– Você deve achar isso muito divertido, não é? – Simone adentrou o quarto da delegação brasileira à passos pesados e fechou a porta atrás de si com tamanha força que todas as atletas ali pararam imediamente o que estavam fazendo para lhe observar. – Responde, Andrade!
– Ih! Agora o caldo engrossou. – Lorrane disse, se levantando da cama. – Jade, Flavinha, Júlia... – Dirigiu-se as outras ali. – Vamos sair um pouquinho. Deixaremos as madames conversarem.
– Boa sorte, Rebequinha! – Júlia a tocou no ombro, antes de sair da cama.
– Desculpa, eu não tenho como te defender, Rebe. – Jade meneou com a cabeça. – Vamos. – Dirigiu-se a porta com as outras.
Rebeca esperou a porta ser fechada e, antes que Simone pudesse dizer alguma coisa, colocou os óculos. Naquele pequeno espaço de silêncio, começou a repassar os momentos de seu dia para encontrar algum motivo para que ela estivesse chateada, mas não parecia lembrar.
– Do que está falando?
– Que história é essa de Trema Biles, Trema? – Simone perguntou, colocando as mãos na cintura. – Você tem ideia do que está provocando?
– Eu sinto muito, mas não posso fazer absolutamente nada. Não sou dona do twitter. – Rebeca mantinha o seu tom calmo de sempre, mas logo se calou ao se lembrar da mulher furiosa à sua frente.
– Andrade... Andrade... Para com esse tom sonso pelo amor de Deus... – Biles falava de forma reticente enquanto andava lentamente de um lado para o outro. – Não me faz pular no seu pescoço.
Rebeca se levantou.
– Se você me disser o que está acontecendo, as coisas ficarão mais fáceis. – Disse, mantendo uma distância segura. – Se acalma, por favor... E me diz o que está acontecendo.
Simone não disse nada, apenas pegou o celular, abriu o twitter e mostrou a ela o que estava acontecendo. Rebeca teve vontade de rir, pois como uma autêntica brasileira, sabia muito bem como os brasileiros – principalmente os usuários dessa rede – podiam ser peculiares com os seus memes e tags. Pelo que estava percebendo, estavam mesmo dando um apavoro em Biles. O riso interno estava lhe consumindo.
– E então? Não vai dizer nada?
– São só memes. Não fica bolada com isso.
– Isso está afetando a minha imagem! Se essas pessoas acham que uma atleta qualquer pode me desafiar, eu...
– Ei! Controle a boquinha, meu bem. Não sou qualquer atleta, ouviu bem? – Rebeca rebateu. – Tenho lutado muito até aqui para representar o meu país e você está mal acostumada a ser bajulada e engrandecida, pelo que vejo.
– Olha, você... Você não fala assim comigo!
– Espera um pouquinho! Você que entrou aqui e começou a surtar. Não vem querer crescer aqui, não. – Rebeca conseguiu perder a sua calma. Não costumava se importar com a opinião das pessoas sobre sua pessoa mas desmerecer o seu trabalho sem conhecer a sua história era afrontoso demais. – Você não gosta de joguinho midiático? Aguente as consequências!
– Eu exijo que você impeça esse movimento contra a minha pessoa imediatamente!
– Já disse que não sou dona do twitter. – Rebeca respondeu duramente, fechando a expressão. – E quer saber de uma coisa, Biles? Nem tudo é sobre você. Aprende de uma vez: você não é o centro do mundo. Ninguém tem que fazer tudo o que você quer.
– Isso o que você está fazendo é um absurdo, Andrade! Não tem esse direito de...
– Quem não tem nenhum direito aqui é você! – A brasileira, naquele instante, abandonou de vez a calma, demonstrando um lado seu que até, então, Biles não conhecia. – Olha bem, Biles... Como você já deve saber, não gosto de discussões e muito menos sou uma mulher de cabeça quente, mas fique sabendo que não admito nenhum tipo de ataque pessoal dessa forma, entendeu bem? Então, se não quiser que as coisas fiquem piores entre nós e essa rivalidade venha a ser uma realidade, acho melhor você ir embora. Agora mesmo.
Simone não moveu um músculo. A discussão não iria acabar até que a palavra final fosse sua. Se irritou ainda mais porque Rebeca não estava disposta a colaborar.
– Muito bem... Se não quiser sair, saio eu. – Andrade deu um ultimato. Mas, ao se mover, foi segurada no braço por ela.
– Espera aí! Você não vai me deixar falando sozinha! – Simone praticamente gritou, puxando-a em sua direção.
– Acho melhor você me soltar. – Rebeca trincou a mandíbula. Odiava que lhe segurassem daquela maneira.
– Ou o quê? – Biles encarou.
Provocação. Aquela era uma palavra-chave que mexia com a mente de Rebeca. E com Simone à sua frente, com aquela pose dura e a raiva que estava lhe fazendo passar, sentiu tesão. Já não sabia se era uma briga ou um jogo sexual, só tinha certeza de uma coisa: adorava mulheres ariscas e, vendo aquela ali, com aquele olhar fixo e expressão de raiva, estava realmente em uma situação difícil. Claro... Estava com muita raiva por causa do surto dela e por todos os ataques pessoais, porém não estava achando ruim a ideia de descontar aquilo em um sexo com uma pegada mais forte.
– Biles, eu estou te avisando... – Disse, fazendo-a soltar seu braço. – Não me provoque.
– Anda, me diz. O que pretende fazer à respeito? Huh?
Ouvindo aquilo, Rebeca perdeu o controle e simplesmente a segurou pelas pontas do moletom cinza que usava e a puxou para um beijo nada carinhoso e quase violento. Suas línguas se tocavam sem a menor delicadeza. A brasileira, sem interrompê-lo, soltou o casaco de Biles e a agarrou firme pela cintura, puxando-a completamente para si, colando os seus corpos. Ganhou os braços dela ao redor de seu pescoço e aproveitou para descer as mãos, indo diretamente para a bunda dela, apertando a carne com força, fazendo-a arfar com o contato.
Biles deixou escapar um gemido ao sentir suas costas serem pressionadas contra a parede. Foi um gesto abrupto, porém os beijos que começou a receber em seu pescoço compensaram. Estava tão desnorteada que nem mesmo resistiu quando seu moletom foi retirado e jogado no chão. Seus braços foram colocados juntos acima de sua cabeça e pressionados com certa força. Rebeca, então, em um gesto dominante, os segurou com uma mão e, com a outra, suspendeu sua perna direita na altura da cintura e lhe beijou novamente. Realmente... Não devia provocá-la. Era um jogo muito perigoso.
A brasileira, então, tomada por um misto de raiva e tesão, começou a beijá-la no pescoço sem o mínimo de delicadeza, mordiscando forte a pele, descontando seus sentimentos.
– Ai! Não faz isso... Vai me deixar marcas... – Simone reclamou em meio à respiração ofegante.
– Shhh... - Receba chiou, em uma ordem para que se calasse. – Você gosta de mandar nos outros, não é? – Sua voz ficou um pouco mais rouca, apesar de exalar raiva. – Gosta de ser o centro de tudo... Muito bem... Sabe o que eu acho? Isso é a falta de alguém que te domine, que...
– E por que acha que você seria esse alguém...? – Simone provocou de novo. Estava gostando do jogo, ainda que as ações dela fossem imprevisíveis.
– Acho.
– É mesmo? Então... Mostra pra mim.
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Podium and Fire
FanfictionSimone Biles é uma grande ginasta. Acostumada a sempre estar por cima do pódio e de ser a maior de seu tempo, não estava preparada para encontrar uma rival à sua altura: a brasileira Rebeca Andrade. No entanto, seu interesse vai muito mais além do e...