A história de Caluto

1.5K 211 16
                                    

Um toque suave em seu ombro a despertou e ela levantou um pouco assustada. Linade estava sentada ao seu lado e lhe entregou uma tigela.

— Dormiu um bom tanto Lúcia, coma, é um guisado de esquilo. Não há muitos animais grandes, mas muitos desses pequenos animais, essa floresta está repleta deles, apesar de não ser uma presa muito cobiçada quando vamos caçar, mas pelo menos eu peguei muitos desses.

— Eu também não tive muito sucesso. _ Balmac falou chateado. _Tive que me contentar em pegar alguns desses ai.

Lúcia levantou pegando a tigela e agradecendo Linade.

— Eu não consegui nada além de pequenos roedores que Ádino já colocou com os esquilos e nem mesmo parecem estar por ai de tão pequenos.

Jahil olhava para Jiron divertido com a sua cara de frustração ao falar sobre sua caça.

— Eu já tive que virar uma ladra hoje. — disse Caluto. — Há uma plantação muito a frente, não me pareceram perigosos os habitantes.

São grandes e desengonçados parecem um tipo de gigantes, são lentos e não falam claro, seria difícil entender o que dizem fiquei algum tempo escutando escondida sem entender quase nada, pois falavam muito enrolado e devagar, nessa hora fico contente com meu tamanho, pude ficar um bom tempo observando os habitantes, não pude pegar muita coisa, e trouxe mel, não foi difícil, fiz isso com pena, mas era necessário, nem perceberam minha presença, pelos vistos plantam batatas, pois foi a única refeição deles, apenas isso.

— São os elfos do norte. — disse Linade olhando Lúcia que parou de comer assim que ouviu isso, agora estava prestando atenção.

Linade continuou mais para Lúcia do que para os outros, olhava somente para ela quando falava. — Por terem sido o povo que mais deu trabalho ao espectro, ele os deixou com uma forma aonde não conseguissem ter agilidade a mais que o necessário. Conseguem se mover o básico apenas para a sobrevivência deles e também poderem servir a ele, de todos os povos, eles foram os que ficaram com a forma sem definição, o corpo muito pesado. O espectro não os mudou totalmente, parece que os fez inchar, deformando seus corpos.

Não conseguem ser claros na fala para não poderem se comunicar como se deve e seus corpos ficaram pesados para não terem agilidade e não poderem se rebelar, f

oi uma das maiores crueldades que se possa ter feito até para ele que é tão maldoso, não conversam nem entre eles e vivem isolados em suas cabanas.

— Acredito que deve ser por causa das palavras de Ludor antes de morrer. —disse Jiron a Lúcia. — Não teria outra explicação, ele ter deixado um povo inteiro sem poder ter uma comunicação descente entre eles e ainda os deixar daquela forma esquisita, tirando a agilidade deles e tudo o que poderiam aprender com o novo corpo, assim não conseguem nem ao menos se defender direito e o mais intrigante, não podem treinar um estilo de luta com a nova forma, tudo o que fazem é muito lento e se deixassem um tempo do dia para se dedicar a algum treinamento poderiam até morrer de fome. Por serem tão frágeis se defendem como podem evitando conversar mesmo entre si e não são amistosos. Desconfiam de qualquer ser que se aproxime, mesmo que diga ser amigo, eles temem por suas famílias.

— Que crueldade!— Desabafou Lúcia baixo fitando o fogo enquanto ia tentado imaginar as criaturas conforme Linade e Jiron iam os descrevendo.

— Acredita-se que a magia que ele usou neles seja diferente da que usou nos outros. —Disse Balmac que estava deitado pensativo perto do fogo.

— Mas se é diferente. —disse Caluto. —Seria mais difícil libertá-los.

— Ou não. —disse Jiron que também estava de olhar fixo no fogo.— Desde que foram escravizados, meu povo pesquisou isso, e acredita-se que o encanto lançado sobre eles precise ser renovado, não é mantida por objetos ou pela escravidão do rei, pois o rei está morto e não houve descendentes.

Crônicas Helenísticas- Niedra Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora