Maldição da feiticeira

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Olá pessoal boa noite, mais um pedacinho do meu bebê para vocês :D

Lúcia baixou os olhos, as lágrimas afloravam em seu rosto, lágrimas de vergonha porque de certa forma ele estava certo, ela não quis encará-lo de medo de ver de perto o que tinha visto.

Sentiu uma enorme mão em seu ombro, Ádino tentava confortá-la. _Não se preocupe ,quando ele falou com você já estava normal, ele te viu não pude evitar, não fique assim, ele está envergonhado, nunca conseguiu se acostumar com o que lhe acontece, sente repugnância de si mesmo, não admite porque é o único que é assim, ele foi amaldiçoado duas vezes, uma vez pelo espectro e a segunda pela feiticeira.

_Feiticeira?_ Lúcia ainda chorando, não pode deixar de estranhar.

_Sim, ela não era de sua raça, nem mesmo ele sabia de que raça era, ela o viu quando andava pela floresta, estava viajando para cumprir tarefas do rei, e se falaram algumas vezes, desde a primeira vez que falaram ela sempre o encontrava pela floresta, parecia saber aonde ele andava, se mostrava muito gentil e amigável e Luthiron sempre lhe deu atenção não querendo ser grosseiro com ela, mas nunca lhe deu nenhum sinal de que sentia o mesmo por ela, quando ela se declarou, ele disse que não poderia pois não a conhecia e muito menos sentia o mesmo por ela.

Ela ficou furiosa e ainda assim ele não se curvou a ela, ao contrário, ficou ofendido por ela tê-lo ameaçado e tentado lhe obrigar a ficar com ela, naquele dia ele não deu atenção as suas palavras de desafeto e promessa de vingança, achou que era apenas raiva por não ter sido correspondida, mas um bom tempo passou e ela sumiu, ele nunca mais a viu, e então começou a correr boatos que o espectro tinha uma feiticeira poderosa como aliada.

Muitos diziam que ele tinha transferido um tanto de seus poderes a ela, isso não sei dizer por que, mas ela era realmente poderosa e conhecia muitos tipos de magia malévola, depois que surgiram esses comentários ela começou a fazer alguns estragos por ai, Luthiron foi o primeiro a quem ela mostrou do que era capaz, quando ela foi falar com ele o seu povo já havia perdido a batalha para o espectro, ele já estava na condição de escravo, ela propôs a ele que ficasse com ela que ele seria liberto, mas ainda assim ele não quis ,disse que estaria traindo seu povo e não era honrado ser poupado por acordos, se um dia fosse liberto seria lutando.

Então ela o amaldiçoou com a condição de não poder se alimentar normalmente, só daquela forma horrível, e ainda nunca poderia se esconder totalmente, pois sozinho ficaria frágil e vulnerável, precisando sempre de alguém perto para ajudá-lo quando se alimenta e dessa forma, deixando ele sempre com vergonha de si mesmo pelo que acontece com ele.

Lúcia nem sabia mais o que sentir nesse momento. _Será que ele me perdoará por ter entrado na intimidade dele Ádino?

_Luthiron é orgulhoso Lúcia, só te contei como ele ficou assim porque você o viu, e tinha que saber o porquê aquilo acontece com ele, dê tempo para ele colocar as ideias em ordem, a maneira como ele fica o deixa horrorizado, só eu posso alimentá-lo e ainda assim ele precisou estar quase em colapso para me pedir ajuda na primeira vez que seguimos viagem juntos, os outros respeitam a intimidade dele, e nem mesmo eu entendo porque ele pediu a mim no meio de todos do grupo para ajudá-lo

Talvez por eu ser o menos belo, ou por ele dizer que tenho o coração nobre, mas não acho que meu coração seja nobre, mas se ele diz eu fico feliz em poder alimenta-lo, ele precisa de ajuda, e desde que o alimentei pela primeira vez eu nunca mais deixei de cuidar dele, o protejo com tudo o que tenho, pois vejo o quanto isso o transtorna.

_Acha que ele ficará magoado comigo por toda a viagem? Será que ele conseguirá me perdoar?

_Olha Lúcia você é a primeira que vê isso, então não saberei te responder, isso só ele mesmo poderá dizê-lo, agora vamos deitar, logo estará amanhecendo.

Lúcia seguiu Adino e uma tristeza profunda tomava conta de seu coração, precisava encontrar uma maneira de se redimir, não podia perder a confiança de Luthiron, voltou a deitar, já não sentia mais frio, só tristeza, voltou a adormecer.

Acordou com conversas, estavam todos acordados, ainda sentia o coração pequeno pelo ocorrido à noite, Ádino se aproximou de Lúcia com uma caneca de chá.

