Alexander
Minha cabeça parecia prestes a explodir. A dor latejava nas têmporas e o café já não fazia efeito.
Talvez fosse o estresse acumulado, ou talvez meu corpo estivesse finalmente cedendo ao caos que se tornou a minha vida depois da mor.... do que aconteceu com Thales.
Assumir todas as reuniões dele, lidar com os clientes que só aceitavam falar com ele, administrar uma equipe fragilizada pelo luto, a carga não estava leve.
E como se não bastasse, minha secretária tinha acabado de sair de licença-maternidade. O substituto que ela deixou no lugar era um poço de incompetência, e eu começava a me perguntar se deveria demiti-lo antes que cometesse outro erro.
Estava no meio da revisão de uma pilha de contratos me preparando para uma reunião quando ele entrou na sala com a mesma expressão de confusão de sempre, como se não tivesse a menor ideia do que estava fazendo ali.
— Senhor, a escola ligou. Disseram que a sua filha teve problemas.
Senti o latejar na minha cabeça se intensificar. Filha? Do que esse imbecil estava falando?
— Não tenho filha — respondi ríspido, sem desviar os olhos dos papéis.
Ele continuou lá parado, como quem espera algo mais.
— Tem certeza? — insistiu, o que só fez minha irritação aumentar. — Eles falaram o seu nome e sobrenome. Disseram que precisam da sua presença na escola imediatamente para falar sobre Sofie.
Sofie.
Larguei os papéis na mesa e respirei fundo, esfregando o rosto. Era só o que me faltava.
Há um mês eu não escutava aquele nome. Sabia que estava bom demais para ser verdade.
Claro que a escola ligaria para mim. Imaginei que isso aconteceria em algum momento, mas não hoje. Não agora.
— Ela não é minha filha — respondi, levantando-me bruscamente. — É minha esposa.
Ele arregalou os olhos como se eu tivesse falado que o mundo ia acabar. E pela cara de derrame, estava prestes a soltar outra pergunta idiota, mas eu já estava com o paletó na mão e indo em direção à porta. Não tinha tempo para explicar o que ele deveria ter pesquisado antes de começar a trabalhar para mim.
— Cancele a reunião com os executivos — falei antes de sair. — E da próxima vez, tenha certeza antes de abrir a boca para falar alguma imbecilidade.
Saí rápido pelos corredores da empresa para evitar que alguém atravessasse meu caminho pedindo assinatura em algum documento estúpido.
A reunião com os executivos era importante, eles não ficariam felizes com o cancelamento. Mas eu também não estava feliz em ter que largar tudo para lidar com alguma besteira que Sofie aprontou na escola.
Sinceramente, eu não tinha paciência para lidar com Sofie naquele momento — e nem em momento algum — mas isso parecia ser o que a vida gostava de jogar no meu colo: problemas sem fim.
E Sofie era um problema que eu não esperava enfrentar hoje.
Ao entrar no carro, descontei o estresse no acelerador, tentando manter a minha mente o mais distante possível de imaginar uma conversa insuportável com a direção da escola. Afinal, eu era o maldito marido de uma menina de 17 anos.
Aquela droga de situação de casamento era tão absurda que eu preferia evitar pensar.
Thales costumava ter a mania irritante de empurrar mulheres para cima de mim, convencido de que um relacionamento seria um tapa-buraco para preencher lacunas emocionais deixadas pela morte prematura dos meus pais e tudo o que veio depois.
No entanto, suas tentativas só aumentavam a minha rejeição à ideia de um compromisso amoroso. A última coisa que eu precisava era de um relacionamento para complicar a minha vida, e ele nunca entendeu isso.
Mas me fazer casar com uma adolescente?! Isso não era apenas ridículo, era inapropriado. Ele passou de todos os limites.
Maldição, Thales.
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Meu marido indesejado
Teen Fiction"Você está na escola, certo? Deve saber o mínimo de interpretação para entender que isso não é um casamento. É um contrato. Um mero pedaço de papel cujo único objetivo é impedir que você vá para um abrigo. Você assina essa porcaria, e cada um segue...