De volta ao reino dos centauros

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Galoparam velozmente o dia todo, a floresta parecia maior na volta.

Lúcia pendia nas costas de Luthiron, que preocupado acelerava o passo, deixando o grupo para trás, pois sabiam que não conseguiriam acompanhar seu passo.

Chegando à árvore, encontrou um centauro de guarda.

— Abra por favor, ela está fraca.

O centauro disse as palavras em sua língua antiga rapidamente e a porta na árvore se abriu.

Luthiron correu descendo a pequena escada e chegando a sala de entrada.

Seguiu apressado para o portão laranja que foi aberto rapidamente por dois centauros que viram sua pressa, por já conhecer o caminho, seguiu direto para a porta dos quartos destinados a ele.

— Abra, por favor. — Pediu ele apressado.

Os centauros correram e abriram a porta, abrindo em seguida a do corredor onde Lúcia e Linade haviam ficado.

Luthiron entrou no quarto abaixando devagar e inclinando o corpo, Lúcia escorregou e caiu sem forças na cama.

Com os dentes ele segurou Lúcia pelas roupas a ajeitando da melhor maneira possível na cama.

Viu a mão cortada que estava inflamada e suja. A fome a fez enfraquecer, pensou ele.

Está com febre. — disse ele alto ao encostar o focinho em sua testa.

Olhava atento a porta, esperando os outros chegarem, aquela febre não era normal, começou a imagina pelo quê ela tinha passado lá no alto daquela torra, mas agora, não podia fazer mais nada, somente aguardar.

Havia chegado muito adiantado, por poder ser muito veloz, um dos seus dons ainda intactos apesar da escravidão.

Depois de vários minutos O grupo apareceu apressado. Linade foi a primeira a entrar.

— Como ela está? Fiquei preocupada quando você seguiu a frente, imaginei que ela tivesse piorado, mas os centauros apesar de correr ainda demoraram para conseguir chegar.

— Com muita febre, e o corte na mão está muito infeccionado, ela está muito fraca Linade. O que houve lá em cima, para ela aparecer nesse estado?

—Ela ficou três dias sem se alimentar e não pôde beber nada também, natural que o corte a afetasse, e a magia que desprendeu... Não sei explicar mas era muito maligna.

Linade colocou a mão de leve sobre o flanco de Luthiron para acalmá-lo.

— Vou cuidar dela fique tranquilo.

— Vocês todos precisam de descanso.— disse Dávolo os enxotando do quarto. —Vou pedir que providenciem tudo para todos.

Uma centauro apareceu na porta. — Está tudo preparado senhor, Érono mandou mensageiros avisando que estavam a caminho e cuidamos de tudo.

— Obrigado Érono, vá descansar também meu amigo, você merece e precisa disso.

— Posso cuidar de Lúcia, ela está febril senhor.

— Pode deixar Érono, ela logo se recupera, o que passou lá em cima foi um pouco mais pesado para seu corpo do que deveria, ela tem o coração ainda ileso de maldade, e isso a deixou mais doente do que a fome a sede e esse corte fundo. Mas ela se recupera logo, vai ver, agora vai ver sua família que eles estão esperando.

Luthiron apesar de preocupado com Lúcia, chamou Dávolo que parou ainda no corredor e esperou.

— Dávolo, queria ajuda em nome dos nobres faunos, que arriscaram suas vidas nos ajudando.

— Fique tranquilo meu rapaz, fiquei sabendo da bravura deles, e serão muito bem vindos aqui. Descanse um pouco.

Luthiron agradeceu, e seguiu para a porta onde ficavam os quartos, seguido pelos outros. Parou novamente na porta fechada do quarto onde estava Lúcia a Linade.

— Ela vai ficar bem. — disse Balmac. — É forte essa menina, e já não é tão frágil como quando a conhecemos agora é uma guerreira de porte.

— Eu sei Balmac, mas tudo depende dela, fico triste pela responsabilidade dada a ela, e pelo peso que ela carrega, e ela sempre fica ferida, se não é externamente é internamente.

O que ela passou esses dias e quando teve que abrir o corpo do rei morto e ainda matar um rei para salvar aquele povo não foi brincadeira, acho que isso afetou muito ela.

Ela é guerreira sim, mas ainda é frágil e me preocupa o que terá que fazer para libertar outros povos.

— Ela será cuidada meu amigo, e logo se recupera, esquecerá o que passou, ou entenderá que foi um preço pequeno a pagar pela recompensa de ver um povo livre. Ela é uma menina surpreendente, logo estará novamente rindo e animada, dando força a todos.

Os dois se despediram com um olhar significativo e Luthiron entrou em seu quarto encontrando Ádino e Jahil animados.

— Acho que agora poderei tomar banho sozinho. — dizia Jahil para Ádino que ria também tirando uma das botas e concordando com a cabeça.

Luthiron esqueceu um pouco suas infinitas preocupações com o futuro do grupo, e entrou na brincadeira se animando um pouco ao ver aquela alegria.

— Ao menos terei mais um para me ajudar no banho, terá que me escovar direitinho Jahil.

Jahil concordou alisando preguiçosamente a barba comprida. — Mas antes meu amigo, preciso cuidar dessa belezura aqui, apesar de meu corpo não ter mudado nada, o cabelo e a minha preciosa barba sentiram falta de cuido.

Mas depois disso acredite Luthiron, deixarei você brilhando de tanto esfregar, de branco passará a ser transparente logo, logo.

Os três riram satisfeitos por Jahil, e sentindo dentro deles um frio no estômago com a curiosidade de saber de quem seria a vez de sentir tanta alegria.

Esse ficou muito curto aheuahue

Crônicas Helenísticas- Niedra Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora