44. O amor

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Acordei com uma sensação de leveza, felicidade e amor.

Micropartículas de poeira dançavam no feixe de luz solar que atravessava as cortinas e tocava os lençóis bagunçados. Até a bagunça da cama era poética.

A noite anterior foi um sonho lindo com o homem que eu amo. Minha primeira experiência íntima da forma mais perfeita.

E agora estava ali, envolvida nos braços fortes, com a cabeça em seu peito, sentindo o calor e o cheiro maravilhoso dele. Precisava me esforçar para segurar o sorriso frouxo.

Mas também estava envergonhada e sem coragem de olhar para ele. Não sabia se ele estava acordado. Sua mão descansava em minhas costas e a respiração era silenciosa.

Continuei fingindo estar dormindo enquanto escutava seu coração ritmado e me perdia nas nossas memórias sexuais.

Alexander foi tão carinhoso, tão cuidadoso. Cada gesto dele era como um recado silencioso dizendo o quanto ele queria que eu me sentisse confortável.

Senti seu amor em cada movimento. Mesmo que ele nunca tenha dito que me ama, suas ações gritavam isso. Estava lá, no modo como ele me olhava com ternura e me tocava com carinho.

E depois de beijar todo o meu rosto acariciando meus cabelos para me fazer esquecer a dor inicial, nos sincronizamos em um ritmo que arrancou suspiros de nós dois.

A cara de prazer dele era a coisa mais linda do mundo.

Em certos momentos, dava para ver o quanto ele estava se segurando para não ir mais rápido. Mas os sons que me escapavam da garganta claramente mexiam com ele e o faziam se movimentar com mais vigor. Sua expressão intensa e o olhar envolvido revelavam o quanto estava no auge do desejo prestes a explodir.

Na hora, não entendi o que era aquela força em mim vindo de dentro para fora. No desespero, me agarrei a ele. Mas Alexander fazia de tudo para ver meu rosto, e cada reação minha o deixava ainda mais louco. Minha mente perdeu a coerência, fiquei sem controle dos sons que saíam da minha boca.

Foi ficando mais intenso... mais forte... até que....

Algo em mim explodiu. Por dentro. Não sei explicar. Só sei que logo em seguida cada músculo do meu corpo relaxou de forma sublime.

Quase simultaneamente, percebi o mesmo acontecer com Alexander, que afastou o contato a tempo.

Estava completamente extasiada, desorientada, como se tivesse perdido a capacidade de raciocinar ou mesmo levantar um braço.

Alexander se deitou ao meu lado e me abraçou, puxando meu corpo mole para si. Apoiei a cabeça em seu peito e ele depositou um beijo doce em minha testa. Tentei resistir àquele esgotamento físico porque queria ficar aproveitando o carinho suave que ele fazia em meus cabelos.

Adormeci tentando decifrar por que o toque de seus dedos deslizando em meus cabelos daquele jeito era tão familiar.

Foi perfeito.

Um suspiro me escapou ao voltar das lindas lembranças. Pretendia passar a manhã de domingo inteira assim, mas minha farsa de adormecida caiu quando, num ato irresistível, movi sutilmente os dedos que estavam sobre o abdômen firme. Finalmente tomei coragem e levantei os olhos para ele.

Já estava acordado. Os cabelos adoravelmente bagunçados, os lábios sérios e os olhos fixos no teto. Seu semblante mostrava distância, de um jeito que há tempos eu não via nele. Algo estava errado.

— Por que essa cara? — perguntei baixinho.

Alexander respirou fundo e, de repente, se desvencilhou de mim, sentando-se na cama.

Meu marido indesejadoOnde histórias criam vida. Descubra agora