A FEITICEIRA

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 Quando começou a amanhecer Caluto acordou, e Luthiron perguntou a ela sobre Hiabana contando como ouviu e falando sobre Venília que também tinha ouvido.

Caluto não respondeu sobre Venília, apenas confirmou que era a terra de seu povo.

Todos ficaram atentos, esperando com paciência que ela respondesse se tinha ouvido esses nomes ou não, ela depois de um tempo começou a falar.

— Hiabana é uma feiticeira que viveu um tempo sobre a proteção de meu povo. — Caluto olhava o fogo enquanto falava. — Eu também escutei isso vária vezes estando naquela gaiola imunda. Estão tramando alguma coisa e não entendo o que. Pelo que entendi teriam que passar pela minha terra e pegar alguma coisa para essa traidora.

Linade levantou e começou a caminhar devagar. — Porque fariam isso?

E porque capturaram Luthiron primeiro?

Luthiron estava visivelmente transtornado. — Caluto você disse que essa feiticeira se chamava Hiabana, mas como seria a aparência dela?

— Ela não é de minha raça Luthiron, nem foi criada entre nós, quando ela apareceu já tinha uma idade adolescente ainda.

Foi aprendendo a magia do meu povo, e era sempre muito curiosa.

Antigamente ela era franzina e de aparência muito delicada, era como se ao falar ela quase cantasse, mas os modos e a aura que ela emanava dizia ao contrário, não sei como está agora, sinto muito não poder ajudar nessa parte.

Luthiron continuou agitado, olhando ansioso para Caluto como se pedisse mais que aquilo. — Como ela apareceu e como vocês a aceitaram entre vocês?

— Teve uma anciã em nosso povo, quando ainda havia paz, que a encontrou vagando na margem de um rio perto de nossas terras, ela estava faminta, assustada e essa anciã se compadeceu dela, como não podia ter filhos a levou para sua casa e pediu para que a aceitassem porque ela precisava de ajuda.

Então ela foi aceita como da família da anciã por todos. Depois de bem alimentada e cuidada, ela tomou corpo rapidamente, e apesar de ser tratada com carinho por todos, nunca pareceu estar satisfeita ali.

Era quieta e nunca conseguiu fazer amizades ou parecia nunca querer incentivar isso, o olhar dela sempre incomodou muitos de nós.

Respeitava a anciã apenas, e com ela aprendeu muito de nossa magia além de algumas coisas que aprendeu com os outros, por viver a perguntar. Como ela evitava contato, alguns respondiam para tentar ganhar sua confiança e tentar saber alguma coisa dela.

Os outros anciãos sempre falavam que ela era uma feiticeira, pelas coisas que ela fazia e o jeito que ela se portava e se vestia quando apareceu.

Quando a anciã morreu ela foi embora, e não se despediu de ninguém.

Mas nunca foi esquecido a sensação de paz que muitos sentiram por ela não estar mais ali, os mais velhos eram os que mais se incomodavam com a presença dela. Os jovens tentavam se aproximar e apesar do clima pesado que sempre ficava quando ela estava perto, quando se é novo isso incomoda pouco.

— Você sabe para onde ela foi depois que saiu da sua terra?

— Não Luthiron, depois que ela foi embora, foi como se o mundo a tivesse tragado. Nunca mais foi vista pelo nosso povo, até eu ouvir esse nome e o nome da minha terra, achei que poderia ter alguma ligação, me lembro vagamente dela e receio que possa estar querendo alguma coisa que deve ter deixado lá, ou mesmo por saber alguma coisa sobre nossa magia, deve estar planejando algo para as nossas terras. Mas também poderia ter entendido mal, por não compreender corretamente a língua deles.

— O mais estranho. — Disse Linade. — É terem capturado Luthiron, você agora pode ter uma explicação se ela virou seguidora do espectro poderia tentar usar o tempo que viveu com vocês para tentar convencê-la a ser uma seguidora com seu povo.

