Conection

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                    O quarto estava mergulhado em um silêncio muito confortável. Jade deixava a mente vagar por reflexões aleatórias e, aninhada em seu peito, estava uma Sunisa sonolenta e manhosa. Ela estava parcialmente sobre o corpo de sua mulher, com a perna direita sobre sua coxa e, de forma quase inconsciente, fazia um carinho suave em sua barriga. 

– No que está pensando? – A voz de Lee tirou Barbosa dos pensamentos. 

– Ainda está acordada? – Jade voltou a si. 

– Sim, não é óbvio? – Sunisa respondeu, soando um pouco ríspida. No entanto, não funcionou, pois Jade já não se importava. – Não consigo dormir ainda. – Amansou o tom. 

– Quer conversar então? – A brasileira começou a acariciá-la na nuca.

– Me diz no que estava pensando. 

– Estava pensando em muitas coisas. Refletindo... Tudo isso aqui... Tudo o que estamos vivendo. Estou começando a me acostumar. 

– Você está se acostumando. Eu estou me conformando. Visões opostas.

– Imagino que tudo ainda esteja sendo difícil para você e sinto muito por isso.

– Não tem que sentir nada, Jade. Eu simplesmente tomei uma decisão difícil e isso é pelo meu filho... Pelo nosso filho... 

– Eu estou do seu lado, não é? Não importa como começamos, o que realmente interessa é que estamos aqui. 

– Tenho algumas objeções quanto a isso, mas não vou discutir. – Sunisa respondeu, aninhando-se mais. – Agora me deu um soninho... – Suspirou fundo. 

– Bom... Vamos dormir, então... – Jade também suspirou e deu um bocejo. – Boa noite, amor... – Deu-lhe um beijo na testa. 

            Rebeca estava bastante sonolenta e ninava a sua menina na cadeira de balanço. Aquele terceiro mês de vida de Ana estava sendo um misto de emoções: de um lado, estava sendo um encanto acompanhar as gracinhas que ela aprendia a fazer e as interações fofas; do outro, as noites mal-dormidas estavam longe de acabar. O motivo: o bebê estava querendo brincar e não dormir, mesmo que seus olhos já estivessem miúdos. Estava claramente lutando contra o sono. A mamãe Andrade já quase não conseguia manter os seus olhos abertos. 

– Rebe? Rebe! – Flavinha a chamou, impedindo que dormisse completamente.

– Ah! Flavinha... 

– É a minha hora. 

– Hm... Que hora é? 

– Três e meia. – Flávia disse, esfregando os olhos. – É melhor você ir se deitar um pouco. Daqui a pouco a Simone acorda. 

– Ok... Tudo bem. – Rebeca se levantou. – Aqui está a princesinha. – Entregou o bebê para a amiga. 

– Vem cá, meu amor. – Flavinha pegou Aninha nos braços com um sorriso largo no rosto. – O que foi? Não quer dormir? Você não quer dormir? – Falava com voz de bebê. – Huh? Não quer dormir? – Aquilo fez com que o bebê lhe desse um sorriso e fizesse um barulho característico. 

– Bom... Eu vou indo. Estou morta. – Rebeca disse, indo para o quarto. – Até mais tarde, meu neném. – Deu um cheiro na bochecha de Aninha. 

– Boa noite, Rebequinha. 

                    Rebeca se dirigiu para o quarto e, ao chegar, encontrou sua esposa dormindo serenamente, deitada de lado e com o lençol até os seus ombros. Sentindo-se muito cansada, aconchegando-se a ela, abraçando-a e encostando a cabeça no ombro dela. Biles se remexeu inquieta, mas reconhecendo sua mulher, logo voltou à serenidade de seu sono. Andrade, suspirou, reconhecendo seu cheiro e calor, e também entregou-se ao sono.


                  A manhã seguinte veio. Todas ali, após cuidarem de sua higiene matinal, estavam sentadas à mesa e tomavam o café da manhã. Os bebês estavam no colo de sua mães: Jaden no colo de Sunisa e Ana no colo de Simone. A mamãe Biles amamentava enquanto sua esposa lhe ajudava a comer. Flavinha, por sua vez, estava com a cara amassada de sono. 

– Ai, gente... Eu confesso... – Ela disse, se apoiando nos cotovelos. – Isso está sendo mais difícil do que eu previ. 

– Por que os bebês simplesmente não conseguem fechar os olhos e dormir? – Lorrane também estava com sono. – Por que ficam a noite inteira acordados?

– A Ana ainda não se acostumou com a vida fora da barriga da Biles. – Sunisa respondeu, fazendo todas lhe olharem. – Ela não tem noção do que seria dia e noite porque não tinha isso lá. Mas não se preocupem, a partir do quarto mês de vida, pode começar a diminuir. 

– Ah! Perfeito! Nos restam mais dezoito dias. – Júlia choramingou. – Mas querem saber de uma coisa? Estou achando tudo muito divertido, gente! Eu amo vocês.

– Ai, amiga! Eu també amo vocês. – Rebeca disse. – Parece que estamos dentro de um quartel? Sim! Mas está valendo a pena. Não é, amor? – A pergunta foi direcionada para Simone.

– Sim. Eu concordo. – Biles disse, após mais uma colherada de seu iogurte com frutas. – Fico feliz em saber que estamos construindo uma conexão. Sabem... Esse laço de amizade. 

– Cara... Se alguém me contasse isso lá em Paris, eu riria na cara da pessoa. – Flavinha disse. – Nunca pensei que esse momento seria possível. 

– É... Eu confesso que tudo aconteceu de forma inusitada. – Jade concordou. – Mas que bom que tudo se resolveu no final. 

– Com certeza. – Simone concordou. 

– Bom... Eu não tenho do que reclamar. – Sunisa voltou a se pronunciou, olhando para Jade, que sorriu. 

– Bom... Então, não vamos desfazer essa amizade e conexão. – Rebeca disse. – Vamos continuar juntas, meninas. Por favor!

– Vamos selar um pacto! – Lorrane brincou. – Ninguém abandonará o barco. 

– Feito. – Andrade confirmou. 

                    As outras se entreolharam e sorriram, assentindo  entre si. 

                    Após o café, Biles e Lee estavam de volta às cadeiras no jardim da frente da casa e observavam suas respectivas mulheres na grama brincando com os bebês. Lorrane, Flávia e Júlia tinham ido treinar. 

– Eu acho incrível com o Jaden é apegado à Jade. – Simone disse, olhando para a colega. 

– Ela tem estado presente em todos os momentos dele, praticamente. Imaginei que seriam tão apegados.

– O que acha disso? 

– Acho maravilhosa. – Sunisa respondeu. – A conexão entre eles é muito bonita e espero que sigam assim durante muitos anos. 

– Dará tudo certo. Acredite. 

                    O sorriso de ambas as mães na grama era bastante radiante. A conexão com os filhos era inexplicável. E não havia nada que quisessem mais.  

 

 

Podium and FireOnde histórias criam vida. Descubra agora