A criatura da torre

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Os faunos iam em silêncio Lúcia não ouvia nem mesmo um cochicho deles, deviam estar com medo, depois de algum tempo em linha reta a carroça parou.

— Aonde vão? A troca é somente amanhã.

Lúcia sentiu o corpo de Linade ficar tenso ao seu lado, se não conseguissem entrar daquela forma não haveria outro meio de conseguir senão tentando tomar a torre e isso poderia acabar com muitas vidas.

A demora da resposta do fauno deixou Lúcia ainda mais preocupada, não vai dar certo, pensou ela, teremos que lutar.

Levou a mão devagar ao punhal, os movimentos de Linade indicou que fazia o mesmo.

— Eles nos mandaram trocar hoje senhor, estamos cumprindo ordens.

— Estão ficando cheios de mania, pensam que são mais importantes que nós. — Aquela voz grossa nasalada mostrava a Lúcia que era um Orc.

— Podem ir, mas vão ter que trocar ainda essa noite a nossa também.

— Sim senhor. — A voz do fauno saiu com humildade.

A carroça recomeçou a andar novamente, o coração de Lúcia batia descompassado, fechou os olhos respirando fundo para conseguir se acalmar um pouco e se concentrar nos sons, depois de vários minutos, a carroça parou novamente.

— Porque hoje? — Perguntou outra voz ainda mais grossa que a primeira, mas nasalada da mesma forma.

— Estamos apenas cumprindo ordens senhor.

Não houve resposta apenas um resmungo de desdém, um rangido alto e logo ouviu o som barulhento do imenso portão sendo empurrado lentamente, devia ser muito pesado, pensou ela sentindo uma estranha vontade de sair dali e ajudar a abrir para que andassem mais depressa.

A carroça começou a andar minutos depois, e o barulho do portão sendo fechado apavorou Lúcia, não tinha mais volta, agora seria apenas lutar.

Segurou firme seu punhal, o medo que sentia era maior do que qualquer outro que alguma vez sentiu, puxou o ar com dificuldade lembrando das palavras do oráculo sobre o medo ser traiçoeiro.

Tentou se concentrar em sua respiração, a calma estava conquistando algum espaço quando a carroça parou novamente.

— Voltem com essa carroça imediatamente! — Gritou uma voz diferente do que ela tinha ouvido até então.

Era grossa e limpa, mas a maneira como soava dava medo em Lúcia.

Os movimentos de Linade a despertou, levantou com a mão na aljava pegando uma flecha, pulou da carroça mirando em um Orc que estava perto de onde ela pulou.

A batalha começava.

Uma das grades da carroça maior voou longe e Lúcia viu os cascos de Luthiron entre as palhas, ele tinha arrancado a grade com um coice.

Todos desceram rapidamente — Agora Ádino!— gritou Dávolo, que desferia os golpes matando um dos orcs que o cercava.

Nem precisava mandar, Ádino pulava da carroça já com o machado no alto e os olhos febris.

Um som alto ressoou por toda a parte, Jiron alçou voo enquanto lutavam, subindo alto e descendo em alta velocidade atacando também.

— Nada ainda!— Gritava ele voltando a subir e descendo com as garras abertas em cima de um orc.

— Precisamos chegar ao portão. — Gritava Linade que mirava nos pastores na muralha, eles mandavam flechas sem piedade ao grupo reduzido, Lúcia fazia o mesmo, o maior perigo eram eles.

Crônicas Helenísticas- Niedra Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora