A velha Mina

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A entrada não era nada impressionante.

Estavabem escondido entre aquele acúmulo de galhos e o tempo ali tinha deixado anatureza contribuir com o resto, pois várias trepadeiras e até mesmo algumaspequeninas flores cobriam quase toda a madeira da porta.

Linade, Lúcia e Ádino começaram a limpar. Logo ficava apenas tábuas que fechavam firme a entrada, Ádino dessa vez trabalhou sozinho arrancando as tábuas e depois de árduo trabalho estava ali uma porta inclinada feita em meio a duas pedras enormes.

Lúcia olhava a entrada. — São duas imensas pedras.

— Não são duas pedras. — Respondeu Jahil. — Apenas uma, foi feito um buraco nela, fomos cavando e quando vimos havíamos aberto a rocha e saído para o outro lado, escondemos essa entrada para não ser vista e usada pelos inimigos para chegarem a Niedra.

Desde então ela se manteve fechada, eu mesmo nunca vim aqui na saída, a mineração foi pouca em minha vida, virei soldado ainda, mas vamos, acho que não precisamos mais ficar aqui.

Ádino preparou tochas com ajuda de Linade e Lúcia e assim logo estavam entrando naquela abertura na rocha. Ádino por último, teve o cuidado de colocar várias pedras grandes fechando aquela entrada, mas também acabando com a pouca claridade que ainda tinham dentro daqueles corredores.

Lúcia observava com atenção os corredores com chão de terra já batida pelo uso, mas úmida pela falta de ar a circular por eles, o cheiro de terra úmida e mofo eram fortes ali dentro, o teto era instável, várias madeiras de tamanhos diversos se cruzavam segurando aquele monte de terra que dava a impressão que cairia a qualquer momento.

Várias outras um pouco mais grossas e outras ainda mais finas seguravam a parede estando também sustentando a madeira que ia ao teto.

Era baixo e Lúcia tinha a certeza que Ádino não conseguiria andar de pé ali.

Já sentia pena de seu amigo andando abaixado por dois dias.

— Assustador não? — Disse Luthiron olhando para cima.

— Nem me fale, estava pensando o mesmo, parece que vai cair em cima de nós a qualquer momento, montes de terra caem do teto dando ainda mais medo de andar por aqui.

— Não tem perigo disso acontecer. — disse Jahil confiante encabeçando a fila. — Meu povo trabalhou aqui por longo tempo, e nunca aconteceu nada demais. Por vez ou outra tínhamos que arrumar alguma parte que parecia estar mais perigoso para trafegar, mas era por causa da constante movimentação.

Iremosandar com cautela e isso não afetará a estrutura, fiquem tranquilos.

Lúcia não viu sua cara ou a de Luthiron, mas queria ter visto para ver se estava preocupado, pela voz parecia seguro do que dizia.

Se organizaram para seguir pelos corredores, Jahil continuou a frente, seguido de Linade que carregava uma tocha em seguida Jiron que precisava de atenção e Linade se comprometeu a cuidar dele, depois Luthiron com Caluto em sua garupa e o pobre Ádino como Lúcia havia pensado tinha que andar abaixado para não tocar no teto e não mexer com a madeira que poderia cair, por último vinha Lúcia com uma segunda tocha.

Andavam lentamente e sempre viravam ou para a direita ou esquerda, poucas vezes seguiam reto, os corredores eram curtos e sempre viravam para um lugar.

Uma sensação de vertigem assolava a todos, o ambiente fechado e pouco ar que circulava ajudava para não se sentirem bem naquele ambiente.

Apenas Jahil não parecia se importar com isso e seguia confiante à frente.

Crônicas Helenísticas- Niedra Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora