O rei Juíz

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Estavam entrando na floresta, a cada golpe de Ádino eles olhavam atentos para os lados procurando alguma criatura ofendida, nada tinha acontecido.

Apesar de toda aquela história, ela não parecia diferente das outras que haviam entrado, andaram alguns metros vencendo os cipós e brotos que teimavam em segurar o avanço daquele grupo.

Mas já estavam ficando contentes com o progresso, já estavam vários metros dentro da floresta quando Balmac disse preocupado.

— Melhor acabar com essa alegria, a floresta está se fechando as nossas costas, poderemos ficar presos aqui dentro.

Não foi essa noticia que surpreendeu a todos, mas as pontas de várias flechas que apareceram em volta deles os deixando totalmente cercados.

A surpresa deles deixava claro que não haviam escutado nenhum som que denunciasse a presença daquelas criaturas. Lúcia sabia o que eram, já havia visto um deles.

Eram centauros, mas estes eram diferentes de Érono, estavam com armaduras em seus torsos humanos e não tinham cara de melhores amigos.

Um tipo estranho de armadura, parecia feito de cristal fosco e alaranjado. Em suas patas estava uma grossa caneleira e usavam elmo e braceletes, tudo do mesmo material.

As pontas das flechas eram revestidas desse estranho cristal, mostrando o quão mortal poderiam ser se decidissem ficar agressivos.

Eram muitos, o que teria sido o suficiente para terem escutado a sua aproximação, mas o grupo estava acuado, não podiam reagir.

Lúcia não ia entregar tanto esforço facilmente, com as mãos a mostra decidiu tentar um acordo, apegada a história de Jahil.

— Viemos em paz senhor. — Ela falava para o centauro que apontava uma flecha para sua cabeça.

Ele não olhou para ela, respondeu carrancudo. — Isso será decidido pelo meu senhor.

Lúcia insistiu esperançosa. — Precisamos apenas passar, não viemos com intenção de fazer nenhum mal.

— Sigam em silêncio, não podemos decidir.

Lúcia desistiu de tentar por enquanto, não seria ali que conseguiria um acordo como havia deixado claro o centauro, então decidiu obedecer e esperar.

Andavam devagar, totalmente exprimidos e cercados, as flechas ficavam sempre apontadas na direção de suas cabeças.

A floresta apesar de ser fechada, não parecia agora que segurava o progresso, ia abrindo caminho para aquele pelotão de armadura laranja.

Enquanto andava Lúcia observava o centauro ao seu lado. Ele tinha o cabelo negro e muito liso até os ombros, seu torço branco e a parte animal muito negro, o elmo deixava suas feições duras, mas seus olhos eram intensos e de cor castanha.

Lúcia estava encantada. Era um belo centauro, tinha a mesma dignidade nos movimentos que Érono.

O que ia a frente tinha um ar imponente, a parte animal era castanha e humana morena, apesar de estar de costas Lúcia via uma imensa trança dourada caindo até as costas, no cimo do elmo tinha uma penugem branca caindo em uma fina cascata acompanhando o comprimento da trança.

Andaram por quase uma hora, Luthiron ao lado de Lúcia começou a ter alguns espasmos.

Sua preocupação ficou mais latente, queria apenas ter certeza de sua desconfiança, uma esperança de que tivesse sobrado algo.

— Ádino alimentou você Luthiron?

— Não deu para caçar, não havia nada de reserva, contávamos com alguma caça antes do escurecer Lúcia. — Ele a encarou com os olhos penetrantes e quase brancos antes de continuar. — Agora ele está pedindo comida.

Crônicas Helenísticas- Niedra Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora