O filme estava entediante, mas era o favorito de Rosa, então fingi achar interessante. Precisava valorizar a única pessoa que gostava da minha companhia, já que Ícaro perdeu o interesse em mim.
Era sábado à tarde, um mês após o quase beijo — e dias monótonos desde então.
A campainha tocou e tomei impulso, mas Rosa rapidamente correu até a porta. Sua energia vibrante era algo ao qual eu ainda não tinha me acostumado.
Do sofá, vi só a ponta de um boné. Rosa recebeu algo, fechou a porta e se virou com um sorriso imenso.
— Encomenda para você! — ela balançou um envelope cinza-escuro.
Mesmo de longe, pude identificar a logomarca: era da empresa de Alexander.
Franzi a testa, confusa e curiosa. Fui pegar. Ao abrir, meu coração vacilou:
Um convite. Com meu nome. Assinado por Alexander.
Ele me convidando para um evento de gala em seu mundo corporativo?! Não fazia sentido. Não nos falávamos há um mês.
— Alguém vai ter uma noite e tanto — Rosa deu um sorrisinho travesso.
— Eu não vou — guardei de volta e retornei ao sofá.
Alexander ficou um mês sem se importar comigo, e isso magoou mais do que eu gostaria de admitir. Eu não podia atender aos comandos dele agora.
— Como assim não vai?! — Rosa veio correndo e parou na minha frente. — É sua chance de se produzir e mostrar para ele que você é madura!
Encarei-a, perplexa. Nunca falamos sobre Alexander. Como ela sabia tanto?
Rosa cobriu a boca com as mãos, os olhos enormes.
— Não sei do que você está falando — murmurei desviando o olhar.
Devagar, ela se sentou ao meu lado.
— Desculpe, Sofie, ele é meu chefe, então investiguei a ligação de vocês — começou, cautelosa. — Descobri que são casados, e quando você disse que queria parecer adulta, criei uma teoria meio maluca.
Meu rosto esquentou de vergonha.
— É só no papel — dei de ombros, fingindo indiferença.
— Mas você gostaria que fosse algo mais...?
O calor no rosto aumentou.
— Não. E também não importa, ele me vê como criança.
Eu não tinha nenhum interesse romântico nele. Só queria que ele me visse como alguém que merece respeito.
— Criança? Qual a idade dele?
— Vinte e dois...
— Nossa, mas é pouca diferença!
— São cinco anos, Rosa. É muita diferença.
— De jeito nenhum! Meu ex-marido e eu tínhamos onze anos de diferença. Cinco não é nada!
Virei o corpo para ela.
— Você acha?
— Acho! Sabe o que mais eu acho? — ela pegou as minhas mãos. — Você deveria ir. Ele te convidou, não foi?
— Bom... sim...
— Então, boba! Deve ser um desses eventos que precisa da esposa ao lado. E ele quer a dele lá!
Uma fagulha se acendeu e tentei ao máximo sufocá-la, mas era difícil com Rosa me olhando tão incentivadora.
— Eu nem tenho roupa para esse tipo de coisa...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Meu marido indesejado
Teen Fiction"Você está na escola, certo? Deve saber o mínimo de interpretação para entender que isso não é um casamento. É um contrato. Um mero pedaço de papel cujo único objetivo é impedir que você vá para um abrigo. Você assina essa porcaria, e cada um segue...