— Não acho que seja isso Linade, seria simples demais, ela poderia estar aqui me prender e já ter aparecido e me feito essa proposta, não entendo, mas acho que estão tramando outra coisa que ainda não dá para entender.

Luthiron estava agitado e com o olhar distante, em silêncio foi se distanciando de todos e ficou longe perdido em seus pensamentos.

Lúcia não deixou de reparar nisso, e ficou com receio que ele voltasse a se retrair. Ele tinha mudado depois de um tempo, se interagia mais e parecia aceitar melhor sua condição. E fazia tempo que ele não ficava daquele jeito.

Lúcia sabia que ele tinha mais informações sobre isso e estava a se corroer com isso. Não iria fazer perguntas, não por hora, mas tinha que entender aqueles acontecimentos.

Daria tempo a ele para que falasse por conta sem ela precisar perguntar, torcia para que ele fizesse isso logo, pois uma hora ou outra ela tocaria nesse assunto.

Jiron começou a se mexer, todos se aproximaram preocupados.

Linade colocou a cabeça dele em seu colo e ficaram esperando ele abrir os olhos.

Depois de falar coisas sem sentido ele foi abrindo os olhos lentamente.

— Você está bem?

— Ainda sinto muitas dores Linade, parece que me depenaram um bocado, estou contente de ver vocês, achei que estava tudo acabado, pois eles rumaram depois que nos capturaram.

— O mal deles foi à soberba Jiron, acharam que conseguiriam nos capturar, eles não rumaram para longe, estavam nos seguindo, tenho a impressão que iam tentar nos capturar um por um. Mas tivemos uma preciosa ajuda.

Linade piscou para Lúcia ao dizer isso e ela sorriu em resposta, mas sua cabeça funcionava como um turbilhão de pensamentos.

Se realmente eles estivessem tentando captura-los, é porque já sabiam alguma coisa da missão e estavam tentando sabotar o grupo.

Isso era mal. Ainda tinham andado dois dias apenas, iria demorar alguns dias para conseguirem chegar ao alto da montanha das lamentações.

Tinham que passar pela floresta subir a montanha, e depois de descer para o outro lado tinham que achar um pequeno vilarejo para depois seguir para Niedra, e com Jiron machucado seria difícil e mais lento essa viagem.

— Sim Linade, estão tentando nos caçar, mas eu escutei a conversa deles e não fazem a menor ideia do que estamos fazendo, eles tem uma missão dada por uma feiticeira chamada Hiabana, e ela os esperava com a encomenda em Venília, as terras de Caluto.

Ela é a feiticeira que é aliada ao espectro, essa que poucos comentam, mas que tem muito dedo nesse sofrimento dos povos.

Mas nós dois não éramos o alvo, nos deixaram presos, caso não conseguissem capturar o verdadeiro alvo nos levariam e esperariam que vocês fossem a nossa procura.

Só não contavam que seriam barrados antes de conseguirem nos levar até o destino.

Ficamos ali para ser usados como iscas. E como garantia de conseguirem o que queriam.

— Quem de nós será?

Lúcia também fazia a pergunta para si mesma, mas um aperto em seu coração lhe dizia que ela sabia a resposta, olhou na direção de Luthiron que a olhava com amargura nos olhos.

Seus olhos queimaram de vontade de chorar, ele também sabia a resposta, mas pelo seu olhar não queria que soubessem, e ela respeitaria isso, deixaria falar quando estivesse pronto.

O que ele não sabia, é que Ádino havia contado a Lúcia, uma parte do que aconteceu, e por isso ela não poderia falar, teria que esperar a hora que ele resolvesse se abrir com ela.

Gente, esse cap não está muito bom, estou copiando de um arquivo odt que tenho aqui, mas esse não é o meu pc, por isso perdoem os erros viu beijooo :D

Crônicas Helenísticas- Niedra Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora