A Iniciação

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Um imenso lago estava no meio da casa, não parecia haver cômodos além daquele espaço, apenas um piso de pedra de um metro de largura, que circulava todas as paredes dando a volta.

O meio era tudo água como se fosse uma grande piscina natural. Em frente à porta por onde Lúcia tinha passado havia uma cachoeira em sentido contrário com outra da mesma forma ao lado em sentido correto.

As duas pareciam estar ligadas como se uma abastece o lago com água limpa e a outra tirasse a água do lago simultaneamente, eram imensas.

Lúcia não conseguia ver aonde iam e de onde vinham, a casa era de pedras e fria pela umidade.

O teto era uma cúpula com vários desenhos antigos como se contasse uma história.

Lúcia reconheceu alguns personagens do desenho. Um fauno com um retrato. O fauno olhava o retrato como se esperasse algo.

Um cavalo branco de porte altivo e uma mulher muito bonita que lhe apontava um dedo ameaçadoramente, mas o seu rosto era bondoso.

Ela entendeu ser Luthiron ali, mesmo não fazendo a menor ideia que quem era a bela mulher.

Lúcia sentiu um arrepio quando viu um rei carregando um bebê.

Era um rei porque usava uma bonita coroa e estava abraçado aquele bebê de cabeça baixa, havia sofrimento em seu semblante.

Tinha os mesmos cabelos claros de Lúcia e ela soube que era seu pai.

Era como se ali fossem as histórias que haviam acontecido em torno de sua vida. Ou o que ela presumia fatos que marcou sua vida e dos que estavam com ela.

— Sim Lucastra, faz parte de um processo de sua história.

Lúcia deu um pulo, não tinha ouvido nenhum barulho enquanto olhava os desenhos. Se virando rapidamente não ficou menos surpresa.

Uma figura conhecida em sua memória estava no centro do lago perto das duas cachoeiras.

Seu sentido de alerta ficou aguçado, sabia do perigo que ela oferecia, só não entendia como ela havia chegado ali.

— Senhora do lago, como está? Desculpe incomodá-la, mas creio que não a acordei, pois não toquei na água.

Um riso melodioso invadiu o salão. — Não precisa se preocupar realmente não tocou, mesmo que tivesse tocado eu não te machucaria.

Se fosse para fazer isso, teria feito quando nos encontramos pela primeira vez. Acho que deve supor o porquê estou aqui.

— Você então deve ser o oráculo, afinal foi para encontrá-la que vim. E agora entendo o motivo de não ter machucado nem a mim nem a Luthiron aquele dia.

— Aquele dia Lúcia, era tudo novo para você, resolvi aparecer para sentir seu coração. Saber como ele estava e dirigir as coisas para poder te proteger.

Aquele lago é o único lugar aonde posso ir livremente por enquanto, não pude perder a oportunidade de poder senti-la quando esteve lá.

Tenho sorte de Linade ser tão honrada e cumprir a risca o que foi dito a ela que fizesse, mais ainda por Luthiron não fazer perguntas, ele a levou lá por pedido de Linade, ela gritou uma ordem, mas já tinham combinado outra em segredo, ele te levou justamente onde Linade pediu, porque eu a esperava, mas ele não sabia, tudo o que fez foi para te defender, meu honrado guerreiro Luthiron, mas deixemos isso porque temos coisas a fazer não é mesmo?

Lúcia assentiu, o coração acelerado pela expectativa, a linda criatura continuou a falar olhando para ela cheia de compreensão.

— Agora vamos ao seu bloqueio. Você fica magoada com Linade quando pensa que ela não a preparou não é? Mas você se engana grandemente, ela te ensinou coragem, perspicácia, respeito ao próximo, tudo o que uma nobre precisa.

Crônicas Helenísticas- Niedra Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora