Alexander
Sofie estava linda de branco.
O sorriso mais puro iluminava seu rosto. A felicidade que ela demonstrou ao receber o colar me fez lamentar tê-lo deixado no bolso na noite de seu aniversário por falta de coragem de entregar.
Meu toque em seu pescoço ao fechar o colar, e depois ajustar seus cabelos, foi um risco mal calculado. Sabia que já estava envolvido. Ainda assim, cometi o erro de chegar perto demais.
Quando acariciei seu rosto e ela fechou os olhos em vez de me afastar, não tive a menor chance. O que senti ali ultrapassava atração. Era profundo. Abissal.
Então a beijei. E ela correspondeu. O beijo dela era doce, apaixonado, viciante.
Eu a queria. Por Deus, como a queria.
Aquele desejo era absoluto, sem escapatória — e eu nem queria escapar.
As coisas evoluíram de maneira natural. Eu e ela, naquele momento, parecia certo. Parecia necessário.
Tê-la em meus braços, tão entregue, tão minha, foi a sensação mais avassaladora que já vivi.
Cada detalhe dela me fascinava: os lábios entreabertos, os gemidos tímidos, os olhares atordoados, os cabelos com cheiro de flor, a cintura fina, os seios redondos, as curvas do corpo perfeito.
Sofie era perfeita.
Adormecer com ela aconchegada no meu corpo, tão tranquila, me trouxe uma paz que eu não sentia há anos. Tudo parecia no lugar enquanto eu sentia o cheiro de seus cabelos e o ritmo calmo de seu coração contra o meu peito. Pela primeira vez desde que eles se foram, me senti inteiro.
Mas a realidade me atingiu como um soco no estômago pela manhã: o casamento estava consumado. Sofie carregaria o fardo de ser uma mulher divorciada porque perdi o controle.
E pior, fui o primeiro dela. Uma honra que eu não merecia.
Quis fugir. Para longe. Mas ela dormia serenamente como se o mundo fosse seguro em meus braços. Não podia deixá-la acordar sozinha.
A culpa me corroía. Cada segundo ao lado dela só piorava a sensação. Eu não a merecia, nem queria merecer. Não tinha intenção de algum tipo de relacionamento, então não era justo sequer tê-la beijado, muito menos tomado sua inocência.
Quando ela acordou, um lado meu ficou aliviado por finalmente poder ir embora. Outro, no entanto, desejava que ela tivesse dormido o pouco mais.
Usei as palavras erradas, o que só aumentou meu desespero para ir embora. Sair da cama foi como arrancar parte de mim, mas ficar perto dela me afundava na culpa. Mal conseguia olhar nos seus olhos.
Soltei a palavra "divórcio" sem pensar no impacto daquilo. A dissolução do casamento era uma coisa óbvia, mas dizer isso naquele momento não foi apenas insensível, foi brutal.
E quando vi os olhos castanhos afogados em lágrimas, a culpa esmagou a minha alma. Eu era um monstro.
O rosto dela se transformou de dor para raiva em segundos. Ela me mandou embora, mas meus pés ficaram presos. Não dava para ir assim. Queria apagar tudo o que falei. Mas estava feito. Minha tentativa de não magoá-la ao ficar até ela acordar tinha se mostrado um desastre.
Saí contra minha vontade, a porta bateu, mas não consegui partir imediatamente, embora uma parte de mim gritasse para eu correr dali.
Segurei a maçaneta decidido a voltar para ela. Foi então que ouvi. Baixo, abafado, mas inconfundível: ela estava chorando.

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Meu marido indesejado
Teen Fiction"Você está na escola, certo? Deve saber o mínimo de interpretação para entender que isso não é um casamento. É um contrato. Um mero pedaço de papel cujo único objetivo é impedir que você vá para um abrigo. Você assina essa porcaria, e cada um segue...