Começaram a jornada daquele dia ainda em grande ânimo, a paisagem pesada e fria do sopé da montanha dava lugar a uma bela floresta com árvores suntuosas com muitos cipós adornando seus troncos, andavam em ritmo lento tentando abrir caminho em meio aos cipós entrelaçados entre uma árvore e outra.
No fim da tarde conseguiram chegar a um pedaço do caminho mais aberto, e isso os deixava mais receosos do que ter forçar o caminho com os obstáculos naturais, pois ali teria mais chance de encontrarem algum inimigo a esperar com uma emboscada.
Mesmo caindo à noite continuaram caminhando, pararam quando a madrugada já estava chegando, tinham que dormir por algumas horas apenas para recuperarem as forças, Linade tinha pressa, não se sentia bem ali alguma coisa no ar daquela parte da floresta dos cipós a deixava inquieta.
O ânimo daquele dia de manhã tinha os abandonado na hora de dormir, Ádino que sempre tinha uma disposição invejável caiu no sono assim que retiraram Jiron de suas costas, Linade preparou uma sopa rápida para todos e Lúcia observava seu gigante amigo Ádino dormindo profundamente e via o quanto carregar Jiron o estava cansando. Apesar de Jahil e Luthiron ter se oferecido para carregá-lo Ádino não tinha permitido.
Depois de Jiron comer ficou novamente vigiando aquela noite, e todos dormiram rapidamente, ninguém ficou a conversar, tinham que aproveitar as poucas horas de sono para poder chegar às minas ainda no outro dia.
A manhã ainda estava nebulosa por ser muito cedo, todos comeram rapidamente, e o mau humor estava dominando aquele dia, dormir tarde e acordar muito cedo não foi bom para o ânimo de nenhum deles.
A floresta estava ficando para trás ao meio do dia, a mata estava ficando cada vez mais rala.
Sempre passavam por pequeno lagos que se formaram nas depressões daquela terra por causa das fortes chuvas que tinham enfrentado há alguns dias atrás.
Lúcia encheu os cantis, e apesar daquela paisagem feita apenas de rochas a terras acinzentadas, gostava daquele lugar, lhe dava paz, pois era um deserto natural feito apenas pela natureza e não da maldade do espectro, bem diferente do Campo vermelho, um deserto de aparência vermelha e mortífera.
Logo, passaram por uma densa e curta floresta, um pequeno oásis no meio das terras cinza. As pequenas rochas foram dando lugar a rochas maiores e mais úmidas, e atrás de uma gigantesca rocha chegaram a uma cachoeira, as águas caindo em abundância em um pequeno rio fazia um estardalhaço de tão forte que era a quantidade de água despejada ali.
Jiron foi o primeiro a manifestar um desejo que estava sendo escondido por todos.
— Poderíamos tomar um banho antes de seguir viagem, ainda sinto o cheiro do sangue dos zargons ressequidos em minhas penas, ou no que sobrou delas.
Jahil apesar de parecer confuso entre a pressa de chegar à entrada da mina e a vontade de lavar também o sangue das batalhas achou que deveriam seguir viagem.
Balmac resmungou que não se incomodava com o cheiro, pois era sinal de que venceram.
Luthiron foi contra e Linade, Lúcia, Caluto e Ádino permaneceram em silêncio.
Uma coisa era estranha ela pensou olhando em volta. Com toda aquela beleza, não se via vida por perto, apenas o som de pássaros e borboletas voando e pousando em cima das rochas.
Ádino parecia ter visto o mesmo que ela. — Jiron, não quer esperar um pouco meu amigo, aqui não me parece um bom lugar para banho, pois os animais não chegam perto dessa água, estão a sobrevoar em volta, mas nesse rio não chegam.
Jiron tentou esticar o pescoço para ver. — Me deixa chegar mais perto para ver Ádino.
Ádino caminhou até a beirada do rio e Jiron falou. — Realmente, nada vivo dentro ou na beira do rio, isso aqui devia estar cheio de peixes e outros seres, mas a água esta límpida e não se avista nada ao fundo.
Linade pegou uma flecha da aljava e colocou a ponta na beira do rio.
— Já temos a resposta. — A flecha saiu ilesa. Mas o rio liberou fumaça aonde Linade tocou com a flecha. — É água fervente.
Jahil ficou ansioso. — Então chegamos à cratera do vulcão.
— Deve estar em constante atividade. — disse Luthiron. — Esta cruzando com o rio em algum lugar por dentro da terra.
— Então vamos. — disse Linade. — Não poderemos usar dessa água a não ser para nos queimar, vamos recolher água que escorre das rochas onde estão frescas.
Balmac olhou para as costas de Ádino diretamente para Jiron. — Por sorte não entrou naquela água Jiron, agora que suas penas estão voltando a crescer seria uma pena perder tudo de novo.
Jiron riu, o que não fazia desde que foi resgatado. — Verdade, fui uma ave de muita sorte.
Os dois riram alegres, foi apenas um momento, logo o silêncio dominava novamente, pararam para descansar enquanto enchiam os cantis.
— Daqui estaremos perto de chegar, bebam água direto da rocha e deixem os cantis para as minas. — disse Jahil. — Lá não há água.
Depois de comerem rapidamente recomeçaram a andar, não parecia uma cratera pensou Lúcia atenta ao que via, era uma paisagem diferente, mas não pareciam estar andando em um buraco gigante.
— Jahil porque chamam aqui de cratera do Vulcão se não é uma cratera?
Ele continuou andando. — Chama cratera porque se olhasse de cima da montanha veria um declínio fumegante parecendo uma cratera, os antigos julgavam que havia um vulcão dormindo por perto, ou mesmo aqui, eu nunca tinha visto, sei o caminho porque é minha obrigação saber. Temos sempre que decorar o caminho para casa.
— E essa floresta parece não ter fim Jahil, apenas essa cratera, mas depois ela se fecha não está parecendo que estamos chegando.
— Acabamos de entrar nela, e realmente domina tudo aqui e quando sairmos da mina ela ainda estará lá, a frente da mina não há árvores por uma longa e fina faixa de terra, mas a frente ela aparece exuberante novamente.
— Mas e a mina? Também decorou como sairmos de lá?
Jahil falou pensativo. — Depois que chegarmos e entrarmos verá entrar na mina sempre entrei com meu povo, mas nunca passei para outro lado, cheguei até as portas, mas transpor ela nunca o fiz, por isso que desse lado não sei chegar a não ser por mapas que decorei quando jovem, mas estando lá dentro estarei praticamente em casa, dessa entrada em diante estarei lidando com a experiência.
Não se animaram muito com as palavras de Jahil, não se sentiam seguros mesmo tendo tomado outro caminho, depois que havia acontecido sabiam que estavam sendo perseguidos e isso os incomodava, sempre atentos a qualquer barulho e sempre tinham a sensação que iam ser atacados novamente a qualquer momento.
Para surpresa de Lúcia não demorou muito para Jahil parar dizendo que haviam chegado.
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Crônicas Helenísticas- Niedra Livro 1
FantasyEla não imaginava que viajaria pelas terras de Heleno acompanhada de tantas criaturas, ela não imaginava que muitos povos dependiam dela, muito menos sabia que teria missões a cumprir e que a cada missão concluída com sucesso, um povo seria libertad...