você complete sua convalescença em Andrômeda. Ela foi informada de sua condição e espera por você com impaciência.

Desta vez, Granger soltou um soluço nervoso. Ela gaguejou, com a voz embargada.

— obrigada!

Narcisa abaixou a cabeça e suspirou desconfortavelmente.

— Eu gostaria de fazer muito mais, senhorita.

Granger sorriu hesitante e agradeceu a Narcissa mais uma vez, então olhou em volta antes de olhar para Draco. Este último ficou tenso, mas não teve tempo de impedi-lo de fazer a pergunta que temia.

— Onde está Harry?

Houve um silêncio pesado enquanto Draco cerrava os dentes esperando pela reação de sua mãe. Narcissa permaneceu em silêncio, apenas mostrando um leve sorriso.

Draco suspirou e murmurou, esperando que Granger não fizesse mais perguntas ou criasse dificuldades.

— Ele deve ter saído. Não sei quando ele estará de volta.

A jovem franziu os lábios antes de assentir secamente. Ela colocou a mão na barriga e se perdeu em pensamentos por alguns momentos, antes de suspirar.

— O que vai acontecer agora?

Para surpresa de Draco, sua mãe se aproximou lentamente de Granger e colocou a mão em seu ombro.

— Assim que Draco tiver a gentileza de destravar sua lareira, nós a levaremos para ir até a casa de Andrômeda. Minha irmã cuidará de você até o final da gravidez, saiba que ela é parteira e fará com que ninguém a encontre.

Granger soltou um soluço nervoso e ela assentiu novamente, provavelmente perdendo o juízo. Draco virou-se para ir para a sala e obedecer a sua mãe — abrir a passagem para uma viagem com o pó de flu — mas ele fez uma pausa e virou a cabeça. Seu olhar pousou primeiro no corvo que estava observando o que estava acontecendo na sala, antes de parar em Granger.

— Você não deve contar a ninguém sobre a presença dele aqui. Ele deve continuar... morto.

Hermione piscou surpresa e imediatamente protestou com uma expressão teimosa.

— Mas se Harry está vivo, ele precisa de ajuda! Ele precisa de nós e o mundo mágico precisa saber que nem tudo está perdido.

Draco estreitou os olhos, esquecendo a presença de sua mãe. Ele cuspiu, irritado.

— Ele não precisa de ajuda! Acima de tudo, ele não precisa se preocupar com você se você for capturada novamente! Ele está bem sozinho... E não me fale sobre o mundo mágico... você quer que ele seja insultado e desprezado no Profeta novamente? Que ele volte a ser um alvo que todos procuram? As coisas são muito mais simples assim.

Granger engasgou e uma lágrima escorreu por sua bochecha. Sua mãe rosnou, olhando para ele.

— Você não precisa ser cruel, Draco!

Draco engoliu em seco, desconfortável, mas não se desculpou. Ele quis dizer cada palavra dita e ficou furioso porque Granger estava disposto a entregar seu amigo aos bruxos... uma parte do mundo bruxo exigiria que ele corresse para desafiar Voldemort para um duelo e vencê-lo, a outra parte acusaria por qualquer coisa e todos iria humilhá-lo ou reprová-lo por sua inação nos últimos meses.

Draco sabia perfeitamente que o Profeta era completamente corrupto, ainda mais desde que Voldemort havia assumido o controle do mundo mágico. A partir de agora foi mais propaganda do que jornalismo, todos trabalhando para elogiar o mago negro que incendiou o país...

Pelo canto do olho, ele viu Potter em sua forma animaga levantar voo e quase esperou que ele pousasse na frente de Granger, para confortá-la do seu próprio jeito. Onde ele assume novamente a forma humana para intervir e censurá-lo por sua língua afiada.

Contudo, o corvo pousou em seu ombro, muito suavemente, e Draco ergueu a mão para acariciar suavemente sua cabeça.

Ele ignorou o olhar curioso da sua mãe e murmurou algumas palavras antes de sair da sala.

— Vou destrancar a lareira. Prepare-se, pretendo ficar seguro aqui e não deixar o acesso aberto por muito tempo.

Sua mãe e Granger permaneceram em silêncio, para seu alívio. Uma vez fora do caminho, ele parou em frente à lareira e sussurrou para Potter, ainda empoleirado em seu ombro.

— Me desculpe por ter sido um pouco duro com ela, mas estou convencido de que conseguiremos melhores resultados sendo discretos. Ir de cabeça não funcionou da primeira vez, talvez seja hora de usar um pouco de malandragem.

O corvo fez um barulho grasnado que fez Draco sorrir. Harry pegou uma mecha de cabelo loiro com o bico, alisando-o como se estivesse acariciando sua cabeça.

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