Um aviso no sonho. Reconciliação

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Depois da refeição todos ficaram mais próximos que conseguiam um do outro, Linade e Lúcia se protegiam com tudo o que tinham nas sacolas.

Apesar da capa, as luvas revestidas e as botas impermeáveis, Lúcia ainda sentia muito frio e se encolhia o mais que podia nos outros, que não ficavam muito incomodados com o contato, pois também conseguiam se aquecer melhor com isso.

Muitas das peles e outras coisas que usavam para dormir haviam sido deixadas pra trás para poderem carregar os alimentos, as poucas que sobraram estavam estendidas no chão para que todos pudessem ficar sobre elas.

O grupo se deixava levar pela exaustão, deixando apenas um de vigia que era substituído em poucas horas para que também pudesse descansar.

O segundo dia da viagem não mudou em nada em relação ao primeiro, a única diferença é que Lúcia se sentia mais cansada, e quando pararam para descansar, também não mudou muita coisa do dia anterior, ficaram da mesma maneira, encolhidos e praticamente grudados um no outro para se aquecer, estava difícil achar abrigo naquele lugar.

Foram assim as paradas no terceiro e quarto dia, no quinto dia Lúcia acordou com um sol pálido no céu, a nevasca havia cessado, mas a neve continuava alta e firme.

Fizeram o trajeto em silêncio, Jiron e Caluto sumiam por horas, quando voltavam planavam algum tempo por cima do grupo e depois sumiam novamente, sem o vento forte conseguiam ir longe e rápido a procura de abrigo.

No fim da tarde Jiron pousou ao lado de Linade. — Daqui a uma hora tem uma caverna, poderemos chegar lá antes do anoitecer.

Lúcia sentiu suas forças revigorarem com a notícia, não deixando de perceber que a noticia fez bem a todos que agora caminhavam com mais ânimo também, a esperança de fazer uma refeição quente os animava e assim aumentaram o passo.

Depois de uma hora chegaram a caverna, era úmida, mas muito melhor que o vento frio que prometia castigar lá fora.

Caluto e Jiron já haviam preparado um lugar, tinha algumas folhas e gravetos secos e também algumas madeiras, mas estas estavam um pouco úmidas.

Ádino se pôs a trabalhar, acendeu o fogo e colocou alguns pedaços de carne no caldeirão para irem aquecendo, preparou um imenso bule de chá bem forte, não demorou muito e todos estavam se servindo.

Não se esquecendo de colocar um bom pedaço de carne para assar, Luthiron precisava se alimentar e ele iria aproveitar aquele fogo o mais que pudesse.

A madeira úmida liberava uma branca fumaça enquanto chiava no fogo até secar, mas ninguém se incomodava com isso, o calor que a fogueira liberava era reconfortante.

Lúcia observava Luthiron com o canto dos olhos, ela estava com um apetite imenso, mas apesar de toda a determinação em manter distancia, seus pensamentos sempre rumavam até ele, sempre que isso acontecia, sua determinação em não iniciar conversa diminuía, sentia um imenso vazio pela falta dele.

Ele não demonstrava, mas ela sabia que isso também o afetava, Balmac ainda não tinha conversado com ele e ela sentia que a oportunidade seria naquela caverna, Balmac estava conversando com ele sobre a viagem, mas ela tinha certeza que era apenas um pretexto para abordar o assunto.

Lúcia arrumou a pele no chão e deitou para descansar seguindo o exemplo da maioria, em silencio tentava em vão ouvir algum trecho do assunto dois.

A tal conversa estava demorando e Lúcia foi vencida pelo cansaço.

Por mais que tentasse correr, não conseguia progresso, a neve estava muito alta, Lúcia gritava para que Balmac a deixasse sozinha e fosse ajudar Jahil que estava em apuros, apesar de dar coices e cabeçadas certeiras eram muito os que estavam em cima dele, Balmac saiu correndo e gritando a Lúcia que já voltava indo em disparada ajudar Jahil.

Crônicas Helenísticas- Niedra Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora