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Não acho que eu queira falar alguma coisa...
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-Eu vou te esperar na sua casa.
-Tudo bem.
-Eu amo você, Brandon. - Tyde desligou sem esperar uma resposta. Ele o amava. De verdade. Pelo menos ele sentia que sim, mas eles só estavam juntos por três meses. Ele não esperava que Brandon sentisse o mesmo. Tyde não ligava, muito. Ele achava que se Brandon fosse dizer alguma coisa ele diria no momento certo.
Brandon voltou para a sala um pouco mais cedo. Antes de todo mundo ouvir sobre Tyde, Brandon tinha dois amigos naquele lugar suportável. Jason e Lia. Jason não lidou muito bem com a situação. Na verdade, Jason não lidou de jeito nenhum. Para ele Brandon se tornara um alvo fácil. Felizmente era o último ano. Ele e Tyde faziam o mesmo horário, mas em escolas diferentes, e na sexta-feira Brandon saia só no final da tarde.
Brandon quis morrer. Ele realmente teve vontade de pular da janela quando o assunto daquela última aula foi DSTs.
-Professora... Pergunta para o Brandon! Ninguém melhor do que ele pra explicar sobre HIV! - Brandon respirou fundo. A voz de Tyde dizendo que o amava ficou na sua cabeça por uns segundos, então Brandon se levantou.
-Você quer saber sobre HIV, Jason? A HIV não é uma doença exclusiva aos viadinhos, bichinhas, aos gays, aos homossexuais, aos boiolas. E eu tenho pena de você.
-Você tem pena de mim, sua putinha? Vamos ver!
-Chega, Jason. Eu não posso mais aguentar você na minha aula. Você não assiste mais nenhuma aula minha sem os seus pais com você. Pega as suas coisas e vai embora.
Jason encarou Brandon quando saiu da sala e tirou o telefone do bolso.
(...)
Brandon virou a esquina. Ele andava três quarteirões da escola até a estação e pegava um trem para casa todas as sextas-feiras.
-O que você vai fazer, viadinho? Encontrar o seu namorado?
-Jason, por favor, me deixa ir embora.
-Eu vou deixar você ir embora... Eventualmente. - Ele tinha outros dois rapazes consigo. Brandon sabia que as coisas seriam difíceis. Ele só não imaginava.
-Jason, por favor... Eu só quero ir para casa.
-Você vai dar para o seu namorado, querido? - Jason tentou tocar o rosto de Brandon.
-O que você quer, Jason? O que você tem contra mim?
-Você ferrou comigo, colega. É a minha vez de te dar uma lição. Está mais para um presente. - Os dois grudaram nos braços de Brandon e o colocaram no carro.
-Jason, por favor...
-CALA A BOCA! - Ele apenas fechou os olhos, querendo ir para casa, querendo ver Tyde.
(...)
Army Beach estava incrivelmente vazia, por mais que sempre fosse deserta, por ser uma sexta-feira de novembro. O calor já tinha chegado, não que em algum momento daquele ano o calor tenha ido embora, mas estava quente. E a praia estava vazia. Jason dispensou os outros dois e os mandou esperar no carro, então Brandon achou que as coisas seriam mais fáceis se ele só apanhasse de um.
-Sabe, Brandon... Eu, particularmente não gosto dessa ideia. De jeito nenhum, mas você precisa ver que isso não é bom para você. Você precisa entender.
-Jason só me deixa ir embora...
-Por quê? Por que eu faria isso, Brandon?
-Jason... - Então o rapaz deu um soco em seu estômago e Brandon se contorceu, sem ar. Ele olhou para Jason, que chutou os seus joelhos, então Brandon caiu no chão. Jason se colocou em cima dele e apertou os seus braços contra a areia com uma força desnecessária.
-Se você se mexer eu juro que mato você. - Então ele soltou os braços de Brandon, que tremia e chorava, e abriu a calça dele.
-Jason... - Brandon choramingou, mas o outro não disse nada. Ele sentou em cima do estômago de Brandon e tirou o próprio pênis para fora.
-Você gosta disso? - Brandon virou o rosto para o lado. - Olha pra mim!
Então Jason segurou o seu rosto e o virou para ele. A aproximação com o pênis de Jason só fez Brandon sentir vontade de morrer. Ele preferia ter apanhado até a morte naquela noite, quando Jason puxou suas calças para fora do seu corpo. Ele tentou se mover, tentou fugir, arrastando o corpo para trás, porque o desespero não lhe deu forças para levantar. Jason o puxou pelas pernas.
(...)
Ele olhou para o mar, chorando em silêncio, desejando que aquele fosse o último dia da sua vida. Ele esperava correr até o mar e se afogar, mas suas pernas estavam dormentes, seus braços estavam dormentes. Ele ficou olhando para as ondas quebrando na escuridão, sem falar, sem se mexer. Ele estava tão... Horrorizado que ficou ali deitado no chão, a cabeça virada para o lado, como se estivesse morto, respirando lentamente.
(...)
Tyde se levantou do sofá novamente. Ele olhou o telefone e tentou ligar para Brandon, mas seu celular estava desligado.
-Você conseguiu alguma coisa? - Ele perguntou quando Nicola voltou para a sala.
-A escola disse que dá para ver nas câmeras o momento exato que ele sai. Foi tipo... Cinco minutos depois das aulas acabarem, às seis horas.
-Nicola são nove horas. O seu irmão demora trinta minutos para voltar para casa. Trinta minutos.
-Tyde fica calmo...
-Não tem como eu ficar calmo. Se ele tivesse perdido o primeiro trem ele voltaria para casa em cinquenta, mas ele ainda estaria aqui. Eu não sei o que fazer.
-Nós vamos encontrá-lo, okay?
(...)
Army Beach ficava a quarenta minutos de distância da casa dos Franta, se você fizesse todo o trajeto a pé.
Brandon vestiu as calças, tremendo, com medo de alguém aparecer. Quase sem conseguir andar a caminhada de quarenta minutos se transformou em uma hora e meia, porque abraçando o próprio corpo, sentindo nojo de si mesmo e sem bateria no celular, ele só se arrastou para casa.
(...)
Tyde viu o momento que Brandon abriu a porta e caiu de joelhos no chão, abraçando o próprio corpo, fraco, como se a vida tivesse sido tirada dele. O rosto molhado em um choro silencioso. Já passava das dez horas.
-NICOLA! - Tyde correu para a porta e se colocou na frente do namorado. - Meu amor, o que aconteceu? - As mãos de Tyde foram em direção ao seu ombro. Era como se o mundo girasse mais devagar, porque antes que isso acontecesse, Brandon reuniu forças.
-NÃO ENCOSTA EM MIM. - Então o choro se tornou uma coisa impossível de Tyde assistir. - Por favor... Não encosta em mim. - Brandon sussurrou.
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Silver Moons
FanficQuerido Connor... Você ainda não me disse para qual cidade você vai, então eu acredito que vá ficar em Berlim por algum tempo. Eu espero que você não saia de Berlim até essa carta chegar até você, para que você saiba que eu não estou morto e que eu...