Retorno de Luthiron e Balmac

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No oitavo dia pararam para descansar, Linade estava em um canto novamente falando sozinha, quando voltou já não estava tão estranha, sentou no meio entre Lúcia e Caluto que tentava em vão se aquecer na fogueira, o frio era cortante e Lúcia também tentava aquecer os pés perto do fogo.

— Porque não calça aquelas botas pretas Lúcia.— Disse Linade com o olhar mais calmo que os outros dias. E coloque também a capa e as luvas.

Lúcia deu um salto quando ela falou, fazia oito dias que ela não ouvia sua voz, a não ser os resmungos que ela fazia de longe.

Linade como que percebendo sua surpresa a fitou longamente, pesando o que iria dizer. — Me desculpe se tenho sido distante esses dias, é que eu devia estar concentrada para quando viesse a minha resposta, e agora a pouco ela veio.

— Qual é a resposta? É sobre os Zargons não e?

— É sim Lúcia, eu precisava ter certeza que está tudo bem em Heleno para poder chegar com você e como eu te disse que não converso com os mortos diretamente, eles me mandam visões e eu tenho que descobrir o que significam.

— E o que eles te mostraram?

— Várias imagens vieram a minha cabeça, primeiro não consegui compreendê-las, depois fui compreendendo devagar conforme pensava nisso e agora sei que as imagens são do lugar que os Zargons estão e com certeza não é Heleno.

— E você conseguiu ver aonde era?

— Não, mas sei que eles estão em uma floresta, mas não sei aonde é.

E logo me apareceu outro grupo deles que estão aguardando nos portões de um vilarejo, e pelo que entendi esperam ordens, ou mesmo informações, não estão satisfeitos com isso e pareciam ansiosos para sair de lá.

Na primeira visão eles estavam correndo muito, pareciam exaustos e também me pareceu que caçavam algo, na segunda visão, estão apenas cuidando de um local com um grupo maior, mas aguardam ansiosos, acho que é para sair de lá, não sei, o que perguntei não foi isso e então não posso julgar o que vi a não ser a resposta que obtive sobre minha pergunta.

— Será que tem alguma coisa haver com minha missão?

— Aí é que está Lúcia, se for então o espectro está adiantado sobre nós, mas não nos preocupemos com isso agora, temos que chegar a Heleno e depois da sua iniciação veremos o que fazer e como as coisas ficam o que nos importa agora é que eles não estão em Heleno.

Muita coisa pode mudar até lá e nem sabemos realmente o que os Zargons estão fazendo, agora vá dormir que a viagem será penosa daqui por diante, o frio está aumentando e teremos que nos esforçar mais para passar por esse trecho.

Linade levantou e foi se juntar a Jiron, Lúcia agora mais aquecida com suas botas, luvas e a capa deitou mais perto que pôde da fogueira.

Não conseguia parar de pensar no que Linade havia dito e o pior tinha certeza que não foi dito tudo, Linade parecia calma demais e isso preocupava Lúcia, outra coisa incomodava Lúcia, desde o dia que a tinha visto na caverna depois daquela fuga confusa com Luthiron da cabana em que moravam Linade nunca mais tinha demonstrando a ela algum carinho além de preocupação e cuidado.

Sentia falta de sua avó, falta de ela ser sua avó, e agora a via fazendo coisas estranhas, e falando de visões.

Lúcia sabia que tinha muita coisa escondida por trás dessa conversa, o problema seria descobrir, de uma coisa ela tinha certeza, no momento certo ela saberia, só esperava não ser tão grave assim a resposta.

Lúcia acordou toda dolorida, seus pés estavam dormentes, a fogueira tinha se extinguido havia várias horas, ela se levantou penosamente e foi se juntar a Ádino que tentava em vão reascender a fogueira.

Crônicas Helenísticas- Niedra Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora