66. O casamento

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— Sim, eu aceito.

Os olhos azuis, já carregados de emoção, brilharam de felicidade.

— Eu vos declaro marido e esposa. Pode beijar a noiva.

Alexander segurou minha cintura com uma delicadeza reverente e tomou meus lábios num beijo tanto gentil quanto apaixonado, selando promessas silenciosas que só cabem em uma longa vida juntos.

Aplausos e gritos ecoaram da nossa seleta plateia composta pela família de Gutierre, Fayla, Hugo acompanhado da namorada, Íris acompanhada do marido e o filho pequeno, os Vilarino (eles acharam romântico um recasamento pós-divórcio), alguns sócios de Alexander e amigos meus da faculdade. Na verdade, até que tinha bastante gente. Mas, para mim, só existia ele.

Separamos o beijo com um selinho doce. Vagamente notei Rosa, minha madrinha, enxugando as lágrimas; Gutierre, padrinho dele, nos olhando com uma mistura de emoção e orgulho, e Cecília, nossa daminha de honra, girando de leve a roda do vestido.

Não dava para me concentrar em muita coisa fora daquele sorriso. O sorriso de felicidade pura que ele só mostrava para mim.

Ele passou o polegar em minha bochecha suavemente para limpar a lágrima que escapou. Eu tinha todo direito de chorar, considerando a reação inesquecível dele no momento em que se virou me viu entrar: colocou as mãos no rosto como se não fosse capaz de conter a força do que sentia — e não conteve. Isso mesmo, Alexander chorou ao me ver em um vestido branco de noiva.

Afetada por sua emoção, temi desabar e apertei mais forte o braço de Gutierre, que me levava ao altar. Meu lindo noivo de olhos marejados me recebeu, beijou minha testa e, antes de se afastar, disse baixo para que só eu ouvisse:

— Você está muito linda.

Sorri timidamente, corada, emocionada. O coração, disparado. Fazia tempo que não ficava tão nervosa perto dele.

Entreguei o buquê de jasmim para minha madrinha no início da cerimônia, e no fim ele foi parar nas mãos da minha melhor amiga quando o joguei para cima. Guilhermo me olhou feio, só de fingimento. Até parece que Fayla daria uma moral dessas para ele.

Muito champanhe, dança dos noivos, cortar o bolo juntos e tudo o que tínhamos direito da experiência de um casamento. Fomos para a noite de núpcias levemente embriagados.

Embora a festa tenha sido longa, o noivado foi curto: três meses. Gostávamos do título de noivos, mas é que sentíamos falta do status anterior. Por ele, teríamos nos casado naquele dia mesmo, quando se ajoelhou na estrada e me pediu em casamento.

Naquela hora, encarando seus olhos cheios de expectativa e medo da minha resposta, não tive condições de dar uma.

Porque minha pressão caiu.

As pernas amoleceram e meu corpo cedeu. Alexander foi rápido em se levantar e me amparar. Me levou para o carro, puxando minha mala com uma mão e me dando suporte com braço firme em minha cintura. Aflito e preocupado, afivelou meu cinto de segurança dizendo que ia me levar para o hospital. Já estava girando a chave quando coloquei minha mão sobre a dele.

— Espera!

Ele me olhou, confuso, mas ainda com a expressão de culpa misturada à determinação de cuidar de mim.

É que eu não tinha dado a resposta ainda.

Àquela altura, sabia que havia alguma explicação para os papéis do divórcio. Não fazia sentido ele encerrar nosso relacionamento friamente depois de ter se dedicado tanto para conquistar minha confiança. Foram genuínos os momentos de uma vida a dois que compartilhamos. Alexander realmente se importava comigo, ele não apenas gostava de mim, ele me amava. Não tinha lógica me descartar daquela forma brutal.

Meu marido indesejadoOnde histórias criam vida. Descubra agora