12. O convite

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O filme estava entediante, mas era o favorito de Rosa, então fingi achar interessante. Precisava valorizar a única pessoa que gostava da minha companhia, já que Ícaro perdeu o interesse em mim.

Era sábado à tarde, um mês após o quase beijo — e dias monótonos desde então.

A campainha tocou e tomei impulso, mas Rosa rapidamente correu até a porta. Sua energia vibrante era algo ao qual eu ainda não tinha me acostumado.

Do sofá, vi só a ponta de um boné. Rosa recebeu algo, fechou a porta e se virou com um sorriso imenso.

— Encomenda para você! — ela balançou um envelope cinza-escuro.

Mesmo de longe, pude identificar a logomarca: era da empresa de Alexander.

Franzi a testa, confusa e curiosa. Fui pegar. Ao abrir, meu coração vacilou:

Um convite. Com meu nome. Assinado por Alexander.

Ele me convidando para um evento de gala em seu mundo corporativo?! Não fazia sentido. Não nos falávamos há um mês.

— Alguém vai ter uma noite e tanto — Rosa deu um sorrisinho travesso.

— Eu não vou — guardei de volta e retornei ao sofá.

Alexander ficou um mês sem se importar comigo, e isso magoou mais do que eu gostaria de admitir. Eu não podia atender aos comandos dele agora.

— Como assim não vai?! — Rosa veio correndo e parou na minha frente. — É sua chance de se produzir e mostrar para ele que você é madura!

Encarei-a, perplexa. Nunca falamos sobre Alexander. Como ela sabia tanto?

Rosa cobriu a boca com as mãos, os olhos enormes.

— Não sei do que você está falando — murmurei desviando o olhar.

Devagar, ela se sentou ao meu lado.

— Desculpe, Sofie, ele é meu chefe, então investiguei a ligação de vocês — começou, cautelosa. — Descobri que são casados, e quando você disse que queria parecer adulta, criei uma teoria meio maluca.

Meu rosto esquentou de vergonha.

— É só no papel — dei de ombros, fingindo indiferença.

— Mas você gostaria que fosse algo mais...?

O calor no rosto aumentou.

— Não. E também não importa, ele me vê como criança.

Eu não tinha nenhum interesse romântico nele. Só queria que ele me visse como alguém que merece respeito.

— Criança? Qual a idade dele?

— Vinte e dois...

— Nossa, mas é pouca diferença!

— São cinco anos, Rosa. É muita diferença.

— De jeito nenhum! Meu ex-marido e eu tínhamos onze anos de diferença. Cinco não é nada!

Virei o corpo para ela.

— Você acha?

— Acho! Sabe o que mais eu acho? — ela pegou as minhas mãos. — Você deveria ir. Ele te convidou, não foi?

— Bom... sim...

— Então, boba! Deve ser um desses eventos que precisa da esposa ao lado. E ele quer a dele lá!

Uma fagulha se acendeu e tentei ao máximo sufocá-la, mas era difícil com Rosa me olhando tão incentivadora.

— Eu nem tenho roupa para esse tipo de coisa...

Meu marido indesejadoOnde histórias criam vida. Descubra agora