Rumo ao primeiro assalto.

1K 164 5
                                    

Linade tocou no ombro de Lúcia. — Chegou a hora, temos que nos trocar e arrumar tudo para partirmos.

Não perderam tempo em vestir as velhas roupas de viagem e logo saíram para o salão e todos já estavam esperando.

Érono havia preparado as provisões, divididas apenas em bolsa pequenas que não iriam acarretar um grande peso.

Seria a única carga que levariam além de suas armas, Lúcia tinha colocado seu pequeno punhal na perna, o maior na cintura e carregava seu arco nas costas, sentia saudades de suas coisas, não queria deixar as poucas lembranças de seu pai, mas sabia que era necessário.

Todos os outros estavam da mesma forma, com exceção de Ádino e Jahil.

Jahil estava sem seu elmo, e dessa forma parecia estranho, não parecia ser o mesmo Jahil.

Ádino tinha em seus pulsos, braceletes pontiagudos e usava caneleiras laranja, sua marreta tinha sido substituída por um machado de metal, um lado era afiado e largo e do outro havia um quadrado maciço, era uma arma exuberante e perigosa pelo imenso tamanho parecendo pesar toneladas.

Ádino viu que Lúcia olhava para ele admirada. — Foi um presente de Dávolo, muito bonito não é Lúcia?

— Sim bonita e intimida só de olhar, parece tão pesado, não vai te atrapalhar esse peso todo?

Ádino riu, tomou distancia e brandiu o machado no ar com agilidade, depois manejou para os lados como se aquilo pesasse uma pena.

Depois de uma demonstração daquelas, Lúcia teve a certeza que pesava menos do que ela imaginou, para ele pelo menos.

Lúcia sorriu e fez uma reverência em homenagem a sua bela demonstração.

Recebeu em troca uma continência desajeitada, se aproximou de Jahil, deixando Ádino alisando seu machado ainda admirado do belo presente.

Jahil estava em um canto olhando a porta de saída, começou a falar triste quando a viu se aproximar. — Estou sem identidade sem meu elmo, uma pena ter que deixá-lo aqui, mas é necessário para não ser descoberto.

Lúcia não imaginou que estaria tão tranquila, pensou que ficaria nervosa e apavorada, e conseguiu, decidiu tranquilizar o amigo.

Lúcia passou a mão por sua costa branca. — Logo você poderá usar de novo, será como um homem livre.

— Vou vir aqui buscar assim que isso acontecer, ele ficará aos cuidados dos centauros, eles me prometeram cuidar dele.

— Claro que vão, também estou deixando tudo apenas levo as armas, e confesso que também não estou muito contente de ter que me separar dos meus pertences.

Jahil a olhou triste. — Então compartilhamos a mesma dor.

Lúcia sorriu do drama daquele jeguinho e logo ficou surpresa ao Érono que aparecia todo laranja com uma espada guardada na bainha e pendurada em suas costas, parecia muito feroz armado daquele jeito.

— Podemos ir, Dávolo já esta pronto, mas antes aguarda você Lúcia no quarto dele.

Lúcia seguiu um pouco nervosa para a segunda porta, parando e respirando fundo, bateu de leve. Dávolo abriu a porta fechando assim que Lúcia entrou.

Estranhou aquele lugar, não havia nada ali que pudesse parecer um quarto.

Uma estante cheia de rolos arrumados cuidadosamente preenchendo uma parede toda, uma mesa alta e reclinada com outros tantos rolos abertos em cima.

Um canto do quarto estava cheio de sacas de algodão, o que Lúcia imaginou que deveria ser ali que ele dormia.

Dávolo carregava uma pequena caixa de mármore, e em silêncio entregou a Lúcia, era muito pesado, ela colocou no chão e abriu.

Crônicas Helenísticas- Niedra Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora