Os campos de feno

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Partiram para o norte em direção a montanha, teriam que ser rápidos, depois que tomaram uma distância segura aumentaram a velocidade ao máximo que conseguiam.

Lúcia se segurava com força agarrando a cintura de Dávolo, as árvores passavam rápidas por ela, estavam saindo dos domínios das florestas dos centauros.

Dávolo logo começou a desviar das árvores e obstáculos naturais, ainda assim sua velocidade permanecia inalterada, fazendo Lúcia nem conseguir distinguir direito a paisagem.

Passaram a noite inteira seguindo no mesmo ritmo, Balmac era rápido e em nenhum momento ficou para trás.

Mesmo quando chegaram ao sopé da montanha e começaram a subir, ainda assim não diminuíram a velocidade, a preocupação com Jahil e Caluto era maior do que qualquer cansaço que pudessem estar sentindo.

Quando o sol começou a aparecer, estavam descendo a montanha, depois de uma hora já andavam novamente pela floresta.

A montanha estava ficando para trás e eles viraram para o sul, precisavam chegar a margem da floresta, tinham estudado o mapa e sabiam que estavam chegando.

Estavam perto dos campos de feno, mas ainda assim tinham um bom trecho para percorrer, seguiram em linha reta o mais rápido que podiam.

A floresta ia mudando, ficando mais escassas as árvores, e as folhas caídas deixavam uma coloração castanha nos grandes espaços que agora dominavam aquela área, logo Lúcia via um enorme campo dourado a sua frente.

De longe via os faunos que trabalham abaixados sem perceber a aproximação do grupo, com ceifas cortavam montes de feno e depois que juntavam um maço enorme levavam e subindo a rampa da carroça parada, jogando dentro dela.

Eram diferentes do fauno Cálido, esses eram magros e quietos, apenas alguns andavam por eles com chicotes nas mãos.

— Contei nove. — Sussurrou Balmac abaixado ao lado do grupo que estava escondido observando a movimentação e estudando o local.

— Eu não acho que seja seguro sobrevoar os campos. — Jiron sussurrou em resposta. — Poderia alertá-los, mas acho que posso usar a carroça, minha cor pode ajudar.

Jiron chegou bem perto da borda da floresta e aguardou, todos observavam o movimento dos orcs, tentando pensar em um modo de se aproximar.

Jiron voou em um galho alto e exposto, ficando quieto e atento, parecendo um caçador observando sua presa.

Em questão de segundos ele alçou voo dando uma rasante e pousando embaixo da carroça.

Os faunos continuaram seu trabalho automaticamente, nenhum som foi emitido nesse rápido movimento de Jiron.

— Agora sou eu. — Balmac sussurrou olhando firme a frente, andou até a borda da floresta e com a mesma atenção de um caçador ficou parado esperando.

A floresta fazia uma ligeira curva cercando o lugar. O campo ficava em lugar aberto, não deixando lugar para se esconder além da floresta.

Isso não intimidou Balmac, assim que viu que os orcs deram as costas para a floresta ele partiu ligeiramente abaixado em alta velocidade, parou somente quando chegou embaixo da carroça.

Apesar de ter feito o mínimo barulho, o vulto chamou a atenção de um fauno que cortava o feno, ele levantou intrigado, olhando fixo para a floresta e em seguida para a carroça firmemente para se certificar do que havia visto.

Um orc veio furioso na direção do fauno distraído gritando e levantando o chicote, a criatura soltou um guincho e voltou novamente ao trabalho.

Lúcia viu que Jiron se preparava para voltar, sentiu um frio na barriga, o fauno ainda estava atento e poderia alarmar os inimigos.

Crônicas Helenísticas- Niedra Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora