PRONTA...

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Evaluin sorriu complacente. — Então venha comigo em meu quarto.

Desde que haviam chegado, Lúcia nunca tinha visto o quarto do oráculo, sempre ia para a cozinha e logo após a refeição já saiam para treinar, e quando voltavam após o jantar Lúcia seguia diretamente para o quarto que estava ocupando, seu cansaço era tanto que pensava apenas em dormir sabendo que teria um longo caminho pela frente.

O quarto do oráculo era simples igual ao dela, o que mais destacava era a pequena abertura no piso de pedra, ficou curiosa com o buraco profundo que ali estava ao canto da cama.

— Antes que pergunte, ai é minha segunda casa, essa a porta para ela. Como você sabe, a água e a terra são partes da minha vida e essa passagem vai direto para o rio e de lá caminho para muitas aguas e mares desse mundo.

Como estávamos em treinamento eu sempre deixei isso para a noite, e será por ai que iremos voltar.

Mesmo antes que o oráculo dissesse isso, Lúcia já havia desconfiado.

Não disse uma palavra, ficou a olhar para o oráculo e pensando o quanto ela perdeu de matar a saudade de sua terra, pois estando ali não podia sair, pois estava o tempo todo a treiná-la.

— Poderá voltar aqui Evaluin quando sentir saudades?

Evaluin negou. — Só poderia voltar uma vez, o portal se fecha depois de rompido. Então esse portal não poderá mais ser usado, agora somente se uma torre cair para eu ter energia o suficiente para abrir outro portal.

Mas não acredito que eu faça isso, tentarei acumular força o mais que puder.

A cada império que você libertar, eu ficarei mais forte, e quem sabe eu consiga me libertar daquele corpo e ser como eu era, isso somente saberei quando a primeira torre cair.

Lúcia apertou os lábios chateada. — Você veio aqui sabendo que não poderia voltar e não tentou procurar nenhum da sua raça Evaluin?

— Não poderia perder tempo com isso. Tínhamos apenas um ano, e eu tive que aproveitar cada minuto. Terei muito tempo para procurar os meus quando a paz se instalar nas terras Helenísticas que também considero meu lar.

E também, se eu esperar terei liberdade e força para qualquer jornada.

Não tenho agora nem um terço da força que tinha Lúcia, minha magia ficou muito limitada e muita coisa não posso fazer, e voltar aqui será mais uma das coisas que ficarei privada.

Usei tudo o que tinha, guardei meu direito de voltar uma vez para quando você chegasse. Eu poderia voltar e morar aqui cuidando e dando sinal que havia vida em Carnuin, isso aguçaria os sentidos dos meus que estão espalhados e que acredito estarem em vários mundos alternativos e assim poderia reuni-los e tentar fazer Carnuin voltar as terras de Heleno, mas para isso precisaria de todos da minha raça que eu pudesse encontrar. — Levantou os ombros. — Se realmente existir algum.

Aquele lugar onde estão nossas cascas dormindo é o que restou de Carnuin em Heleno, apenas o vazio e as entradas para a cidade. Ela foi removida pelos meus magos quando desconfiaram que um mal muito poderoso estivesse começando a aparecer nas terras de Heleno. E como muitos morreram ou sumiram, o segredo de como mandar Carnuin de volta ficou com eles.

— E você perdeu a única oportunidade de encontrar os seus para ficar aqui e me iniciar na fase adulta? E se eu não conseguir, como você fará para levar Carnuin de volta?

— Não levarei, não iria valer a pena. É uma floresta sagrada demais para eu arriscar que o espectro a domine também. E seria tão simples para ele fazer isso, pois meu povo nem estaria aqui para tentar defendê-la.

Crônicas Helenísticas- Niedra Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora