My Gay Boyfriend

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Laurelle abriu a porta do quarto.

-Você vai ficar para dormir, Kay?

-Vou sim. - A mãe dele assentiu.

-Vocês estão bem? Querem alguma coisa?

-Está tudo bem, mãe. - Ela assentiu novamente e fechou a porta do quarto.

-Você não vai conseguir fugir das suas aflições para sempre. - Troye olhou nos olhos dela.

-Você é o melhor amigo do Connor, certo?

-Claro... - Ela assentiu.

-O que foi, K?

-Vocês já falaram sobre mim?

-Claro que nós falamos sobre você. Sempre falamos sobre você.

-Troye... Ele já falou de mim? - Ele sorriu.

-É claro que ele nunca falou de você. Você é minha melhor amiga. - Ela ficou olhando para ele. - Qual o problema?

-Ele falava de outras garotas para você? Você sabe... Quando não estávamos namorando?

-Sim... Você quer me dizer o que está acontecendo ou...

-Ele não me responde há cinco dias.

-Ele está ocupado com as fotos...

-Troye... Antes de o conhecer você já pensou no Connor de uma maneira diferente?

-Não teve um antes. Nós somos amigos desde o primeiro minuto que ele chegou aqui.

-Você me entendeu...

-Kayla...

-Você pode me dizer. Eu não vou ligar.

-No dia que ele entrou na escola... Eu e você estávamos sentados na escada, com o Ian, o Mark e o Jackson... E eu o vi... E ele estava... Descendo do carro do pai dele e eu fui correndo para ajudá-lo, porque ele estava todo cheio de coisas...

-Eu lembro. Ele estava derrubando tudo, parecia que ele estava carregando uma pessoa inteira na mochila...

-Eu olhei para ele e fiquei "puta merda, uau", porque bem... Parabéns, o seu namorado é maravilhoso.

-Menos, Mellet. Menos.

-Nos primeiros dias eu achei que poderia acontecer, sim... Ai ele começou a falar de você, mas você tinha acabado de terminar com o Matt, então nós começamos a sair, sabe? E ele falava das garotas de tal lugar e tal.

-Você acha que o Connor é um pouco... Afeminado?

-Do que você está falando, Kayla?

-Você já pensou que talvez ele seja... Gay?

-Bem... Se você acha que o seu namorado é gay... Quem sou eu, não é?

-Troye eu estou falando sério...

-É o jeito dele, K. Ele é assim. Eu nunca pensei no Connor como... Afeminado. Ele é animado, isso é fato. Ele faz umas caras e bocas engraçadas e às vezes fala de um jeito diferente, mas eu sempre achei que talvez fosse um mecanismo de defesa. Ele tem alguma coisa dentro dele, sim. Ele esconde alguma coisa, mas não a homossexualidade. Acho que se ele fosse não teria problemas em dizer para ninguém.

-você já tentou imaginar o que seria essa coisa?

-já... Eu já pensei. Eu imaginei que talvez ele fosse depressivo, adotado, tivesse câncer... Já pensei que talvez ele tenha sido abduzido, tenha sido abusado por alguém quando criança...

-Credo, Troye!

-O que foi? - Kayla sorriu.

-Eu só estou com medo...

-Você é linda, desejo hétero... Não precisa ter medo. Se não der certo com o Connor tem um mundo inteiro lá fora esperando por você. Em alguns meses nós vamos para a universidade e...

-Eu sei... O mundo vai se abrir para mim! - Kayla... Perdeu o sorriso novamente.

-Você sabe que...

-Eu sei, Troye. Eu sei. - Ela fechou os olhos e sorriu para ele.

-Você tem certeza que vai ficar em Perth? Kayla...

-Eu vou ficar em Perth, fazer a faculdade e depois Chicago ou San Francisco...

(...)

Connor foi embora de Sarajevo quando as duas semanas acabaram. Ele tentou responder Troye, mas não tinha o que dizer. O que ele poderia dizer? Que estava bem? Que desejava o melhor para o novo casal?

A resposta só veio no meio do caminho para Budapest.

"Querido Troye...

Sarajevo foi... Intenso. Eu tirei tantas fotos que achei que cinco dias para escolhe-las seria muito pouco, mas os últimos quatro tem sido seguidos por uma falta de tudo, inclusive sono, então eu consegui. Algumas coisas que eu nunca pensaria vieram à tona nessas madrugadas e eu não conseguia pensar em mais nada. Aquelas três palavras que ficavam na minha cabeça, me perseguindo, me consumindo. Obrigado por me contar sobre você e o Mark. Eu sei que você falou para a Kayla que seria uma coisa sua. Falando em Kayla... Eu não a respondi mais. Na verdade, eu acabei de lhe enviar um e-mail me desculpando. As coisas foram uma bagunça na Bósnia. Eu percorri e fotografei cada centímetro da guerra, cada sinal dela, e haviam alguns. Sarajevo foi aquele destino que te faz se sentir sozinho, por mais que você esteja com alguém. A garota que me "guiou" lá se chamava Amila. Ela é croata e se mudou para a Bósnia um pouco depois de fazer dezoito anos. Nós assistimos um número considerável de filmes estrangeiros que eu adoraria lhe mostrar, se um dia você quiser. E por mais que estivéssemos passado praticamente cada minuto do dia juntos eu ainda tinha no fundo da minha cabeça aquele pequeno Connor, encostado no cantinho escuro, abraçando os joelhos no frio. E essa imagem ficava ali, bem nos meus olhos e tudo o que eu pensava era na solidão. Eu estou para encontrar com um rapaz chamado Gellert quando chegar em Budapest. Eu vou ficar na casa dos pais dele com ele durante as semanas que eu ficar lá. Eu falei com a Margareh nos últimos dias. Ela disse que está feliz por você. Eu estou feliz por você, Troye. Não posso deixar de dizer isso. Não para deixar a minha infelicidade estragar a sua felicidade. Eu acho que vou acabar passando o natal aqui, porque faltam umas duas semanas, mas não sei se a família que eu vou ficar comemora o natal. Vamos ver.

Love, Connor e Connor"

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