Três semanas depois...
"Querido Troye,
A última semana é sempre a mais difícil. Eu fiz e refiz as malas, para ter certeza que não estava esquecendo um único botão, para não dar trabalho para a Margareth ter que me enviar de volta. E acho que ela é sempre a mais difícil, porque você sabe que está acabando, mas eu ainda tenho uma Europa inteira pela frente, não posso continuar aqui. Eu vou passar duas semanas em Sarajevo, fotografando as ruínas que sobraram da guerra, ao redor da cidade. Minha prima me ligou há dois dias da agência e disse que um homem precisava de algumas fotografias, então ele vai me mandar um dinheiro e eu vou fazê-las, para uma exposição em Chicago!! Depois de Sarajevo eu vou ficar algum tempo em Budapest. Eu estou tentando viajar para esses lugares mais perto do meu atual destino, para nao gastar tanto com os trens e conseguir ganhar um tempo. Vir da Bélgica para a Croácia não foi uma ideia muito boa, mas eu vim. E foi incrível. Eu não acredito que vou deixar Margareth para trás depois dessas seis semanas... Ela é incrível e eu vou morrer de saudades.
Eu ando conversando com a Kayla. Ela fala de você, o que significa que vocês se acertaram nos últimos sete dias, certo?
Enfim... Ainda não consegui encontrar o livro do Steinbeck. Ontem eu fui com o Tesla em alguns sebos, pela manhã, mas não encontramos nada. Não sei que tipo de pegadinha é essa, mas esse livro parece não existir... "
Connor parou de escrever. Estava deixando a Croácia com uma mala a mais, cheia de livros e roupas que ele comprara. Ele guardou a caderneta na bolsa.
Margareth o abraçou.
-Obrigada por ficar aqui. - Ele sorriu.
-Obrigado, Marg. Eu vou sentir saudades.
-Eu também. Volte sempre que quiser, está bem? - Ele assentiu, pegou a outra mala. - Connor? Não espere ser tarde demais, filho.
Connor pegou um trem de três horas até a fronteira e depois um ônibus até a capital, no caminho ele conseguiu algumas fotos para a exposição.
"...Tem uns barulhos dentro da minha cabeça, que parecem não querer ir embora, e eu não consigo dormir. Eu tentei, por mais cansado que eu esteja, mas não consigo dormir. Eu já ouvi Me and You, já li um livro inteiro e eu preciso acordar em duas horas...
Connor"
Connor conheceu Amila na manhã seguinte, por indicação da prima. A croata o encontrou em um café.
-Connor? - Ele se levantou.
-Oi. Sou eu. Você é Amila. - Ela assentiu e sentou na mesa. Uma garota de uns dezesseis anos se aproximou. - Kava, molim vas. - a garota assentiu e voltou com uma caneca. - hvala.
-Você não precisa me ajudar, eu... - O telefone dele tocou. - Não sabia que isso funcionava aqui.
-Oi... Bom dia.
-Oi, Connor. - A voz de Troye estava serena, desanimada.
-Aconteceu alguma coisa? - Troye ficou em silêncio. - Troye?
-Mark... - Então o mais novo começou a chorar.
-Troye, o que houve? O que aconteceu? Você está bem? O que houve com o Mark? - Connor não ouviu nada, somente a respiração rápida do mais novo.
-Eu sai com o Mark. Nós... Nós fomos ao cinema, então eu e ele fomos até Army Beach pela trilha e nós... Nós...
-Está tudo bem, Troye. Você não precisa me contar. Eu entendi. - Connor tinha a voz mais... Acolhedora do mundo em algumas situações.
-Depois nós estávamos voltando para casa no carro dele, mas nós fizemos a curva... - Connor estava preocupado. O barulho de sirenes estava perto.
-Vai ficar tudo bem, Troye. Vai sim. - Troye assentiu, com os olhos cheios de lágrimas, o nariz escorrendo, o suor correndo pelo rosto. - Mark está vivo? Você sabe...
-Está. Ele está desacordado...
-Não se mexa, está bem? Fique ai no carro e espere a equipe de resgate chegar. Não mexa nele, okay?
-A culpa é minha.
-A culpa não é sua.
-A culpa é minha. Eu... Eu falei para irmos lá... Eu não... Eu não sei o que deu em mim, Connor. O Mark é só meu amigo, mas...
-Hey... Está tudo bem. Vocês são adultos, Troye. Não há nada de errado nisso, está bem?
-Eles estão aqui. Eu vou desligar.
-Me liga, okay? Eu preciso saber que você está bem. - Troye assentiu novamente e desligou o telefone.
-Está tudo bem? O que aconteceu?
-Eu não sei... - Connor tomou dois goles do café de uma vez.
-Quem é Troye?
-Meu melhor amigo...
-Ele está bem? Nós podemos fazer isso outro dia, eu...
-Não... Tudo bem. Ele disse que está. Eu vou fazer só uma ligação e já volto. - Ela assentiu. Connor se levantou e saiu do café.
-Hey, amor. - Connor ouviu a respiração de Kayla.
-Connor? Que horas são? - Ela estava dormindo.
-Eu não sei... Deve ser tarde. O Troye... Kayla o Troye e o Mark sofreram um acidente.
-O que? - A garota se levantou, do outro lado do mundo.
-Ele me ligou, Kay. Eles estavam fazendo uma curva... Eu não sei o que aconteceu, mas acho que você precisa encontrá-los. Eles estavam voltando de Army Beach.
-Ele não queria ir. Mark o convidou... Ele disse que não ia, mas eu disse pra ele ir... E...
-Hey, não foi sua culpa, okay? Você precisa desligar e ligar para os pais dele. Precisa encontrá-los.
-Okay, eu vou... Eu... Eu estou com saudades, Con.
-Eu também. - Ele não sabia se falava sério. Desligou o telefone. Kayla colocou o chinelo e saiu de pijama. Pegou as chaves do carro do pai no balcão da cozinha.
Ela ligou para os Mellet no caminho de Army Beach.
-Shaun? É a Kayla... O Troye... O Troye sofreu um acidente, eu...
-Kayla? Kayla do que você está falando?
-O Troye ligou assustado para o Connor, dizendo que ele tinha sofrido um acidente com o Mark - Shaun esticou a mão para o lado.
-Laurelle? Laurelle acorda! O Troye sofreu um acidente. Laurelle...
-O quê? Do que você está falando?
-Kayla? Cadê eles?
-Não sei. Eu estou a caminho de Army Beach, eu...
-Estamos indo. Nós... Saímos em cinco minutos. - Os dois acordaram Sage e a avisaram, depois saíram, ainda de pijamas.
(...)
Troye estava sentado na parte de trás de uma ambulância quando Kayla chegou e ultrapassou a faixa amarela. Ela o abraçou.
-Você está bem? Meu Deus... Me desculpa. Cadê o Mark?
-Eles o levaram para o Sir Charles.
-Os seus pais estão vindo. Quando eles chegarem nós vamos até lá, okay? - Troye assentiu e começou a chorar.
(...)
Os pais de Mark, os pais de Troye, Troye, Kayla e Ian estavam na recepção, esperando, esperando, esperando. O dia amanhecia quando Troye, depois dos pais de Mark, entrou no quarto dele. Ele teve cinco horas assustado para pensar no assunto e conversar com Kayla sobre isso.
-Oi... - Troye sorriu.
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Silver Moons
Hayran KurguQuerido Connor... Você ainda não me disse para qual cidade você vai, então eu acredito que vá ficar em Berlim por algum tempo. Eu espero que você não saia de Berlim até essa carta chegar até você, para que você saiba que eu não estou morto e que eu...