_Vamos menina, deixe as coisas acontecerem, logo encontrará um meio de ter seu amigo de volta, ele não deixou de ser seu amigo, só perdeu a confiança em você por enquanto, vai encontrar uma maneira de recuperá-la, temos muito tempo para isso.

Por mais que simples as palavras de Ádino, fez efeito em Lúcia, ele tinha razão, o tempo lhe ajudaria a encontrar um meio, sorriu para Ádino e pegou a caneca de chá, o liquido desceu quente e revigorante, depois de beber, Lúcia encarou Ádino que lhe sorria, sentiu uma onda de carinho por aquele gigante, apoiou a cabeça em seu braço.

Ádino meio sem jeito com aquele gesto de carência, pousou aquela imensa mão em seus cabelos, depois de algum tempo assim, Lúcia levantou a cabeça e olhou para Ádino. _Obrigado, por ser tão compreensivo comigo.

Levantou e deu um beijo no rosto de Ádino, que por sua vez não sabia como reagir, só o que soube fazer foi levar a mão ao local do beijo surpreso como se nunca esperasse que Lúcia tivesse coragem de o faze-lo.

Ao se levantar o olhar de Lúcia encontrou o de Luthiron, ele não parecia estar com raiva, mas tinha um olhar ansioso, mas Lúcia estava envergonhada demais para sustentar seu olhar, sem saber o que fazer baixou os olhos rapidamente.

Luthiron virou as costas e saiu a galope pisando duro, parecia furioso ou magoado, a tristeza de Lúcia foi interrompida pela falação do grupo, que pela maneira que agiram ela conhecia, iriam seguir viagem.

Arrumou suas coisas nas costas de Jahil, que parecia muito contente, cada vez que seguiam ,estava eufórico, sempre dizendo palavras de ânimo a todos, mas não conseguiu animar Lúcia dessa vez, ela estava profundamente angustiada.

Caluto e Jiron voltaram dizendo estar seguro o caminho, Balmac seguiu como sempre pela floresta e Linade estava absorta em seus pensamentos, Lúcia havia reparado que ela estava muito pensativa ultimamente, sempre olhava Lúcia de canto de olho, e às vezes Lúcia a pegava a observando.

Ádino arrumou suas coisas com o mesmo ar simpático de sempre, Caluto andava aborrecida desde que soubera que seria o povo de Jahil o primeiro.

Seguiram viagem, Lúcia olhava para trás toda hora preocupada com Luthiron, só sossegou quando o viu se juntar ao grupo em silêncio, não olhou para Lúcia e seguiu na frente ao lado de Jahil, dessa vez a companhia de Lúcia foi Ádino que estava demonstrando sua solidariedade ao caminhar ao seu lado, em silêncio, Lúcia se sentia grata a ele, mas seu sentimento de tristeza continuava, era culpa dela essa situação e ela iria arrumar um jeito de reconquistar a confiança de seu amigo.

A viagem já durava cinco dias, e os dias foram todos iguais, paravam para comer, e tarde da noite para dormir, seguiam viagem de manhã depois de uma rápida refeição, estavam esperando Ádino terminar o jantar, a situação de Lúcia com Luthiron continuava a mesma, ela não tinha feito progresso, suas pequenas tentativas de aproximação tinham sido frustradas, ele a repelia com respostas breves e frias e por vezes nem mesmo respondendo.

Todos no grupo sabiam do que estava acontecendo, isso Lúcia já tinha percebido, pois sempre ficavam atentos a qualquer passo de Lúcia quando tentava se aproximar dele, mas respeitavam e ninguém fazia perguntas, Linade tinha dedo nisso, Lúcia tinha certeza que ela tinha pedido para que a deixassem resolver isso sozinha.

Linade ainda a protegia, mas de longe, singelamente, Lúcia não suportava mais essa situação, fazia dois dias que tinha tido uma ideia para conseguir que Luthiron a perdoasse, mas era tão arriscado que ao invés de perdoá-la poderia odiá-la ainda mais.

Mas ela tinha que tentar, se a odiasse de uma vez, pelo menos saberia que não teria mais chance, mas se ainda tinha alguma chance de se redimir iria por em prática essa ideia, mas para isso precisaria de ajuda.

Depois de expor sua ideia a Ádino ele parecia visivelmente preocupado. _Lúcia, tem certeza que é isso que quer fazer? Ele poderá mais bravo do que já está.

_Tenho Ádino, só você saberá a hora certa e então preciso de sua ajuda.

Ádino concordou meio relutante. _Bem que seja então será essa mesma noite.

:P Não esqueçam de me dizer o que acharam, e deixar um votinho, muitos beijos e até a próxima :D

Crônicas Helenísticas- Niedra Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora