Cinzas De Um Fogo Qualquer (Izuku Vigilante)

Capítulo 24- Adiar o jantar em família

_____________________________

Às vezes, a vida não é uma droga.

Claro, isso acontece apenas às vezes. Na maioria das vezes, a vida parece ter a intenção de dar uma surra metafórica e literal em Izuku. Os últimos quase nove meses desde que ele descobriu que tinha uma peculiaridade foram emocional e fisicamente exaustivos e, honestamente, a única razão pela qual Izuku ainda está aqui é porque ele literalmente não tem escolha no assunto. Mas mesmo antes de tudo isso, a vida não era muito mais fácil. Afinal, ele acabou naquela ponte por um motivo.

Mas, correndo de volta para a garagem com o número de um de seus heróis favoritos no telefone e o peso de manter sua peculiaridade em segredo, as coisas parecem um pouco mais brilhantes. Eraser, Aizawa, não está morto nem tão ferido. Ele não está bravo com Izuku por mentir ou deixá-lo sozinho na luta. Ele nem mesmo treinou Izuku para obter respostas sobre sua peculiaridade ou sua vida. Aizawa meio que deixou Izuku decidir o que ele queria contar a ele, quanto de sua história ele estava pronto para compartilhar.

Não é que ele realmente esperasse algo diferente de Aizawa. Ele provou seu valor repetidamente enquanto eles patrulhavam juntos, mas também não é como se Izuku tivesse uma grande história de adultos em quem pudesse confiar. Mesmo com a quantidade de confiança que Aizawa conquistou, Izuku não pode deixar de sentir que tudo isso está prestes a ser arrancado dele, como se tudo isso fosse bom demais para ser verdade. Mas, decide Izuku, essa é uma possibilidade a ser enfrentada quando o problema surgir. Por enquanto, ele decide que merece uma pausa, um momento de alívio, e que vai aproveitar enquanto pode.

Ele praticamente desce as escadas da garagem, com um sorriso estúpido estampado no rosto enquanto abre a porta.

“Toshi, eu não poderia ter notícias melhores”, diz Izuku, tirando as botas e começando a se livrar do equipamento de apoio.

“Você encontrou um bilhete de loteria premiado?” Toshi pergunta sarcasticamente de seu lugar confortável no sofá.

“Tenho boas notícias!” Izuku se corrige, caindo no sofá ao lado do amigo. “Tenho mais fatos sobre o Eraserhead para você, Candy.”

Isso parece chamar a atenção de Toshi, o adolescente de cabelos lilás sentado e de frente para Izuku. "Você faz? Como? Espere, isso significa...?

“Eu o vi esta noite. Ele está bem,” Izuku diz, seu sorriso se tornando mais suave e sincero. "Ele está realmente bem."

Toshi encara Izuku por um longo momento, seus olhos mal brilhando com lágrimas não derramadas, e Izuku de repente percebe que Toshi estava muito mais preocupado com toda essa situação do que ele estava deixando transparecer. “Ah, isso é bom,” ele diz, piscando duramente enquanto solta uma risada aguada, “Fico feliz em saber que você tem seu acompanhante de volta. Seu traseiro imprudente precisa de alguém para cuidar de você.”

Izuku junta as sobrancelhas em preocupação, examinando o rosto de Toshi. “O que realmente aconteceu, Toshi?” Ele pergunta, indo direto ao ponto. Izuku percebe que há mais para o alívio de Toshi e não faz sentido nenhum deles fingir o contrário.

Toshi faz uma pausa, como se estivesse considerando suas opções, mas deve decidir não fingir ignorância porque suspira e deixa seus ombros caírem um pouco. “Você se lembra, quando nos conhecemos e estávamos conversando sobre nossos heróis favoritos? E eu disse que uma noite encontrei Eraserhead enquanto ele estava patrulhando?"

Izuku pensa por um momento, tentando se lembrar da conversa que tiveram meses atrás. "Eu penso que sim? Não me lembro do resto da história, no entanto."

“Isso é porque eu nunca te contei o resto da história. Essa foi talvez apenas a terceira ou quarta vez que nos falamos. Eu não ia contar isso para um estranho”, diz Toshi, recostando-se no sofá e puxando um travesseiro para o colo, pegando a borda do tecido para ocupar as mãos. “Ainda não é exatamente minha história favorita para contar, mas, bem, você é a coisa mais próxima que tenho de família. Se não fosse você, para quem eu contaria?