Lúcia o seguiu em silêncio ainda estranhando e franzindo a testa, achava uma resposta esquisita, parecia uma desculpa para se afastar dela.
Ele era muito querido, mas muito esquisito na mesma proporção, parecia lutar contra algo além de sua maldição e escravidão.
Caminharam ainda em silêncio com Luthiron perdido em seus pensamentos e tomado de angustia, ao chegar sentaram no mesmo lugar que haviam deixado.
Dávolo falava sobre suas armaduras laranja, isso interessou Lúcia que esquecendo um pouco do comportamento do seu querido amigo.
— Uma resina. — Dizia ele. — É tirada das árvores e medida por proporção, assim separamos corretamente a parte que vamos trabalhar.
Uma receita nossa, usamos vários tipos de resina extraídos de diferentes árvores. Algumas cultivadas apenas aqui nessa floresta, plantada há muito tempo por meu povo, depois essas resinas vão ao fogo e são cozidas, colocamos em moldes que depois de secos se cristalizam, é um cristal transparente, mas é banhado muitas vezes por lavas de vulcão ligeiramente resfriados, e assim as armaduras ficam mais duras que o aço.
A cor depois de pronto nunca se altera, ficando sempre laranja, se ficar com outra cor mais escurecida ou mesmo avermelhada, descartamos porque não ficou boa para uso, podendo deixar o guerreiro em perigo se confiar nela. Por isso o oráculo nos chama guerreiros laranja.
Lúcia deitou a cabeça no pescoço de Luthiron, ele ficou imóvel como se não tivesse ligado com essa atitude que ambos estavam acostumados, mas ela percebeu seu corpo um pouco tenso como se algo o incomodasse.
— O que há Luthiron? Está estranho comigo, conseguiu mudar seu comportamento comigo tantas vezes hoje, que não se compara a todo o tempo em que estamos viajando juntos.
— Desculpe Lúcia, não é nada, acredite, não sei o que há e mesmo que soubesse não iria querer falar do assunto, não estou chateado com você se é o que pensa, estou mais chateado comigo na verdade.
Para sorte de Luthiron Dávolo finalmente se levantou. — Acho que poderemos continuar nossa agradável conversa na mesa, o jantar está pronto.
O grupo caminhou em direção a porta, alguns alegres como Jiron e Jahil, outros enfezados e melancólicos como Caluto, outros três angustiados Linade, Balmac e Luthiron que tentava seguir a frente acompanhando a maioria.
Lúcia ficou para trás confusa e triste por não saber lidar com as mudanças de comportamento dele.
Ádino gentilmente se aproximou passando o enorme braço por suas costas e pousando a mão cobrindo completamente os ombros e metade do braço.
— Luthiron adora você Lúcia, mas você mexe com ele, o deixando com raiva da forma em que está e aumenta a esperança de um dia se libertar, mas a pressa o corrói.
— Quer dizer que eu faço mal a ele Ádino?
Ádino sorriu. — Não diria esse mal que você está pensando, mas um mal bom entende?
Lúcia olhou para ele negando devagar, não entendia.Ádino atrapalhado coçou a cabeça. — Também não sei explicar, só sei que é isso o que eu disse.
Lúcia até esqueceu a tristeza pela atitude de Luthiron vendo seu querido Ádino tentando filosofar, riu alegre dando um beijo na mão enorme que estava em seu ombro.
A mesa estava sortida, pão ainda quente, mel um enorme veado assado e inteiro com molho de hortelã. Queijo fresco, variadas frutas e vinho.
Todos foram servidos e comendo com apetite mantinham a mesma curiosidade do jardim.
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Crônicas Helenísticas- Niedra Livro 1
FantasyEla não imaginava que viajaria pelas terras de Heleno acompanhada de tantas criaturas, ela não imaginava que muitos povos dependiam dela, muito menos sabia que teria missões a cumprir e que a cada missão concluída com sucesso, um povo seria libertad...